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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ERRAR, CAIR E,.. LEVANTAR!


Se você é um ‘ser’, daqueles que cometem erros, mesmo depois de  prometer e jurar jamais cair, então  seja bem-vindo ao ‘Clube dos Seres Humanos’.A frase “Errar é humano”  todos nós já conhecemos.  Faz parte de nosso cotidiano nos depararmos com erros que frequentemente atravessam nosso projeto de sermos melhores.

Nós todos também já passamos pela experiência de cair. Ou no sentido literal, ou no emocional, espiritual, sexual…Cair faz parte de nossa caminhada, bem como de todo e qualquer processo de aprendizagem. O mais interessante da história é saber se levantar, e é o que Deus deseja sempre nos ensinar, como bom Pai que é. Saber levantar é um ensinamento bem paterno.

Lembro quando estava aprendendo a andar de bicicleta, e de como meu pai , a cada queda, me dizia com voz firme, mas encorajadora: "Vai, levanta!".


Se errar e cair é humano, o ato de se levantar também o é. Isso mesmo, todos nós temos a capacidade e a força interior de querer mudar as coisas e conseguir.É uma capacidade que nos foi dada por Deus, é embutido em nós, é um impulso interior, lá de um lugar onde Deus habita. Esse desejo é o que nos impulsiona a não desistirmos do nosso processo de conversão.



O ‘Levantar” também é Divino, pois é a força de reação que Deus pôs dentro de mim e de você vem da Graça Divina que jamais desiste de nós. O Espirito Santo está sempre a dizer a cada um de nós: "Vamos! Você consegue! Você pode! Eu estou convosco sempre! Coragem!" 

No entanto, é muito importante saber como agir. Por isso trazemos algumas dicas, alguns passos para facilitar nosso reerguimento, depois de uma queda:

1. PASSO: 
Reconheça seus limites. Você é um ser humano e isto pode acontecer com todos nós. A queda não causa uma decepção em Deus, porque Deus não tem ilusões a nosso respeito. Deus não é nem um empolgado otimista, nem um triste pessimista. Deus é realista! Nós é que nos decepcionamos conosco mesmos por não conhecermos a imensidão de nossa miséria. Mas Ele sabe tudo o que somos capazes para o bem e o mal. Reconhecer nossos limites, que somos frágeis e podemos cair a qualquer momento nos ajuda a não desejarmos desistir na primeira queda que nos acontecer.


2. PASSO:
Perdoe-se. A culpa que se gera depois de fazer “algo mal” é muitas vezes o que nos leva a novamente voltar a cometer o mesmo erro. Parece contraditório, mas por não nos perdoarmos, dizemos para nós mesmos que não temos jeito e aceitamos ficar no chão, e até buscamos nos lambuzar mais no pecado. Na medida em que você se perdoar, poderá evitar cair de novo. E embora continue caindo, perdoe-se; pense nisto: Jesus nos mandou perdoar 70x7, ou seja, sempre. Ora, se pecamos 70 x 7, com certeza Jesus nos perdoa! E se Ele lhe perdoa, por que você não faz a mesma coisa COM VOCÊ MESMO?



3. PASSO: 
Procure se confessar. O sacramento da reconciliação é a melhor maneira de enfrentar um pecado, não somente porque nos ajuda a nos perdoar, como também porque nos dá a graça para não voltar a cometer este pecado. É um sacramento de cura, que restaura nossa alma na graça e na misericórdia. Ela é como um curativo colocado em nossa ferida. Quanto mais profunda é a ferida, mas curativos serão necessários para cicatrizá-la. Você é muito pecador? Parabéns!Então você precisa muito deste sacramento da misericórdia de Deus. Aquele que disse que veio não para os sãos, mas para os doentes lhe deu o remédio que você precisa na confissão.

4. PASSO: 
Tente reparar o dano na medida do possível. Se você prejudicou alguém ou você mesmo, tente resolver essa situação. Infelizmente, isto é o mais complicado; quando nós prejudicamos alguém, às vezes a ferida provocada é grave e não se cura com simplesmente dizer “me perdoe, por favor”, mas se existirem outras coisas que possamos fazer para corrigir esta situação, uma delas será ajudar as pessoas que foram vítimas de coisas semelhantes, ou trabalhar com pessoas que cometeram os mesmos erros nossos para que elas também mudem de atitude.



5.PASSO: 

Tenha a consciência de evitar a ocasião de cair outra vez. Procure se afastar das circunstâncias que o levariam a cometer os mesmos erros. Com o auto conhecimento vamos entendendo nossos limites e fugindo de ocasiões que provavelmente nos levarão a cair. A vigilância é necessária para não nos expormos a situações que nos levariam a pecar.


