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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Um estudo sobre o perdão à luz da Misericórdia Divina





O perdão é a expressão máxima da Misericórdia de Deus. Ele é a força capaz de fazer com que se restabeleça a união entre Deus e o pecador - tanto pessoal como comunitariamente - readmitindo-o na sua comunhão vital. Precisamente na graça do perdão, o Deus "zeloso"(Ex 20,5) se mostra um Deus MISERICORDIOSO. 

Mesmo com as constantes rupturas da aliança, devido as infidelidades e traições do Povo (Ex 32,30-32), o Senhor não abandona Israel, mas se faz conhecer mais intimamente como Deus "de ternura e de piedade, lento para a cólera, rico em amor e fidelidade"... (Ex 34,6).



Realmente, no decurso de sua história, Israel, tanto em momentos de desgraça como ao tomar consciência do próprio pecado, continuamente se entregou confiantemente ao Deus das misericórdias. Na misericórdia do Senhor para com o seu Povo manifestam-se todos os matizes do AMOR: Infinito, Imutável, Fiel,Constante, Misericordioso...


Em Jesus a revelação da misericórdia divina chega a seu ponto culminante: O Pai revelado por Cristo é um Deus cuja alegria consiste em perdoar (Lc 15,1-31) e não quer que nenhum dos seus filhos se percam (Mt 18, 12-14).

Deus está sempre pronto a perdoar! Ele não se prende a emoções, ou muito menos pensa em Si para sentir-se ofendido a ponto de fechar-se ao perdão. Ele sempre é ABERTURA, e por isso, perdão absoluto.Mas para que esse perdão se plenifique, Deus nos coloca uma condição para recebermos esse perdão, a condição de que o pecador queira também abrir-se ao perdão e aceitar a proposta de vida nova (Lc 18,13), fruto da reconciliação, e perdoar seu semelhante.



Na postagem anterior estudamos a profunda teologia contida na oração do Pai-Nosso. Nele, a petição pelo perdão contém dois elementos: de um lado, pedimos ao Pai Misericordioso a graça de seu perdão; de outro, expressamos nossa disposição a perdoar as culpas alheias.


Há uma íntima correlação entre o perdão recebido de Deus e o perdão concedido ao próximo. No amor que o discípulo do Senhor manifesta para com o seu irmão que "está em dívida" com ele, está o testemunho autêntico do amor que ele mesmo recebeu de Deus, quando seus pecados foram perdoados: "Perdoai e vos será perdoado" diz Jesus (Lc 6,37). Assim, o entrelaçamento dos dois perdões, o Divino e o humano, dá-nos a garantia certeira de que o Pai nos perdoará sempre, desde que nós estejamos dispostos a conceder o perdão ao próximo.

O Senhor o confirma inequivocadamente:" Com a medida com que medirdes sereis medidos" (Mt 7,2) e esta deve ser - seguindo o exemplo de nosso Pai misericordioso - "uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante" (Lc 6,38). 

A parábola do "devedor implacável" (Mt 18,23-35) esclarece essa lógica evangélica: o perdão solicitado a Deus não se concretiza com a recusa do perdão ao nosso semelhante. Ambos são intrinsecamente associados, de modo que o Senhor pôde ensinar que o amor a Deus e ao próximo se identificam (Mt 22,39). São Paulo o diz categoricamente: "...como o Senhor vos perdoou, assim também fazei vós" (Cl 3,13). Em outra epístola diz: "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros como também Deus, em Cristo, vos perdoou" (Ef, 4, 32).




O perdão recebido do Pai deve dispor o discípulo a perdoar seu próximo, sendo precisamente este a autenticação prática do perdão recebido de Deus. Assim, o perdão divino não é condicionado pelo perdão humano, mas a súplica a Deus seria hipócrita se não nascesse de um coração pronto a perdoar seu irmão.


O perdão do Alto, inteiramente gratuito, desinteressado e total, se faz, efetivamente, fonte e modelo do perdão que se dá aos outros. Perdoar o irmão - movido por misericórdia- torna-se um indicador seguro da eficácia da Graça que o perdão de Deus operou em nós.


