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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"É NA FRAQUEZA QUE EU SOU FORTE" Um estudo sobre a fraqueza e Graça de Deus em nós.


Pelo que sinto prazer nas fraquezas... Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Co 12,9-10) .


Santa Teresinha do Menino Jesus aspirava ser santa, mas quando olhava para a sua pobreza, para suas fragilidades e fraquezas, via que com as próprias forças isso seria impossível, como ela nos descreve em sua autobiografia: 



“Sempre desejei ser uma santa, porém, infelizmente, constatei, quando me comparei com os santos, que entre eles e mim existe a mesma diferença que existe entre uma montanha, cujo topo se perde no céu e o grão de areia pisoteado pelos passantes. Em vez de desanimar-me disse a mim mesma: ‘O bom Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis, por isso posso, apesar de minha pequenez, aspirar à santidade’”


A vivência do nosso Batismo e da vocação específica de cada um requer uma espiritualidade capaz de integrar todo o nosso ser. Requer uma sadia relação entre o passado e o presente, entre nossa fraqueza e miséria e a graça de Deus.
Para isso precisamos mesmo da obra de autoconhecimento a partir da graça e da amizade com Deus. Precisamos dessa entrada em si mesmo para conhecermos melhor nossa história e nos reconciliarmos bem com ela. 
Na verdade, a nossa descida à "mansão dos mortos" precisa ser com Cristo, para que nossas feridas e carências, mazelas e fraquezas não se tornem acusações ou autocondenação. Só Deus em nós pode nos fazer rezar como o Salmista: "Confesso, Senhor, que sou uma verdadeira maravilha porque sou obra prodigiosa de tuas mãos" (cf. Sl 139, 14). 



A vida nova que brota do nosso encontro com Cristo, do nosso processo de maturação em Deus para melhor assumirmos a nossa história vai exatamente agindo na maneira como vivemos, como nos relacionamos e como lhe damos com os anseios e sentimentos.
 Há muita energia que precisa ser canalizada para o bem e essas disposições podem ser aproveitadas a partir das nossas limitações colocadas sob a luz da graça. Os sentimentos e limitações não podem ser nossos inimigos, mas temos que aprender a extrair desses inevitáveis estados interiores o que é bom, harmonizá-los e conduzi-los para que se tornem escadas e não tropeços nossos, muito menos para os outros.


Sentimentos como raiva, ciúmes, inveja, medo, rancor, baixa estima, desânimo, são, sem dúvidas, forças poderosas que podem - se não trabalhadas em nós para o bem - tornarem-se empecilhos para a vida e para a realização profissional, afetiva e vocacional, especialmente para os casados. 
É preciso fazer um caminho "ordo amoris", ou seja, entrar na história com a luz de Cristo e sua misericórdia, nos deixarmos com Cristo ver o amor de Deus em todas as circunstância e situações de nossas vidas, sermos reconciliados e curados, e permitirmos que nossa liberdade interior seja liberta de tantos fardos e condicionamentos colocados por nós mesmos e pelos outros. Impressionante como o que dizem de nós muitas vezes podem nos levar a viver como se estivéssemos no céu ou no inferno.


É importante que vivamos o processo de cura e reconciliação interior, não querendo partir de cima, de uma postura de sempre esperar de Deus sem fazermos nossa parte, mas partir das nossas próprias fraquezas. 

O que indispensavelmente se parte sempre de cima é do auxílio da graça, mas ela vem, não como mágica, mas como auxílio indispensável para que possamos ir para Deus e para os irmãos com tudo aquilo que somos e temos. Magistralmente tem-se que observar aqui a vida e a Doutrina de Santo Agostinho sobre a graça, que não anula, desfacela ou isenta a ação da nossa liberdade. 

No entanto, temos sempre necessidade dela. Não seremos felizes vivendo de "forma pelagiana", ou seja, como se tudo dependesse somente das nossas forças, mas compreendendo que não podemos nos redimir sozinhos. 

Alguns autores famosos parecem ganhar muito dinheiro nos nossos dias com livros de auto-ajuda que ensinam e encantam com excelente sabedoria literária, mas que se equivocam, quando demonstram ser possível descobrir quase todos os segredos da vida de Jesus, fazendo dele uma leitura somente psicológica, ou mesmo afirmando que somente com nosso esforço podemos conseguir nos curar interiormente de nossos sentimentos feridos.

O caminho da cura é uma via de mão dupla: Deus com sua Graça e nós, colaborando com esta g

Talvez esse seja um risco de uma espiritualidade inicial quando não bem orientada. Talvez uma espiritualidade paralela - não em sentido de valor, mas de uma redenção com as próprias forças – encontramos na manipulação das faculdades da razão como a fonte de nossa redenção. E nisso temos que ter cuidado! 