6.PASSO:
 Aprenda com sua experiência. Mesmo que você não acredite, um pecado pode ser de grande ajuda para nossa vida espiritual, não quando o cometemos, mas justamente quando nos arrependemos dele, Pois aprendemos que somos fracos e vemos que temos a necessidade de ter Deus em nossa vida. Reconhecermos nossos limites e misérias, com humildade, nos ajuda a crescer na vida espiritual e nos curarmos de nosso maior pecado: A SOBERBA.. Reconhecer que você precisa de Deus em sua vida, o levará a ser misericordioso com as demais pessoas.
Mas nunca esqueça: Se você cair novamente não se desespere! Jesus está com você para dizer que sempre será possível se levantar!
Dedicado a um amado "filho" meu que está aprendendo a andar nos caminhos da Misericórdia...coragem e levante-se... ainda temos muito a andar....

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dia 01 de outubro: DIA DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

Hoje é o dia de minha querida Teresinha. Quero postar aqui um resumo de sua vida :

"Não quero ser Santa pela metade, escolho tudo". 

Santa Teresinha do Menino Jesus nasceu em Alençon (França), no dia 2 de janeiro de 1873, sendo batizada dois dias depois na igreja de Notre-Dame com o nome de Marie Françoise Thérèse. 



Seu pai, Louis Martin, relojoeiro e joalheiro, que aos 20 anos tentara ser monge da Ordem de São Bernardo, está perto dos 50 anos quando nasce sua nona filha. Sua mãe, Zélie Martin, famosa bordadeira do conhecido "ponto de Alençon", gera Teresa aos 41 anos. Vítima de câncer, essa piedosa mulher falece no dia 28 de agosto de 1877.


Aos três anos, a pequena Teresa já está decidida a não recusar nada ao Bom Deus. Louis Martin transfere-se com as cinco filhas para a cidade de Lisieux, por sugestão do cunhado, Senhor Guérin. Os outros irmãos morreram ainda pequenos. Aí, cercada pelo carinho do pai que chama sua caçula de "minha rainha" e pela ternura das irmãs, Teresa recebe uma formação exigente e cheia de piedade. 
Suas irmãs se chamam Maria, Paulina, Leônia e Celina.



Na festa de Pentecostes de 1883, ela é milagrosamente curada de uma enfermidade através de um sorriso que lhe oferece a Virgem Maria. 


Educada pelas monjas beneditinas, até outubro de 1885, completa seus estudos em casa sob a orientação de Madame Papineau. Fez a primeira comunhão em 8 de maio de 1884, depois de uma intensa preparação. Este grande dia marca a "fusão" de Teresinha com Jesus.


No dia 14 de junho do mesmo ano recebe o sacramento da Crisma, muito consciente dos dons que lhe são implantados no coração. No Natal de 1886 vive uma profunda experiência espiritual, uma virada decisiva em sua vida, que ela chama de conversão: aos 13 anos, a menina chorosa e caprichosa, conforme seu próprio testemunho abandona os cueiros da infância. Supera a fragilidade emotiva conseqüente da perda da mãe e inicia uma corrida de gigante no caminho da perfeição.


Põe-se a pensar seriamente em abraçar a vida religiosa como monja carmelita, a exemplo de suas irmãs Maria e Paulina, no Carmelo de Lisieux, mas é impedida em seu sonho devido à pouca idade. Por ocasião de uma peregrinação à Itália, depois de visitar Loreto e alguns pontos de Roma, numa audiência concedida pelo Papa Leão XIII a um grupo de peregrinos de Lisieux, no dia 20 de novembro de 1887, audaciosamente ela suplica ao Santo Padre a permissão para ingressar no Carmelo aos 15 anos de idade.


No dia 9 de abril de 1888, após muitas dificuldades, consegue realizar seu sonho e é aceita na clausura do Carmelo. Recebe o hábito da Ordem da Virgem no dia 10 de janeiro do ano seguinte. Emite seus votos religiosos no dia 8 de setembro de 1890, festa da Natividade da Virgem Maria. Inicia no Carmelo o caminho da perfeição traçado pela Madre Fundadora, Santa Teresa de Jesus, cumprindo com fervor e fidelidade os ofícios que lhe são confiados.


Começa sua escalada na montanha do amor, descobrindo o amor e a misericórdia de Deus como os maiores tesouros de sua vida. Encontra o Pequeno Caminho, a essência de sua espiritualidade, via de total abandono e entrega nas mãos de Deus. Em 1893 é nomeada auxiliar de Madre Gonzaga na formação das noviças. Em 27 de setembro de 1894, um grande golpe açoita o coração: falece seu pai, seu Rei.