 Sem o perdão sincera e generosamente oferecido aos irmãos, nenhuma fraternidade se constrói e, menos ainda, subsiste. O perdão constitui o coração vivo de uma comunidade cristã, que se reconhece como "comunidade de Jesus": O perdão de Deus restabelece a comunhão vertical para o Alto; o perdão que damos aos que nos tem ofendido conserta a comunhão horizontal, para com os irmãos.




Não há limites para o perdão cristão. Assim o faz entender o evangelista Mateus no contexto literário que precede sua redação do Pai-Nosso: 


" Ouviste o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu porém, vos digo: não resistais ao homem mau; antes, àquele que te fere na face direita, oferece-lhe também a esquerda; e àquele que quer pleitear contigo para tomar-te a túnica, deixa-lhe também a veste; e se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas. " (Mt 5, 38-41).E conclui: "...amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; deste modo vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nascer o Sol  igualmente sobre os maus e os bons e cair a chuva sobre os justos e sobre os injustos. Com efeito se amais aos que aos que vos amam que recompensa tereis?Não fazem também os publicanos a mesma coisas? E se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem também os gentios a mesma coisa?Portanto, deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt, 5, 44-48)


Podemos perguntar quem tem a ousadia de nos deixar esta recomendação, este mandamento. Quem, nos conhecendo minimamente, nos recomenda que amemos os nossos inimigos, quando já é tão difícil perdoar qualquer coisa que nos ofenda?

Olhando com lucidez para este mandamento e a sua exigência não podemos deixar de assumir que de fato só Cristo nos podia deixar este preceito, só aquele que inocentemente foi crucificado, o verdadeiro inocente, é que tinha o direito de nos deixar esta recomendação.


E isto porque também só ele teve o conhecimento profundo e total de como o perdão até ao limite último do amor é libertador, só ele sabe o quanto o homem é capaz de realizar no caminho do bem, só ele conhece na maior profundidade e verdade a grandeza do homem e a potencialidade de santidade que o habita.

Como verdadeiro Deus e verdadeiro Homem esse conhecimento é pleno e total.
E por isso o mandamento não é nada de exorbitante, de impossível, bem pelo contrário, é mais um meio colocado ao serviço do homem para avançar na semelhança com Deus, com o seu Criador e Salvador.
 
Filhos adotivos, pela graça obtida por Jesus, somos chamados a viver essa radicalidade divina, a fazer essa experiência de nos aproximarmos cada vez mais da perfeição do Pai que perdoou os pecados dos homens através da entrega do seu Filho bem amado, somos convidados a assemelhar-nos cada vez mais ao Pai.


Um Pai que apesar das nossas fragilidades e infidelidades acredita que somos capazes acredita em nós até ao ponto de nos propor o aparentemente impossível, ainda que possível para aqueles que amam como o Pai.

Cabe-nos assim, a cada um de nós, procurar não decepcionar esta confiança e fé que o Pai coloca em nós através desta proposta radical de Jesus.


SOB AS ASAS DO SENHOR: Passagens que nos consolam


"Quantas vezes quis reunir-vos debaixo das asas, como uma galinha faz com seus pintinhos..." Mt 23,37




Para sempre anseio habitar na Tua tenda e refugiar-me no abrigo das Tuas asas” Sl 61,4




Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia; à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades.  Sl 57,1


Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas.  Sl 36,7; 



Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me à sombra das tuas asas,   Sl 17,8; 



 "Como uma mãe acaricia seu filho, assim eu vos consolarei, eu vos carregarei em meu colo e vos acariciarei em meu regaço."Is 65,24

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Explicação Teológica da Oração do Pai- Nosso







- Qual é a origem da oração do Pai-nosso? 
Jesus nos ensinou essa oração  insubstituível, o Pai-nosso, num dia em que um discípulo, vendo-o rezar, lhe pediu: "Ensina-nos a orar" (Lc 11,1). A tradição litúrgica da Igreja sempre usou o texto de São Mateus (6,9-13) dentro de sua Liturgia, como a oração do Senhor. Jesus, como Filho de Deus, nos ensina a falar com o Pai.