Nem sempre o mistério da dor e do sofrimento, ou mesmo dos abismos da alma, dos traumas e infernos da nossa história são compreensíveis somente com uma leitura psicológica ou "uma formulação dialogal" com nossos sentimentos. A cura interior é um caminho de mão dupla: Deus, com sua graça, e nós, com nossa vontade, colaborando com a graça.Precisamos das Mãos de Deus, que como oleiro, nos molda em seu Amor para que realmente experimentemos a cura verdadeira e profunda.
Os Evangelhos o demonstram isso. Também sei que a espiritualidade precisa ser a mais próxima do homem e mais realista no processo de ajudá-lo no equilíbrio da vida e das relações. Aproveito para dizer que a espiritualidade mística dos santos e santas do Carmelo não é de pouco valor. Os escritos Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha, não são teorias ou vagas espiritualidades.

 Eles falaram como ninguém do mistério da dor e da fraqueza humana, como da misericórdia e da graça, a partir de suas próprias vidas, e tudo porque conheceram os segredos do coração de Cristo.


 Cristo lhes revelou o seu coração cheio de amor. Conheceram seus pecados, é verdade, mas conheceram absolutamente o que é capaz de fazer a graça na vida de uma pessoa que se abre a ela com fé.

O que precisamos é viver na esperança, na fé em Cristo e na força do amor. Amor esse que não é inconsequente, sem compromisso, sem renúncia. Os amores do mundo não recebem todos, o nome de "amor de Deus". "É bem verdade que o amor apaixonado de Deus por seu povo – pelo homem – é ao mesmo tempo um amor que perdoa" (cf. Bento XVI, Deus é amor, 10). No entanto, o amor é um processo de passagem de níveis: sair de um amor escravo e retribucionista para um amor de filho, gratuito. O amor nunca está concluído, mas passa sempre para níveis mais elevados de compromisso e doação (cf. Jo 13,1).





Concluo esta meditação na esperança de que a graça opere em nós a sua maravilhosa obra de salvação, não sem nossa colaboração, é claro. Alegra-me muito o fato de que todos nós precisamos ser redimidos. 
E essa redenção jamais excluirá o altíssimo dom da nossa liberdade. Para uma espiritualidade verdadeira não se pode nunca esquecer que precisa ser ela também redimida pela graça, em cada nova aventura no coração e nos abismos da miséria humana. "Só Cristo revela ao homem quem ele mesmo é". 


Acredito que para uma espiritualidade verdadeira precisamos aprender que do fundo de nossas impotências experimentamos o poder da graça de Deus, o amor de Deus, que só conseguimos realmente entender quando chegamos ao fim, quando houvermos desistido de querer nos tornar melhores por nossas forças. A graça de Deus se completa em nossa fraqueza (II Cor 12, 9). 


Termino com esta frase de Santa Teresinha, minha cara amiga do céu, que muito me ensina a lidar com minhas fraquezas. Comecei com ela e vou terminar com ela, hehehehe:




"Percebi que, se não consigo ser grande, devo suportar-me como sou, com todas as minhas imperfeições, e buscar, ao contrário, ser sempre pequena...Espero tudo do Bom Deus, como uma criancinha espera tudo de seu pai. Como estou longe de ser conduzida pela via do temor, sei sempre encontrar o meio de ser feliz e aproveitar de minhas misérias" 


Não tenhais medo! Levantai-vos! Vamos! Assim seja.


Ofereço este texto a todos os meus filhos espirituais, que em suas lutas e fraquezas, permitem que a Graça os modele...amo vocês...

2 comentários:

Rejane Jesuino disse...

A graça de Deus se completa em nossa fraqueza (II Cor 12, 9)

Incríveeeel,Leo!
fiquei muito impressionada ao acessar o blog e dar de cara c essa msg!
Fui lendo cada parte, agora li novamente e irei ler outras vezes..rsrs...mas a parte que eu mais gostei foi a seguinte:

"Ofereço este texto a todos os meus filhos espirituais, que em suas lutas e fraquezas, permitem que a Graça os modele...amo vocês..."

obrigada,mais uma vez obrigada, pelo amor que recebo...pelo olhar de pai...
Que na sua fraqueza Deus continue sendo grande!!!
Amo vc!
Sua filha...

Anderson Ribeiro disse...

Parabéns pelo blog,
a cada vez que passo por aqui,
o blog está melhor!
Um bom final de semana e um Domingo abençoado,
Anderson R.
andersonribeiro18.blogspot.com