Em 1895, por obediência, começa a escrever suas memórias que serão publicadas, após sua morte, com o título História de uma Alma. Este livro será responsável pela divulgação da vida e espiritualidade de Santa Teresinha no mundo inteiro, sendo traduzido em 58 línguas.

No dia 9 de junho de 1895, na festa da Santíssima Trindade, oferece-se vítima de holocausto ao Amor Misericordioso de Deus. Em 3 de abril do ano seguinte, na noite entre a Quinta-feira e a Sexta-Feira Santa, tem uma primeira manifestação da doença que a levará à morte. Teresa não se rebela.



Acolhe sua enfermidade como a misteriosa visita do Esposo Divino. Serão 27 meses de terrível martírio. Começa uma prova de fé, mas manter-se-á firme até o fim, sem jamais rebelar-se. Tudo aceita com paciência e amor. Chega a dizer que jamais pensou que fosse capaz de sofrer tanto.


Tendo piorado a sua saúde, em 8 de julho de 1897 é conduzida à enfermaria do Carmelo. Suas irmãs e as outras monjas, no afã de não perder nenhuma de suas palavras, anotam tudo que ela diz entre dores atrozes e gemidos. Pouco antes de morrer, sem o menor consolo, exclamou:

"Não me arrependo de haver-me entregue ao amor."

Às 19 horas do dia 30 de setembro de 1897 fixou os olhos no crucifixo e exclamou: Meu Deus, eu Te amo. Depois de um êxtase que teve a duração de um Credo, expirou. Obscura e anônima, parte para os braços do Pai a humilde carmelita que um dia será chamada a maior Santa dos tempos modernos.


O Papa Pio XI a canonizou no dia 17 de maio de 1925. No dia 9 de junho de 1897 havia prometido fazer cair uma chuva de rosas sobre o mundo. No dia 17 de julho explicara melhor em que consistiria esta chuva:

Eu quero passar o meu céu fazendo o bem sobre a terra.

No dia 1º de agosto havia profetizado:

Ah, eu sei que o mundo inteiro me amará.

De fato, inúmeros prodígios são atribuídos à sua intercessão. A leitura e meditação de História de uma Alma vem causando incontáveis conversões. Sua mensagem pode ser resumida em quatro pontos:

1.sigamos o caminho da simplicidade;
2.entreguemo-nos com todo nosso ser ao amor;
3.em tudo busquemos fazer cumprir a vontade de Deus;
4.e que o zelo pela salvação das pessoas devore nossos corações.

Os pais de Santa Teresinha, foram beatificados e em breve serão canonizados, assim como suas irmãs também estão em processo de beatificação. REALMENTE UMA FAMÍLIA INTEIRA DE SANTOS !

Para vocês que nos visitaram, uma rosa de Santa Teresinha.

Um bom dia a todos

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"É PRÓPRIO DO AMOR ABAIXAR-SE" Texto de Santa Teresinha



"É próprio do amor abaixar-se...

Se todas as almas se parecessem às dos santos doutores que iluminaram a Igreja com a luz de sua doutrina, parece que Deus não teria que se abaixar bastante para vir a seus corações. 

Mas criou a criança, que nada sabe e só balbucia fracos gemidos, 

criou o pobre selvagem, que só tem a lei natural para guiá-lo.

E também a seus corações ele se abaixa! São suas flores campestres, cuja simplicidade o encanta... 

Assim se abaixando, Deus mostra sua grandeza infinita. 

Assim como o sol ilumina os cedros mais altos

Também ilumina e aquece cada florzinha, como se somente ela existisse sobre a terra, 

da mesma forma Deus cuida pessoalmente de cada alma, como se não existisse outra além dela. 

E assim como na natureza todas as estações estão de tal modo organizadas que no momento certo se abre até a mais humilde margarida, 

da mesma forma tudo concorre para o bem de cada alma que o Bom Deus ama."




(Santa Teresinha do Menino Jesus. História de uma Alma, Manuscrito A)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A REVELAÇÃO DE DEUS COMO AMOR



Deus revelou-Se no Antigo Testamento como o Ser por excelência: “Eu sou Aquele que sou” (Ex 3,14); e no Novo Testamento revelou a natureza profunda e intrínseca do Seu ser: “Deus é amor” (1Jo 4,16).