- Como é composta a oração do Senhor? 


Ela contém sete pedidos a Deus Pai. Os primeiros três, mais teologais levam-nos a Ele, para a sua Glória: é próprio do amor pensar em primeiro lugar naquele que se ama. 

Eles sugerem o que devemos especialmente lhe pedir: a santificação do seu Nome, o advento do seu Reino, a realização da sua vontade. 



Os últimos quatro apresentam ao Pai de Misericórdia as nossas misérias e as nossas expectativas. Pedem-lhe que nos alimente, que nos perdoe, que nos sustente nas tentações e que nos livre do Maligno. 

 

- Por que dizemos Pai "Nosso"? 
"Nosso" exprime uma relação totalmente nova com Deus. Jesus veio nos revelar que Deus é nosso Pai.Quando rezamos ao Pai, nós o adoramos e o glorificamos com o Filho e o Espírito. Somos em Cristo o "seu" Povo,mas também seus filhos e ele é o "nosso" Deus,mas também nosso Pai desde agora e pela eternidade. Dizemos, com efeito, Pai "nosso" porque, a Igreja de Cristo é a comunhão de uma multidão de irmãos que têm "um só coração e uma só alma" (At 4,32). 

 

- O que significa a expressão "que estais no céu"?
 

Essa expressão bíblica não indica um lugar, mas um modo de ser de Deus está além e acima de tudo, como lemos em Daniel"Acima dos Querubins Vos assentais" (Dn 3,55). Designa a Majestade, a Santidade de Deus, e também a sua presença no coração dos justos. O céu, ou a Casa do Pai constitui a verdadeira pátria para a qual tendemos na esperança enquanto estamos ainda nesta terra. Nós já vivemos nela "escondidos com Cristo em Deus"(Cl 3,3).


 

- O que significa: “Santificado seja o vosso nome”?

Nos Salmos lemos este convite ao louvor do santo Nome de Deus"Ó Vós, fiéis do Senhor, cantai sua Glória, dai graças ao Seu santo Nome" (Sl 29,5). Santificar o Nome de Deus é antes de mais nada um louvor que reconhece a Deus como Santo. Com efeito, Deus revelou o seu santo Nome a Moisés e quis que o seu povo lhe fosse consagrado como uma nação santa em que ele habita. O Nome de Deus é sua própria essência. Santificar o Nome de Deus é reconhecer que Ele é digno de ser amado por Ele mesmo: Suma Perfeição, Suma Beleza, Suma Santidade.
 

- Como é santificado o Nome de Deus em nós e no mundo?

 Santificar o Nome de Deus que nos chama "à santidade" (1 Ts 4,7) é desejar que a consagração batismal vivifique toda a nossa vida. Além disso, é pedir, com a nossa vida e a nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os homens. 

 

- O que pede a Igreja ao rezar: "Venha o vosso Reino"?
 

A Igreja invoca a vinda final do Reino de Deus mediante o retorno de Cristo na glória. Mas a Igreja reza também para que o Reino de Deus cresça desde já graças à santificação dos homens no Espírito e, graças ao empenho deles, a serviço da justiça e da paz, segundo as Bem-aventuranças. Esse pedido é o clamor do Espírito e da Esposa: "Vem, Senhor Jesus" (Ap 22,20).

   
 
- Por que pedir: "Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu"? 

A vontade do Pai é que "todos os homens se salvem" (1 Tm 2,3). Para isso Jesus veio: para realizar perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus Pai que una a nossa vontade à do seu Filho, a exemplo de Maria Santíssima e dos Santos. Pedimos que o seu desígnio benévolo se realize plenamente na terra como no céu. É mediante a oração que podemos "distinguir a vontade de Deus" (Rm 12,2) e obter a "perseverança para cumpri-la" (Hb 10,36).Jesus, no Horto das Oliveiras, viveu esta parte do Pai-nosso, quando disse: "Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice, não se faça contudo, a minha vontade, mas a Tua." (Lc 22, 42).




