Membros do Blog Filhos da Misericórdia...participe também!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

MARIA: POR QUE HONRÁ-LA?


 
Por que alguém deveria venerar Maria? Estando Jesus Cristo acima de tudo e todos, devemos nos dirigir diretamente a Ele. Nós não precisamos de Maria... ou precisamos? Usemos a Bíblia para examinar essa questão e e vejamos o que Deus nos oferece como razão:

 
Quem é a primeira pessoa na Bíblia a chamar Maria de "bem-aventurada"? O primeiro lugar na Bíblia onde você pode encontrar a resposta está em Lc 1,28. Se você disser que o primeiro foi Gabriel, então errou a resposta. Gabriel é um Arcanjo, e o termo grego "anjo" significa "mensageiro".

 

Então Gabriel era simplesmente um mensageiro de alguém, mas de quem? Gabriel foi enviado por Deus e, portanto, a mensagem que portava pertencia a Deus. Se Deus foi a primeira pessoa a chamar Maria de "bem-aventurada", poderia alguma das criaturas de Deus considerá-la menos?
Poderia você ou eu, ou ainda qualquer outra pessoa, refutar declaração tão clara do próprio Deus? Qualquer pessoa que tente fazer isso estará se colocando acima de Deus.

 

Outras pessoas na Bíblia também a chamam de "bem-aventurada". Santa Isabel, cheia do Espirito Santo como a escritura diz, o fez em Lc 1,42, e uma mulher do povo o fez em Lc 11,27.

 

A própria Maria o disse em Lc 1,48:"Sim! Todas as gerações irão me chamar de bem-aventurada". Você poderia afirmar que a palavra "irão" não significa mandamento mas simples sugestão? Se você procurar a palavra "bem-aventurada" no dicionário, verá que ela significa "santa", o que alimenta o sentimento de "veneração", "reverência". Deus está nos dizendo que Maria é Santa e que, portanto, deve ser venerada e reverenciada. Por que algumas pessoas tentam refutar a Palavra de Deus.

Tudo bem! Então ela é "bem-aventurada", mas isso não significa que precisamos dela!

Bem, o que Deus disse por intermédio de Gabriel em Lc 1,30-33?"Você encontrou graça diante de Deus". Vemos aqui que Deus "venerou" Maria entre todas as outras mulheres [do mundo].
No versículo 31, Ele diz que ela conceberá. Quem será concebido por ela? Ninguém menos que Jesus Cristo, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que manifestar-se-á como o "Verbo Encarnado".

adoracao 

O próprio Deus quis precisar de Maria para conceber seu Filho e carregá-lo em seu ventre durante nove meses. Deus quis a colaboração de Maria para gerar e dar à luz ao seu Divino Filho. Se Deus precisou dela, podemos nós não precisarmos dela?

 

Então ela deu à luz a um filho. Ela era uma mãe como qualquer outra mãe! O que a torna tão especial? Eis uma questão básica de Teologia! Quem é Jesus Cristo? Nós sabemos que Ele é a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho único de Deus.

 

Nós também sabemos que ele é o "Verbo Encarnado", como explicado em Jo 1,14: "...e o Verbo se fez carne e habitou entre nós". Jo 1,1 nos ensina que o "Verbo era Deus".
Maria deu à luz ao "Verbo Encarnado" e o "Verbo" era Deus. Pergunto então: a quem Maria deu à luz? A única resposta possível é que ela deu à luz a Deus.


Alguns insistem que ela só concebeu a "humanidade" de Deus, mas o que isto significa? Jesus Cristo foi a única pessoa do mundo que nasceu com duas naturezas, uma humana e outra divina? Mas Ele era apenas uma única pessoa e não duas! 

 

Ele não poderia ser uma pessoa humana e uma pessoa divina, pois senão seria duas pessoas! A questão então é: "Jesus era uma pessoa humana ou era uma pessoa divina?" Retomemos Jo 1,1.14 e veremos que o "Verbo Encarnado" era Deus. Assim, Jesus Cristo é uma pessoa divina. As mães dão à luz pessoas, cada um com uma natureza. Elas não dão à luz a naturezas. Deus, por si mesmo, chama Jesus Cristo de Seu divino Filho (Hb 1,5-8). Sim, Maria é uma mãe como qualquer outra mãe, mas que tem um filho diferente de qualquer outro filho (no mundo, como veremos a seguir)


"Ainda não me convenci do que você disse"... Temos então que estabelecer que Jesus Cristo é Deus, que Ele nasceu de Maria e que Deus precisa dela para esta "Encarnação". Vamos olhar o que as Escrituras dizem. Jesus Cristo não veio para destruir a "Lei", mas para cumpri-la.

Em Mt 5,17-20, Jesus declara isso e Ele mesmo diz nos versículos 18-19: "...não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus...". Ele simplesmente diz para "guardar os mandamentos", todos eles. Agora, você não supõe que o próprio Jesus Cristo guardaria os mandamentos que Ele mesmo escreveu?