 

Deus é amor na sua vida íntima e, porque é amor, é também Trindade, Comunhão de Amor: é Pai, porque gera o Filho e Lhe confere toda a Sua natureza e vida divina; é Filho porque se dá totalmente ao Pai; é Espírito Santo, porque procede do amor e do dom recíproco entre o Pai e o Filho. Deus é também amor fora de Si, nas Suas obras: é amor na criação de todos os seres que livremente chama à vida, e, sobretudo, na criação do homem que fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1,26). 


 

Mas Deus manifesta mais o Seu amor, quando eleva o homem do seu estado de simples criatura ao estado de Seu filho: “Vede com que amor nos amou o Pai, ao querer que fossemos chamados filhos de Deus. E, de fato, somo-lo” (1Jo 3,1). Não se trata, pois, de um título honorífico ou simbólico, de “uma maneira de falar”, mas de uma realidade sublime, de uma nova “maneira de ser”, por meio da qual o homem é profundamente transformado e feito participante da natureza e da vida de Deus, isto é, do ser de Deus que é amor. 

 

O homem entra assim, a fazer parte da família de Deus: é amado por Deus, seu Pai, e é, por sua vez, capaz de amá-Lo como filho, porque Deus infundiu nele o Seu amor. “Vós não recebestes um espírito de escravidão – exclama S. Paulo - recebestes, pelo contrário, um espírito de adoção, pelo qual chamamos: Abba, Pai.O próprio Espírito atesta em união com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rom 8, 15-16). 

 

“Deus é amor” (1 Jo 4, 8. 16). Deus é Comunhão. É Comunidade perfeita. Deus vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor.

 
Ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança, Deus inscreveu no homem e na mulher a vocação e, ao mesmo tempo, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. Somos criados para amar e viver em comunhão. O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano. Quem não vive em comunhão com outras pessoas acaba sozinho. 


O fechar-se em si mesmo é o que há de mais contrário ao bem do ser humano, porque não leva à sua realização pessoal nem à maturidade. A pessoa humana torna-se mais humana e cristã, na medida em que se abre aos outros, encontra neles a sua felicidade, ultrapassa o egoísmo.

Portanto, o homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível, e a sua vida é destituída de sentido se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não experimenta e se não o torna algo seu próprio, se nele não participa vivamente.

 
Chamados à existência por amor, somos chamados ao mesmo tempo ao amor. Todos nós precisamos e dependemos uns dos outros. Quem de nós não sente necessidade de ser acolhido, ajudado, perdoado, estimado, amado? Quem não precisa de um ponto de referência seguro, de incentivo, de alguém a quem recorrer em situações difíceis?

 

O ser humano que quiser compreender-se a si mesmo deve, com sua inquietude, incertezas e fraquezas, em primeiro lugar, aproximar-se de Cristo, pois Ele revela em Si a plenitude de Deus e também a plenitude do homem.
Deus sabia o que ele estava fazendo desde o início ao nos criar. Ele decidiu desde o princípio modelar as vidas daqueles que O amavam com as mesmas linhas da vida de Seu Filho. Nós vemos Nele a forma original planejada para nossas vidas. Rm 8,29.

“Pelo Amor, Deus revelou a forma – infalível, perfeita e definitiva – como quer ser conhecido” (Paulo VI, Eclesiam suam), 


O AMOR DE DEUS ENCARNADO NA CARIDADE FRATERNA


“Deus é Amor e quem permanece no Amor, permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16). Ora Deus difundiu a Seu Amor nos nossos corações, por meio do Espírito Santo que nos foi dado. Sendo assim, o primeiro e mais necessário dom é a caridade com que amamos Deus sobre todas as coisas e ao próximo por amor d’Ele.

A virtude da caridade é a participação criada no amor infinito, por meio do qual Deus Se ama a Si mesmo, ou seja, participação do amor com que o Pai ama o Filho, e o Filho ama o Pai e ambos Se amam no Espírito Santo. Pela caridade, o cristão é chamado a “permanecer em Deus” (1Jo 4,16) e a entrar no círculo do amor eterno que une entre Si as três Pessoas da Santíssima Trindade. 


 
Se a Fé, ao tornar o homem participante do conhecimento que Deus tem de Si próprio, o introduz na intimidade da vida divina, a esperança garante-lhe que partilhará um dia da felicidade eterna. 

Mas, a caridade vai mais longe, porque o enxerta já nesta vida, no inefável movimento de amor que é a vida da Santíssima Trindade. Por meio da caridade, o cristão mora em Deus, a ponto de ficar associado ao amor do Pai para com o Filho e do Filho para com o Pai, amando o Pai e o Filho no Espírito Santo.