- Qual é o sentido do pedido: "O pão nosso de cada dia nos dai hoje"?

Ao pedir a Deus, com o abandono confiante dos filhos, o alimento cotidiano necessário a todos para a própria subsistência, reconhecemos quanto Deus nosso Pai é bom para além de toda bondade.Jesus nos ensinou a confiarmos na providencia do Pai quando nos disse: "Não vos preocupeis com o que haveis de comer" (Lc 12, 22-31).Com isso, não que Jesus não valorizasse que temos que trabalhar, mas que ao o fazermos confiemos que o Pai sempre nos dará o necessário tanto para nosso corpo como para nossa alma.Pedimos também a graça de saber agir para que a justiça e a partilha permitam que a abundância de uns possa suprir as necessidades dos outros. 

 

-
 Por que dizemos: "Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido"? 

Ao pedir a Deus Pai que nos perdoe, reconhecemo-nos como pecadores diante dele. Mas confessamos ao mesmo tempo a sua Misericórdia, porque no seu Filho e mediante os sacramentos, "temos a redenção, o perdão dos pecados" (Cl 1,14). O nosso pedido, todavia, será ouvido somente sob a condição de que nós, antes, tenhamos, por nossa vez, perdoado aqueles que nos ofenderam como nos disse Jesus:"Porque se perdoardes aos homens suas ofensas, também Vosso Pai que está nos Céus vos perdoará. Se porém não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco Vosso Pai perdoará as vossas" (Mt 6, 14-15).

 

- O que significa: "Não nos deixeis cair em tentação"?
 

Nós pedimos a Deus Pai que não nos deixe sós ao sabor da tentação. Pedimos ao Espírito que saibamos discernir, de uma parte, entre a prova que faz crescer no bem e a tentação que leva ao pecado e à morte, e de outra, entre ser tentado e consentir na tentação. Esse pedido nos une a Jesus que venceu a tentação com a sua oração no deserto (Mt 4,1-10). Solicita a graça da vigilância e da perseverança final.

    

- Por que concluímos, pedindo: "Mas livrai-nos do Mal?" 
O Mal indica a pessoa de Satanás que se opõe a Deus e que é “o sedutor do mundo inteiro" (Ap 12,9). A vitória sobre o diabo já foi conseguida por Cristo. Mas nós pedimos a fim de que a família humana fique livre de Satanás e das suas obras. Pedimos também o dom precioso da paz e a graça da espera perseverante da vinda de Cristo, que libertará definitivamente do Maligno. 



- O que significa o Amém final?

 "No final da oração, tu dizes: Amém, ressaltando com o Amém, que significa 'Assim seja’ tudo o que está contido na oração que Deus nos ensinou" (São Cirilo de Jerusalém). 


Amém significa: Eu creio, eu concordo com tudo que foi dito. É uma adesão da nossa vontade a Vontade do Pai, como Jesus na Cruz disse seu "AMÉM", até exclamar: "Tudo está consumado"(Jo 19, 30), também nós pedimos para que sempre nossa fé nos leve a abraçar todas as verdades de Deus com o nosso AMÉM, nosso FIAT, como Maria, "Faça-se em mim segundo a Tua" Palavra(Lc 1, 38)

terça-feira, 24 de abril de 2012

TU ÉS O MEU FILHO MUITO AMADO



“ Este é o meu Filho bem-amado, em quem me comprazo.” Mateus 3,17

Esta foi uma das passagens bíblicas que mais efeito fez na minha vida ao conhecer a Palavra de Deus: “Este é o meu Filho amado...”


Estas palavras foram dirigidas pelo Pai a seu Filho Jesus Cristo. Mas como pelo batismo somos inseridos em Jesus, por Ele, Deus Pai o diz de mim e de cada um dos Seus filhos. Não porque em nós haja algum mérito para que merecêssemos ser chamados assim, mas pela graça de Cristo.