Lógico que sim, todos eles! E aquele mandamento: "Honrarás a teu pai e a tua mãe"?
Você não acha que Ele o observou? Existe ampla evidência escriturística para provar que Ele honrou ao seu Pai e também honrou muito bem sua mãe.
 

De fato, Ele, o próprio Deus, obedeceu à sua mãe, durante todos os dias de sua vida, inclusive enquanto crescia. Isto é mostrado em Lc 2,51: "Desceu então com eles [Maria e José] para Nazaré e era-lhes submisso".Este versículo é muito profundo se você começar a meditar sobre ele. Com efeito ele diz que, durante muitos anos, o "Criador do Universo" obedeceu às ordens de uma jovem garota judia, de nome... Maria.

 

Jesus também agiu sob a sugestão dela oferecendo vinho aos convidados das Bodas de Caná: este seu primeiro milagre consistiu em transformar água em vinho, como lemos em Jo 2,1-5. Assim Jesus Cristo observou muito bem o mandamento de "honrar sua mãe". Se Jesus honrou Sua mãe, podemos fazer menos? Jesus Cristo amava [e ama!] Sua mãe como todo bom filho o faz.

 



Por isso, devemos defendê-la de todos os ataques contra ela. Se você não honra Maria, o dirá ao Filho dela, após seu último suspiro, quando O encontrar face a face, e Ele te perguntar sobre o porquê da sua posição?

 


Em resumo:

  1. Deus chamou Maria de "bem-aventurada" e a venerou. 
  2. Deus quis precisar dela para dar à luz ao Seu Divino Filho. 
  3. Deus elegeu Maria acima de todas as mulheres. 
  4. Maria deu à luz ao divino "Verbo Encarnado". 
  5. Como filho, Jesus obedeceu às ordens de Sua mãe. 
  6. Jesus Cristo honrou sua única mãe.
  7. Jesus Cristo sempre defenderá sua mãe como faria qualquer bom filho. 

Tudo isso não torna Maria muito especial? Isso tudo não a faz digna de nossa honra? Podemos fazer menos do que o próprio Deus fez? Pode qualquer homem ou mulher ter o direito ou autoridade para dizer que não devemos honrar Maria? Eu tentei colocar aqui a autoridade escriturística para honrá-la, mas é o Espírito Santo quem deve convencê-lo, caso isso não baste.

 Pergunte à pessoa que diz o contrário para você para que mostre na Bíblia onde ela diz que não devemos honrá-la. Jesus Cristo foi a única pessoa na História que foi capaz de escolher Sua própria mãe. Por que Ele escolheu Maria? Porque ela era especial. Está aí o porquê...

As saudades e a Saudade de Deus





A saudade é uma sensação dolorida, fácil de alimentar e difícil de rejeitar. É ao mesmo tempo gostosa e dolorosa, proveitosa e perniciosa. Em alguns casos, ela cura. Em outros, ela mata.


Existe a saudade de entes queridos, como a saudade que Jacó tinha da casa de seu pai, depois de vinte anos longe (Gênesis 31,30).



Existe a saudade de casais que estão momentaneamente separados, como no Cântico dos Cânticos (Ct 7,10).

Há a saudade que o pastor tem de suas ovelhas queridas, como a do Apóstolo Paulo e a de Epafrodito em relação a Igreja dos Filipos (Filipenses 1,8; 2,26).




 

Há a saudade da pátria amada, como a saudade insuportável daqueles que estavam exilados na Babilônia tinham de Israel (Jeremias 22,27), a ponto de dependurar suas harpas nos salgueiros que lá havia e se negarem a entoar o canto do Senhor em terra estranha (Salmos 137,1-6).




 
Também há aquela saudade histórica, a saudade de um tempo que já se foi para sempre,a saudade de um passado mais alegre, mais feliz, mais tranqüilo. Há a saudade anterior à morte de quem amamos, anterior à doença, anterior à desgraça, como aconteceu com Jó. 

Há também aquela saudade espiritual, muitas vezes pouco identificada e conhecida, aquela saudade estranha...saudade de Deus escondida nossos corações. É a saudade mais remota, mais generalizada, mais natural, mais constante. É a saudade mais duradoura, mais bela e também a mais incômoda. 

 

Essa saudade está apegada à alma de todos os seres humanos, em todos os lugares e em todos os tempos. Felizes são aqueles que não a negam e nem a rejeitam. É esta saudade que provoca aquela sede incontida de Deus, como revela o salmista: “Eu tenho sede de Ti, oh Deus vivo! Quando poderei ir adorar na tua presença?” (Salmos 42,2).

 

O homem é religioso só por causa da plenitude da saudade. Movimento algum, filosofia alguma, ideologia alguma, poder algum, nação alguma pode destruir o sentimento espiritual no ser humano, homem algum conseguiu abafar no homem este anelo por causa dessa maravilhosa saudade de Deus, arraigada, empreguinada, no mais profundo do ser humano, desde a sua criação.