 

E, como o amor divino não fica encerrado no seio da Trindade, mas derrama-se d’Ela sobre todos os homens, também a caridade imprime um impulso semelhante ao cristão, abrindo o seu coração ao amor de todos os irmãos. Somente por meio da caridade, que o faz participante do amor de Deus, é que o cristão se torna capaz de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo por amor de Deus”.

A caridade só é completa quando sobe a Deus, abrangendo por Ele e n’Ele todas as criaturas. Em Deus o amor é um só: na Sua vida íntima e nas suas relações com os homens, no cristão a caridade é única e indivisível: no seu relacionamento para com Deus e no seu impulso para com os irmãos. “D’Ele temos este Mandamento: Quem ama a Deus, ama também o seu irmão” (1Jo 4,21)

 

“Deus é amor” (1Jo 4,16), amor eterno, infinito e substancial. Como tudo o que há em Deus é belo, bom, perfeito e santo, assim tudo o que há em Deus é amor: a Sua formosura, a Sua santidade, a Sua sabedoria, a Sua verdade, a Sua onipotência e até a Sua justiça são amor. O amor em Deus é um ato externo da Sua vontade, ato perfeitíssimo e santo, porque está sempre dirigido ao bem supremo; este é o amor com que Deus se ama a Si mesmo, porque Ele é o único Bem, sumo e eterno, ao qual nenhum outro bem pode ser preferido.

O amor santo e infinito que Deus se tem a si mesmo, nada tem a ver com o egoísmo do homem, pelo qual se ama com afeto desordenado, a ponto de se preferir a Deus. O homem é egoísta porque tende a amar-se a si mesmo, excluindo qualquer outro afeto; Deus, porém, está de tal maneira isento de toda a sombra de egoísmo que, embora amando-Se infinitamente e estando totalmente enamorado da Sua bondade infinita, quer difundir também o Seu amor e a Sua bondade.

 

É assim que Deus ama as criaturas; o Seu amor está na raiz de cada uma delas porque, ao amá-las, chama-as à existência e cria nelas o bem. “O amor de Deus – diz S.Tomás – infunde e cria a bondade nas coisas” (S.T.1,20,2). Deus ama com um amor totalmente gratuito, livre e sumamente puro, com um amor que é simultaneamente, benevolência, porque quer o bem da criatura e beneficência, porque opera esse bem.

Deus ao amar o homem, dá-lhe vida, infunde-lhe a graça, convida-o à santidade, atrai-o a Si e torna-o participante da Sua felicidade eterna. Tudo o que somos e temos é Dom do Seu amor imenso. O homem, afirma o Concílio Vaticano II “se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele por amor constantemente conservado; nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e se entregar ao seu Criador” (Gaudium et Spes, 19).

“Amo-te com amor eterno; e por isso te outorguei os Meus favores” (Jer 31,3). O homem ainda não existia e já Deus, que o via, o amava e o queria. O Seu amor adiantou-se a Ele desde a eternidade. Nenhuma criatura poderia existir se Deus não a tivesse precedido com o Seu amor. “Vós amais tudo o que existe e não aborreceis nada do que fizestes, porque se odiásseis alguma coisa, não a teríeis criado. Como poderia subsistir uma coisa, se Vós não o quisésseis, ou, como se conservaria sem ordem Vossa?” (Sab 11,24-25).


 A história do homem é a história do amor de Deus para com ele. História que, uma vez iniciada, não mais termina, porque o amor de Deus não tem fim, somente o pecado, por ser rejeição do amor de Deus, tem a triste possibilidade de a interromper.

Mas, em si mesmo, Deus ama com um amor infinito, eterno, imutável e fidelíssimo. Ele próprio o quis declarar com as mais ternas expressões: “Acaso pode uma mulher esquecer-se do menino que amamenta, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria” (Is 49,15).

Deus ama o homem quando o consola, mas ama-o também quando o prova com a dor: as Suas graças e consolações são amor, mas não são menos os Seus castigos e provações, “porque o Senhor castiga aquele a quem ama e aflige o filho a quem muito estima” (Prov 3,12). 

 
Em qualquer circunstância, por mais triste e dolorosa que seja, o homem está constantemente cercado pelo amor divino, que é sempre desejo do bem e, por isso, quer infalivelmente o seu bem, mesmo quando o conduz pelo áspero e duro caminho do sofrimento. (...) Assim são estes os Seus dons neste mundo. Dá conforme o amor que nos tem: aos que mais ama, dá mais destes dons, àqueles que menos ama, dá menos “(Caminho de perfeição, 32,7). O verdadeiro cristão, mesmo que a dor o desfaça, não vacila na Fé, mas repete:” Nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem “(1 Jo 4,16)”.