"Este é o meu filho amado", costumo dizer referindo-me a cada filho espiritual meu. Digo a mesmíssima coisa a todos, pois os amo com o Amor que Deus me dá, que é infinito... Identifico-me muito na vocação de Pai espiritual e, se amo meus filhos espirituais assim, imagino o quão grande é o amor por um filho carnal, que veio das próprias entranhas. Imagino ainda mais o Amor de um Pai como Deus, que não têm as limitações e os defeitos humanos. Como não será esta Amor? 


Os filhos são o sentido da vida dos pais,são as pupilas dos nossos olhos, a vida da nossa vida, por eles vivemos e nos alegramos, por eles nos sacrificamos e sofremos.

Deus tem muitos filhos, mas a Sagrada Escritura ensina-nos que Ele conhece a cada um de forma pessoal, conhece a rua e o lugar onde habitamos, nossos gostos pessoais, nossos cacoetes, nossos medos, nossos sonhos, nossas alegrias. Ele sabe o que eu, Leonardo, gosto, o que é importante pra mim, o que me entristece, o que me alegra... Os olhos deste Pai estão voltados para cada um de seus filhinhos amados de uma forma integral.


Em João, capítulo 10 Jesus diz: “... Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas." Deus nos conhece assim, de forma pessoal e única.

   
É importante ter a convicção que somos conhecidos de Deus, para poder testemunhar que somos filhos amados do Pai.Certamente que ao termos consciência que somos filhos de Deus, saberemos que somos irmãos uns dos outros, de que não somos maiores que ninguém, que devemos nos pôr à serviço uns dos outros, e que o Pai quer também que nos ajudemos neste caminho rumo a Ele.

E isto leva-nos a uma maior consagração e empenho em sermos embaixadores de Cristo em nosso lar, no local onde vivemos, onde trabalhamos, onde estudamos. Se temos a experiencia de que somos amados assim pelo nosso Pai do Céu cabe-nos demonstrar a alegria, a confiança  e a certeza de que somos filhos de Deus, filhos MUITO AMADOS! E isto não por merecermos, repito, mas por PURA GRAÇA DE DEUS!

O Senhor  dotou-nos de dons e potencialidades que nos permitem ser uma PONTE entre Deus e aqueles filhos que não experimentam desta verdade, que estão longe do abraço do Pai, e nisto  deve consistir nossa Evangelização: Devemos ser a voz que clama a cada coração distante: "Vem, o Pai o chama e o ama com amor indescritível... e Ele o espera. Volta para os braços amorosos do Pai! " Quisera eu poder gritar para cada homem e mulher esta verdade: VOCÊ É FILHO(a) AMADO (a) DO PAI!


Deus conhece tanto as nossas capacidades como nossas fraquezas e é colocando-nos ao Seu inteiro dispor, manifestando uma plena confiança na Sua pedagogia de Pai que nos desenvolvemos e seremos aperfeiçoados como filhos amados em quem Ele, nosso PAI, se compraz.

Que neste dia, pela ação do Espirito Santo, estejamos complemente livres e disponíveis para que todo o céu se regozije porque estamos no lugar de onde NUNCA deveríamos ter saído: NOS BRAÇOS DO NOSSO PAPAI.
Por isso repita comigo: EU SOU O FILHO AMADO DO PAI, EM QUEM ELE SE COMPRAZ!

Bom dia pra você.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Ascese do Sorriso: o caminho da pequena via




Sorrir é reconhecer o outro como pessoa. Abrir um sorriso é começar a mudar o mundo, porque significa colocar o amor – e não o egoísmo ou o interesse pessoal – no centro da vida humana.


A recente Encíclica de Bento XVI sobre o amor apanhou de surpresa os meios de comunicação em todo o mundo. Muitos esperavam um documento que denunciasse os graves males que atingem a nossa sociedade, e qual não foi a sua surpresa quando depararam com um texto que era ao mesmo tempo muito sugestivo e muito terno!