Saudade esta que só é suprida pela pessoa de Jesus Cristo em todo coração que O recebe como Senhor e como Salvador. Esta sim, é a Plenitude da Saudade. A saudade que todo o ser humano sente de Deus.



 

Nos salmos lemos:  "Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água".
(Salmos 63,1)

Estamos sempre descobrindo que precisamos de algo: comida para comer; roupa para vestir; lugar para morar; trabalho para trabalhar; alguém para amar. Quando conseguimos todas essas coisas o sentimento de insatisfação ainda aparece; mas por quê?

“O vazio” em determinadas horas vem de vez. A vontade de conhecer e buscar algo que vai além do humano é grande; pois a necessidade de preencher este vazio, de reconfortar o nada que ainda existe dentro de nós é gritante.

 

A grande descoberta acontece: é saudade! Saudade de Deus. Saudade do Amor divino. Tempo de preencher a alma. O homem tem um vazio do tamanho de Deus e só Deus o pode preencher. Assim como nosso corpo tem necessidade de coisas físicas, nosso espírito tem necessidade de coisas espirituais.

No mundo atual, diversas religiões e igrejas surgem a cada dia justamente para suprir a necessidade de Deus no ser humano. O próprio Senhor já havia dito nas escrituras: “Virão dias - oráculo do Senhor  - em que enviarei fome sobre a terra, não uma fome de pão, nem uma sede de água, mas (fome e sede) de ouvir a palavra do Senhor.” (Amós 8,11) 

 

“Então se alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo! Ou: Ei-lo acolá!, não creiais. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de seduzir, se isto fosse possível, até mesmo os escolhidos.” (Mt 24, 23-25)

A busca da alma é por algo que a satisfaça, que a cure, que a liberte. É tempo de matar nossa saudade de Deus. O Senhor sabe de nossas necessidades, de nossos pecados, de nossas infidelidades. Mas mesmo assim Ele nos quer.


 

A Sagrada Escritura diz: “Israel era ainda criança, e já eu o amava, e do Egito chamei meu filho. Mas, quanto mais os chamei, mais se afastaram; ofereceram sacrifícios aos Baal e queimaram ofertas aos ídolos. Eu, entretanto, ensinava Efraim a andar, tomava-o nos meus braços, mas não compreenderam que eu cuidava deles. Segurava-os com laços humanos, com laços de amor; fui para eles como o que tira da boca uma rédea, e lhes dei alimento. Ele voltará para o Egito e o assírio será seu rei, porque não quiseram voltar-se para mim. A espada devastará suas cidades, destruirá seus filhos, que colherão assim o fruto de suas obras. Meu povo é inclinado a separar-se de mim, convidam-no a subir para o Altíssimo, mas ninguém procura elevar-se. Como poderia eu abandonar-te, ó Efraim, ou trair-te, ó Israel? Como poderia eu tratar-te como Adama, ou tornar-te como Seboim? Meu coração se revolve dentro de mim, eu me comovo de dó e compaixão. Não darei curso ao ardor de minha cólera, já não destruirei Efraim, porque sou Deus e não um homem, sou o Santo no meio de ti, e não gosto de destruir. Eles seguirão o Senhor, que rugirá como um leão; ao seu rugido tremerão os filhos do ocidente; os egípcios tremerão como uma ave, e os assírios, como uma pomba. Eu os farei habitar em suas casas - oráculo do Senhor. “ (Os 11, 1-11)


Deus nos Ama! O Senhor nos chama sempre! Ele nos quer em seus braços! O Seu Amor é que nos sustenta e nos impulsa a ir além.




Vendo a situação atual do homem o Coração de Deus se comove de compaixão. Há uma procura de Deus em lugares totalmente errados. Às vezes fazemos de muitas coisas um deus, mas só o Senhor é Deus.




Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo de O ver. Mesmo que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o homem a Si, para que viva e encontre n’Ele aquela plenitude de verdade e de felicidade, que ele procura sem descanso. 


Por natureza e por vocação, o homem é um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus que confere ao homem a sua dignidade fundamental. 

Como Davi, possamos reconhecer que Deus nos conhece, que Ele nos ver, que Ele sabe quem somos:

“Senhor, vós me perscrutais e me conheceis, sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos. Quando ando e quando repouso, vós me vedes, observais todos os meus passos. 
A palavra ainda me não chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda. Vós me cercais por trás e pela frente, e estendeis sobre mim a vossa mão. Conhecimento assim maravilhoso me ultrapassa, ele é tão sublime que não posso atingi-lo. Para onde irei, longe de vosso Espírito? Para onde fugir, apartado de vosso olhar? 
Se subir até os céus, ali estareis; se descer à região dos mortos, lá vos encontrareis também. Se tomar as asas da aurora, se me fixar nos confins do mar, é ainda vossa mão que lá me levará, e vossa destra que me sustentará. Se eu dissesse: Pelo menos as trevas me ocultarão, e a noite, como se fora luz, me há de envolver. 
As próprias trevas não são escuras para vós, a noite vos é transparente como o dia e a escuridão, clara como a luz. Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio de minha mãe. Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso. Pelas vossas obras tão extraordinárias, conheceis até o fundo a minha alma. Nada de minha substância vos é oculto, quando fui formado ocultamente, quando fui tecido nas entranhas subterrâneas. 
Cada uma de minhas ações vossos olhos viram, e todas elas foram escritas em vosso livro; cada dia de minha vida foi prefixado, desde antes que um só deles existisse. Ó Deus, como são insondáveis para mim vossos desígnios! E quão imenso é o número deles! Como contá-los? São mais numerosos que a areia do mar; se pudesse chegar ao fim, seria ainda com vossa ajuda. 
Oxalá extermineis os ímpios, ó Deus, e que se apartem de mim os sanguinários! Eles se revoltam insidiosamente contra vós, perfidamente se insurgem vossos inimigos. Pois não hei de odiar, Senhor, aos que vos odeiam? Aos que se levantam contra vós, não hei de abominá-los? Eu os odeio com ódio mortal, eu os tenho em conta de meus próprios inimigos. 
Perscrutai-me, Senhor, para conhecer meu coração; provai-me e conhecei meus pensamentos. Vede se ando na senda do mal, e conduzi-me pelo caminho da eternidade.” (Sl 138) 




Mate agora sua saudade de Deus! Ele está bem ai, pertinho de você...bom dia

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Sede do Deus Vivo



“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?” (Salmo 42,2)

Um sábio estava a meditar na margem de um rio quando um homem jovem, um tanto entusiasmado, o interrompeu:
-"Mestre, desejo ser seu discípulo!", disse o jovem.
-"Por quê?", replicou o sábio.
O jovem era uma pessoa que desde sempre ouviu falar dos caminhos espirituais e tinha uma ideia fantasiosa e romântica deles. Na sua imaturidade, achava que ser "espiritual" era algo como participar de um movimento, de uma crença, de uma moda, sem grandes consequências. Então pensou numa resposta bem "profunda" e disse:
-"Porque eu quero encontrar DEUS!"
O sábio saltou de onde estava, agarrou o rapaz, arrastou-o até ao rio e mergulhou-lhe a cabeça na água. Manteve-o lá durante praticamente um minuto, sem permitir que este respirasse, enquanto o terrificado rapaz lutava para se libertar. 


Finalmente, o mestre puxou-o da água e arrastou-o de volta à margem. Largou-o no chão, enquanto o jovem cuspia água e engasgava-se, lutando para retomar a respiração e entender o que acontecera. Quando se acalmou, o sábio perguntou-lhe:
-"Diz-me: quando estavas na água, sabendo que poderias morrer, o que mais desejaste acima de tudo?"
-"Ar!", respondeu o jovem, amuado.
-"Muito bem", disse o mestre. "Vai para casa, e quando souberes ansiar por um Deus tanto quanto acabaste de ansiar por ar, podes voltar a procurar-me". 

Ter sede, assim como respirar, é uma necessidade vital e urgente do homem, talvez uma das mais urgentes, pois podemos passar dias sem comer, mas sem beber água não.Hoje, na minha oração pessoal tive sede, e quando ia beber água parei de repente e me perguntei: "Eu tenho sede de Deus?". 
Essa pergunta aparentemente simples me deixou perplexo diante dessa questionamento, que com absoluta clareza, foi gerado em minha mente pelo Espírito Santo.Voltei a minha oração, e procurei abri a Palavra, e qual não foi minha surpresa, abri bem no Salmo 42, e meus olhos bateram em cima dos versículos que diziam:

"Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo…"Salmo 42,1-2 

 

Esses versículos encheram meu coração de uma grande alegria, e experimentei uma indescritível presença de Deus. Comecei a dizer como uma prece espontânea: "Deus, eu tenho sede de Ti, só Tu podes saciar-me... como a Corsa eu suspiro por Ti..." Que águas deliciosas essas que fluem do nosso Deus e saciam por completo a alma, que como andarilha num ardente deserto, anseia mais que tudo por água...




Esse salmo me levou a mergulhar na necessidade que nossa alma tem de Deus.Talvez Davi tenha visto uma corsa bebendo água de um pequeno e raro córrego no meio do deserto.Pode ser que esse tenha sido o sinal que o levou a meditar Talvez tenha dito em seu coração: “É exatamente assim como eu me sinto. Meu coração está sedento! Minha alma anseia por Deus”!.


Santo Agostinho essa frase que é meu lema de vida: "Senhor, Tu nos criaste para Ti, e inquieto está nosso coração enquanto não descansar em Ti".

 

Algumas vezes, quando estou inquieto (na maioria das vezes, hehehehe) pergunto-me: “Estou precisando de algo, o que será?". Então eu vou a cozinha e faço um ou talvez dois mixtos quentes. Depois percebendo que só aquilo não me satisfez, não me aquietou. Ligo então a TV e assisto um noticiário, ou abro um livro. 



Mas, quando eu finalmente me dou conta, eu desligo a TV e ponho os mixtos de lado e digo “Senhor, o que eu realmente preciso é de estar perto de Ti !” E então, certo como 2 e 2 são 4, eu fico verdadeiramente satisfeito e completo.

Se sua alma anda com "sede", sentindo-se vazia, solitária, talvez seja porque você anda bebendo de "águas" que não o saciam, em lugares que não o levam as verdadeiras águas, tentando encontrar satisfação no mundo.


Embora nem todos possam estar conscientes disso, a verdade é que, Deus é o que cada alma anseia. Jesus, em seu diálogo com a Samaritana, também falou de água, a Água da Vida.Disse que quem bebesse dessa água jamais teria sede. ( João 4,14) 

E muito mais que isso. Não somente nós temos sede de Deus, mas Ele também tem sede de todos nós. Sim, Ele tem sede de você! Isto significa que Deus tem sede até mesmo daqueles criminosos endurecidos e pecadores, daqueles que o rejeitam, daqueles que o ferem. Esta sede de Deus evidenciou-se no brado de Jesus na Cruz: "Tenho sede"(Jo 19,28). 


Esta sede de Deus tem um nome bem definido. Chama-se MISERICÓRDIA! O desejo de Deus é sempre salvar! Deus quer beber de nossas almas, não importa quanta quão indignos somos. A sede de Deus por nós o atrai a nossa alma!

Deus anseia por um diálogo amoroso conosco. . . ou seja, Ele anela comunhão com nossas pobres e sedentas almas. Ele anseia por nós, como fazemos para com Ele. Nós temos sede de Deus, a água viva. Jesus diz, "mas quem beber da água que eu lhe dernunca mais terá sede, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" (João 4,14). 

"Aquele que crê em mim, como diz a Escritura, 'do seu seio correrão rios de água viva (João 7,38)'.



Então nesse momento, corra para o Senhor. Beba Dele! Aproxime-se dele e ele irá se aproximar de você também. Essa não é uma promessa minha, mas Dele.

Um bom dia aos sedentos de Deus!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O Espírito de Amor: a respiração de Deus



Em hebraico a palavra "espírito" é RUAH, ou seja, é sopro, ar. Ar é respiração, e consequentemente respiração é vida. O Espírito Santo é o sopro da vida, é o princípio da vida. (cf. o evangelho da missa de Pentecostes: Jo 20,19-23).

Se o Espirito Santo é RUAH, podemos dizer que a respiração de Deus é o Amor. O ar ,que é a vida de Deus, é o Amor. Portanto, o Espírito Santo é o Amor de Deus.

Os dois momentos decisivos para a humanidade são obra do Espírito Santo: a criação da pessoa humana (cf. Gn 2,7) e a comunicação do Espírito Santo (cf. Jo 20,22). O sopro tirou o homem do barro e aconteceu a vida; o mesmo sopro tirou o homem do pecado e surgiu a vida nova da Graça.

 

Esse ar de Deus, o Amor do Espírito Santo, nos é conferido no Batismo. Com ele recebemos todos os dons. Aliás, todos os dons são as muitas maneiras com que o Espírito age em nós para nos santificar (Dons infusos) ou através de nós no serviço (Dons efusos).Precisamos não somente pedir os dons, mas nosso maior desafio é colocá-los em prática.


Os tradicionais dons são sete; seis nas traduções do texto grego (cf. Is 11,1-9) No entanto, os dons do Espirito Santo são muitos. Não é possível que a capacidade do Espírito se limite ao número sete. Os dons do Espírito sopram para cada época e para cada necessidade da Humanidade o dom equivalente.



 

Mas como age o Espírito? A resposta está na mesma solenidade de Pentecostes (cf. At 2,1-41). São Lucas não é o jornalista que publica a reportagem de um fato. É o catequista que busca explicar como o Espírito age. Entre tais símbolos destaco a linguagem universal na qual todos se entendem.
A linguagem universal na qual todos se entendem é o Amor! Por exemplo: “Lá em casa falamos línguas diferentes”. “No meu grupo, todos falam a mesma língua”.

As pessoas que aderiram aos Apóstolos e pediram o Batismo são as que se deixavam penetrar pela força do Espírito e se converteram para o Amor! Começa assim a se formar a Igreja. A força do Amor provoca novo relacionamento entre pessoas e povos pela proposta da comunhão de todos para continuar a missão libertadora de Jesus Cristo.

 

São João escolheu o símbolo do sopro para explicar quem é o Espírito.O Espírito foi soprado diretamente pela boca de Deus na criação do homem; foi também soprado diretamente por Jesus Cristo na comunicação do Espírito.Realmente Deus respira o Amor! E este amor está em nós!

Ele habita em nós, nos escolheu para sermos templos de seu amor, assim como Deus, no Antigo Testamento, escolheu o Templo de Jerusalém para habitar. É através de Seu impulso que gritamos “Abba, Pai” e reconhecemos que Jesus é o Senhor!

 


É o Espírito Santo que nos convence do Amor de Deus, que nos leva a ficarmos contritos com nossas falhas e procurar o sacramento da Reconciliação. É por Ele que vivemos, e é Seu sopro que nos faz vivos.