Num dos últimos parágrafos, o Papa diz: “O amor é uma luz – no fundo, a única – que ilumina constantemente o mundo em trevas e nos dá a força para viver e agir. O amor é possível, e nós podermos pô-lo em prática porque fomos criados à imagem de Deus.


Viver o amor é assim levar a luz de Deus ao mundo: este é o convite que desejaria fazer com esta Encíclica”. Um pouco antes, havia explicado que “o amor não se reduz a uma atitude genérica e abstrata: requer um compromisso prático aqui e agora”. Uma das maneiras de pô-lo em prática é dar-se ao trabalho de sorrir.





Como todos apreciamos o sorriso amável das pessoas! Mas, ao mesmo tempo, como é freqüente que nos recusemos a sorrir! É estranho que, gostando tanto de que as pessoas nos atendam com um sorriso, nós sejamos às vezes tão resistentes em sorrir para a pessoa que nos pede um pouco de atenção.


Os meios de comunicação habitualmente mostram-nos rostos violentos, irados ou doloridos, que geralmente não temos dificuldade de nos elpolgar ou emocionar, mas quando nos põem diante dos olhos caras sorridentes, tendemos com freqüência a considerá-las falsas e forçadas, pensando que essa amabilidade é apenas um disfarce, uma tática para conseguirem algum proveito ou interesse próprio.


Da mesma forma, achamos difícil que alguém nos possa acolher com um sorriso afetuoso sem nos conhecer, mas ao mesmo tempo todos nos lembramos da maravilhosa experiência de um sorriso que nos acolheu logo no início da manhã e que foi capaz mudar o nosso dia.


É uma pena menosprezar o sorriso, pois é um dos mais típicos traços do ser humano. Ludwig Wittgenstein – que muitos consideram o filósofo mais profundo do século XX – anotava numa obscura passagem das suas Investigações Filosóficas: “Uma boca sorridente só sorri num rosto humano”.






Com essas palavras, Wittgenstein afirma que, para haver um sorriso, é preciso que haja um rosto humano que dê significado ao sorriso; mas talvez sugira também que um rosto só é plenamente humano quando sorri.


Os filósofos da escolástica medieval já haviam percebido que a capacidade de sorrir é uma característica própria dos seres humanos, uma propriedade derivada necessariamente da sua essência. Omnis homo risibilis est, diziam: “Todo homem é capaz de rir”. Dar-se ao trabalho de sorrir é um modo aparentemente simples de tornar este nosso mundo um pouco mais humano, e assim tornar mais humana a nossa própria vida.




Para entender isto um pouco mais, vale a pena recordar a gênese do sorriso, o modo como ele surge na criança. Segundo dizem os especialistas em desenvolvimento infantil, quando um bebê se sente satisfeito, apresenta no arco bucal um reflexo espontâneo que faz a mãe pensar que lhe está sorrindo.


Emocionada com o aparente sorriso do seu bebê, a mãe premia-o com carícias e festinhas afetuosas. Por sua vez, entusiasmada com essa onda de ternura efusiva, a criança corresponde imitando a expressão do rosto materno com um sorriso ainda mais franco e aberto.
Esse processo educativo tão peculiar mostra que o sorriso não é um mero reflexo espontâneo de prazer, mas sobretudo uma valiosa conduta comunicativa.


Sorrir é reconhecer o outro como pessoa: sorrimos para a recepcionista que nos recebe antes de entrarmos no consultorio, mas não para a mesa da recepção.
Existem pessoas nas quais o sorriso parece ser natural. 