O Espírito Santo é nossa maior fonte de alegria! Sem Ele, não há amor, não há verdade, não há consolo, não há perdão. Por isso digo que Ele é nosso melhor amigo! Neste Pentecostes peçamos a renovação do dom do Espirito em nós, para sermos verdadeiras testemunhas de Cristo no mundo. 

 
Obrigado, Santo Espírito de Deus, pelo amor com que nos ama!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

ORAR COM O CORAÇÃO

A oração que leva ao descanso em que a alma habita com Deus é a oração do coração. Para nós que damos tanta importância à mente, aprender a rezar com o coração e a partir dele tem importância especial. 

Os monges do deserto nos mostram o caminho. Embora não exponham nenhuma teoria sobre a oração, suas narrativas e seus conselhos concretos apresentam as pedras com as quais os autores espirituais ortodoxos mais tardios construíram uma espiritualidade magnífica. 

 Encontramos a melhor formulação da oração do coração nas palavras de um monge e místico chamado Teófano, o recluso: "Rezar é descer com a mente ao coração e ali ficar diante da face do Senhor, Onipresente, Onisciente dentro de nós". 

No decorrer dos séculos, essa perspectiva da oração tem sido central nos escritos de muitos místicos, especialmente da escola do Carmelo, como São João da Cruz, Santa Teresa de ávila, Santa Teresa do Menino Jesus, e beata Elisabete da Trindade.Além de místicos como Santa Catarina de Sena, São Francisco de Sales, dentre outros.


Rezar é ficar na presença de Deus com a mente no coração, isto é, naquele ponto de nossa existência em que não há divisões nem distinções e onde somos totalmente um. Ali habita o Espírito de Deus e ali acontece o grande encontro. 

Ali, coração fala ao Coração de Deus, porque ali ficamos diante da face do Senhor, que nas palavras de Santa Teresa de Ávila, é o Rei que habita no centro de nós mesmos. 

"Porque onde está o teu tesouro, ali estará teu coração" (Mt 6, 21)

É bom saber que aqui a palavra "coração" é usada em seu sentido bíblico pleno.Coração é a sede das decisões. e é lá que o homem faz suas escolhas mais profundas e significativas.Hoje em nosso meio, a palavra coração perdeu um pouco seu sentido,se tornou lugar-comum, Referindo-se somente à sede da vida sentimental. 


Expressões como "coração partido" e "sentido no coração" mostram ser esvaziadas deste sentido bíblico tão profundo, pois é comum pensarmos no coração como o lugar quente onde se localizam as emoções, em contraste com o frio intelecto onde têm lugar nossos pensamentos. 

Mas, na tradição judaico-cristã, a palavra "coração" refere-se à fonte de todas as energias físicas, emocionais, intelectuais, volitivas e morais.


No coração, originam-se impulsos impenetráveis, além de sentimentos, disposições e desejos conscientes. O coração também tem suas razões e é o centro da percepção e do entendimento. Finalmente, ele é a sede da vontade: faz planos e chega a uma boa decisão. 

Assim, é o órgão central e unificador de nossa vida pessoal. Nosso coração determina nossa personalidade e é, portanto, não só o lugar onde Deus habita mas também o lugar ao qual Satanás dirige seus ataques mais ferozes. Esse coração é o lugar da oração. A oração do coração dirige-se a Deus a partir do centro da pessoa e, assim, afeta toda a nossa compaixão.

Um dos monges do deserto, Macário, o Grande, diz: "A tarefa principal do atleta (isto é, do monge) é entrar em seu coração". Isso não significa que o monge deva procura encher sua oração de sentimento; signfica que deve esforçar-se para deixar que ela remodele toda a sua pessoa. 

O discernimento mais profundo dos monges do deserto é que entrar no coração é entrar no Reino de Deus. Em outras palavras, o caminho para Deus é pelo coração. 

Isaac, o Sírio, escreve:"Procure entrar na câmara do tesouro... que está dentro de você e então descobrirá a câmara do tesouro do céu. Pois ambas são a mesma coisa. Se conseguir entrar em uma, você verá ambas. A escada para este Reino está escondida dentro de você, em sua alma. Se você purificar a alma, ali verá os degraus da escada que deve subir."

E João de Cárpato diz: "É preciso grande esforço e luta na oração para alcançar aquele estado da mente que é livre de toda perturbação; é um céu dentro do coração (literalmente 'intracardíaco'), o lugar onde, como o apóstolo Paulo assegura, "Cristo está em vós" (2Cor13,5).
 

Em suas falas, os monges do deserto nos indicam uma visão bastante mística de oração. Eles nos afastam de nossas práticas intelectuais, nas quais Deus se transforma em um dos muitos problemas com os quais temos de lidar. Mostram-nos que a verdadeira oração penetra no âmago de nossa alma e não deixa nada sem tocar. 

A oração do coração não nos permite limitar nosso relacionamento com Deus a palavras interessantes ou emoções piedosas. Por sua própria natureza, essa oração transforma todo o nosso ser em Cristo, precisamente porque abre os olhos de nossa alma à verdade de nós mesmos e também à verdade de Deus. 


Em nosso coração passamos a nos ver como pecadores abraçados pela misericórdia de Deus. É essa visão que nos faz clamar: "Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim, pecador". A oração do coração nos exorta a não esconder absolutamente nada de Deus e a nos entregar incondicionalmente a sua misericórdia.

Assim, a oração do coração é a oração da verdade. Desmascara as muitas ilusões sobre nós mesmos e sobre Deus e nos conduz ao verdadeiro relacionamento do pecador com o Deus misericordioso. 


Essa verdade é o que nos dá o "descanso" do orante. Quando ela se abriga em nosso coração, somos menos distraídos por pensamentos mundanos e nos voltamos mais sinceramente para o Senhor de nossos corações e do universo. Assim, as palavras de Jesus: "Felizes os corações puros: eles verão a Deus" (Mt 5,8) tornam-se reais em nossa oração. 

As tentações e as lutas continuam até o fim de nossas vidas, mas com um coração puro ficamos tranquilos, mesmo em meio a uma existência agitada.Isso levanta o problema de como praticar a oração do coração em um ministério bastante agitado. É a essa questão de disciplina para a qual precisamos agora voltar a atenção.

Como nós, que não somos monges nem vivemos no deserto, praticamos a oração do coração? Como ela influencia nosso ministério cotidiano?

A resposta a essa pergunta está na formulação de uma disciplina definitiva, uma regra de oração. Há três características da oração do coração que nos ajudam a formular essa disciplina:A oração do coração alimenta-se de orações breves e simples.A oração do coração é incessante.A oração do coração inclui tudo.
Alimenta-se de Orações Breves



No contexto de nossa cultura verborrágica, é significativo ouvir os monges do deserto nos aconselhando a não usar palavras em excesso:

"Perguntaram ao aba Macário: 'Como se deve rezar?' O ancião respondeu: 'Não há, em absoluto, necessidade de fazer longos discursos; basta estender a mão e dizer: Senhor, como queres e como sabes, tem misericórdia. E se o conflito ficar mais ameaçador, dizer: Senhor, ajuda. Ele sabe muito bem do que precisamos e nos mostra sua misericórdia'".

João Clímaco é ainda mais explícito:"Quando rezar, não procure se expressar em palavras extravagantes pois, quase sempre, são as frases simples e repetitivas de uma criancinha que nosso Pai do céu acha mais irresistíveis. Não se esforce em muito falar, para que a busca de palavras não lhe distraia a mente da oração. Uma única frase nos lábios do coletor de impostos foi suficiente para lhe alcançar a misericórdia divina; um pedido humilde feito com fé foi suficiente para salvar o bom ladrão. A tagarelice na oração sujeita a mente à fantasia e à dissipação; por sua natureza, as palavras simples tendem a concentrar a atenção. Quando encontrar satisfação ou contrição em determinada palavra de sua oração, pare nesse ponto".

 
Quando somos fiéis a essa oração simples e a praticamos com regularidade, ela nos conduz devagar a uma experiência de descanso e nos abre à presença ativa de Deus. Além disso, em um dia muito atarefado, podemos levar essa oração conosco. Quando, por exemplo, passamos, no início da manhã, 20 minutos sentados na presença de Deus com as palavras: "O Senhor é meu pastor", elas lentamente constroem em nosso coração um pequeno ninho para si mesmas e ali ficam o restante de nosso dia atarefado. 

Até enquanto falamos, estudamos, cuidamos do jardim ou construímos alguma coisa, a oração continua em nosso coração e nos mantém conscientes da orientação onipresente de Deus. A disciplina não é agora dirigida para um discernimento mais profundo do que significa chamar Deus de nosso Pastor, mas para a íntima experiência da ação pastoral de Deus em tudo que pensamos, dizemos ou fazemos.
Incessante

 

A segunda característica da oração do coração é ser incessante. A pergunta de como seguir a ordem de Paulo: "Orai incessantemente" foi fundamental desde a época dos monges do deserto. Há muitos exemplos desse interesse nos dois extremos da tradição monástica.Vejamos um dos principais:

Na famosa história do Peregrino Russo lemos:"Pela graça de Deus sou cristão, mas pelas minhas ações sou um grande pecador... No vigésimo quarto domingo depois de Pentecostes, fui à igreja para ali fazer minhas orações durante a ligurgia. Estava sendo lida a primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses e, entre outras palavras, ouvi estas: 'Orai incessantemente' (1Ts 5,17). Foi esse texto, mais que qualquer outro, que se inculcou em minha mente, e comecei a pensar como seria possível rezar incessantemente, já que um homem tem de se preocupar também com outras coisas a fim de ganhar a vida".

O camponês foi de igreja em igreja, para ouvir sermões, mas não encontrou a resposta que queria. Finalmente, encontrou um santo monge que lhe disse:"A oração interior incessante é um anseio contínuo do espírito humano por Deus. Para sermos bem-sucedidos nesse exercício consolador, precisamos suplicar com mais frequência a Deus que nos ensine a rezar sem cessar. Rezar mais e rezar com mais fervor. É a própria oração que lhe revela como rezá-la sem cessar; mas leva algum tempo".

Então, o monge ensinou ao camponês a Oração de Jesus: "Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim". Enquanto viajava como peregrino pela Rússia, o camponês passou a repetir essa oração com os lábios. Até considerava a oração de Jesus sua companheira verdadeira. E, então, um dia, teve a sensação de que a oração passou sozinha de seus lábios para seu coração. Ele diz:"... parecia que, pulsando normalmente, meu coração começava a dizer as palavras da oração a cada batida... Desisti de dizer a oração com os lábios. Passei simplesmente a ouvir o que meu coração dizia".

Aqui aprendemos outro jeito de chegar à oração incessante. A oração continua a rezar dentro de mim, até enquanto falo com os outros ou me concentro no trabalho manual. Ela se torna a presença ativa do Espírito de Deus que me guia pela vida

Desse modo vemos como, pela caridade e pela atividade da oração de Jesus em nosso coração, nosso dia todo se transforma em oração contínua. Não sugiro que imitemos o peregrino rruso, mas que, também nós, em nosso ministério atarefado, nos preocupemos em rezar sem cessar, para que, seja o que for que comamos ou bebamos, seja o que for que façamos o façamos pela glória de Deus. (Veja 1Cor 10,31). Amar e trabalhar pela glória de Deus não pode permanecer uma idéia sobre a qual pensamos de vez em quando. Deve se tornar uma incessante doxologia interior.
INCLUI TUDO


Uma última característica da oração do coração é que ela inclui todos os nossos interesses. Quando entramos com a mente no coração e ali ficamos na presença de Deus, então todas as nossa preocupações mentais se transformam em oração. O poder da oração do coração é precisamente que, por meio dela, tudo que está em nossa mente se transforma em oração.

Quando dizemos a alguém: "Vou rezar por você", assumimos um compromisso muito importante. É uma pena que esse comentário muitas vezes não passe de uma expressão de interesse. Mas, quando aprendemos a descer com nossa mente em nosso coração, todos os que fazem parte de nossa vida são guiados à presença curativa de Deus e tocados por ele no centro de nosso ser. 

Falamos aqui de um mistério para o qual palavras são inadequadas. É o mistério em que o coração, centro de nosso ser, é transformado por Deus em seu coração, um coração grande o bastante para abraçar todo o universo. pela oração, carregamos em nosso coração toda a dor e tristeza humanas, todos os conflitos agonias, toda a tortura e a guerra, toda a fome, solidão e miséria, não por causa de alguma grande capacidade psicológica ou emocional, mas porque o coração de Deus uniu-se ao nosso.

Aqui vislumbramos o sentido das palavras de Jesus:

"Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque eu sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas. Sim, o meu jugo é fácil de carregar, e o meu fardo é leve" (Mt 11,29-30).

 

Jesus nos convida a aceitar seu fardo, que é o do mundo todo, um fardo que inclui o sofrimento humano em todos os tempos e lugares. Mas esse fardo divino é leve e podemos carregá-lo quando nosso coração se transforma no coração manso e humilde de nosso Senhor.

Vemos aqui o íntimo relacionamento entre oração e ministério. A disciplina de conduzir todo o nosso povo com suas lutas ao coração manso e humilde de Deus é a disciplina de oração e também do ministério. Enquanto o ministério significar apenas que nos preocupamos muito com as pessoas e seus problemas; enquanto significar um número interminável de atividades que dificilmente conseguimos coordenar, ainda dependeremos muito de nosso coração tacanho e ansioso. Mas quando nossas preocupações são elevadas ao coração de Deus e ali se transformam em oração, ministério e oração se tornam duas manifestações do mesmo amor universal de Deus.

 

Vimos como a oração do coração se nutre de orações breves, é incessante e inclui tudo. Essas três características mostram como a oração do coração é o alento da vida espiritual e de todo o ministério. Na verdade, essa oração não é apenas uma atividade importante, mas o próprio centro da nova vida que queremos representar e na qual queremos iniciar nosso povo. 

As características da oração do coração deixam claro que ela exige uma disciplina pessoal. Para levar uma vida de oração não podemos passar sem orações específicas. Precisamos dizê-las de uma forma que nos ajdue a ouvir melhor o Espírito que reza em nós.

 Precisamos continuar a incluir em nossa oração todas as pessoas com as quais e para as quais vivemos e trabalhamos. Essa disciplina vai nos ajudar a passar de um ministério entontecedor, fragmentário e muitas vezes frustrante para um ministério integrador, místico e muito gratificante. Ela não vai facilitar o ministério, mas simplificá-lo; não vai torná-lo doce e piedoso, mas sim espiritual; não vai fazê-lo indolor e sem lutas, mas sim, tranquilo nas mãos do Senhor. Ou melhor, em Seu Coração.