Vem-me à memória o maravilhoso sorriso de João Paulo I, conhecido como Papa do sorriso, que nos breves dias do seu Pontificado encheu o mundo de esperança.No livro que ele escreveu poucos anos antes, intitulado Ilustríssimos Senhores, podemos ler o seguinte:


“Infelizmente, só posso viver e distribuir amor no corre-corre da vida cotidiana. Nunca tive que fugir de alguém que estivesse querendo matar-me, mas não faltam aqueles que põem a televisão alta demais, ou fazem barulho, ou simplesmente são mal-educados. Em todos esses casos será preciso compreendê-los, manter a calma e sorrir. Nisso consistirá o verdadeiro amor sem retórica”.Tudo leva a crer que um sorriso que parece tão natural é fruto de um prolongado esforço de muitos anos."




Como também não lembrar do sorriso marcante de nosso beato João Paulo II?Um sorriso que demonstrava toda a sua fé e nos passava esperança e ternura.Realmente esse sorriso ficará gravado na memória da humanidade.




E da cura de Santa Teresinha por um único sorriso de Nossa Senhora? Teresinha relata sua cura desse modo ao ver a Virgem Maria lhe sorrindo: "De repente, a Santíssima Virgem me pareceu bela, tão bela como nunca tinha visto nada tão formoso. O rosto irradiava inefável bondade e ternura, mas o que mais me calou no fundo da alma foi o emocionante SORRISO da Santíssima Virgem. Nesta altura desvaneceram-se todos os meus sofrimentos. Das pálpebras ,me saltaram duas grossas lágrimas e deslizaram silenciosas sobra as faces. Eram lágrimas de uma alegria sem inquietação... Oh! pensei comigo, a Santíssima Virgem sorriu pra mim, como sou feliz!" ( Manuscrito A) 


Este sorriso mudaria Teresinha para sempre, a tal ponto que este se imprimiria agora em seu próprio sorriso, pois sempre o dava a todos os que estavam ao seu redor.

Vemos que o sorriso tem uma força inimaginável,pois transmite sem palavras a profundidade, a grandiosidade que existe em cada ser humano.


Sorriso é ascese no sentindo que nos leva a tantas vezes a sorrir não porque tudo nos vai bem, mas pelo seu efeito no coração dos irmãos.




Há épocas – dias – em que sorrir é um ato heroico, pelo menos para mim: dias em que dormimos mal; dias em que não nos sentimos bem, física ou psicologicamente; dias em que temos preocupações ou a cabeça tão ocupada que não conseguimos colocá-la nas pessoas que se encontram ao nosso lado... Mas se você se propõe, conseguirá sorrir, e até arrancará comentários do tipo: «Você, sempre sorrindo! Como deve estar de bem com a vida!». Mal sabem eles o quanto cada sorriso está custando. As vezes um sorriso vale mais que muitas penitências, porque ainda temos o beneficio de alegrar o coração do irmão. 




Aí o sorriso torna-se meio de santidade! Santa Teresinha viveu essa ascese ao tratar bem, sempre com um sorriso a uma irmã que a incomodava no Carmelo. Ela escreve:


“Na comunidade,existe uma irmã que possui o dom de desagradar-me em todas as coisas.Seus modos,suas palavras,seu gênio,pareciam-me muito desagradáveis.Trata-se,todavia,de uma santa religiosa,que será muito agradável ao Bom DEUS.Por esta razão,não querendo ceder a antipatia natural que experimentava,pensei comigo que a caridade não consistiria em sentimentos,mas em atitudes.Dediquei-me então,a fazer pela irmã o que faria pela pessoa a quem mais amasse.Todas as vezes que me encontrava com ela,por ela rezava ao Bom DEUS,oferecendo-lhe todas as suas virtudes e seus méritos.Bem senti que isto agradava a JESUS,pois não existe artista que se desgoste de receber elogios por suas obras.

E JESUS,plasmador das almas,regozija-se quando a gente não se prende ao exterior,mas penetra até o santuário íntimo que escolheu para sua mansão,e admira-lhe a formosura.Não me restringia a rezar muito pela irmã que ocasionava tantos combates.Fazia por lhe prestar todos os obséquios possíveis,e quando tinha tentação de responder-lhe de modo desagradável,contentava-me de lhe esboçar o mais amável sorriso,forcejando por desviar a conversa,pois a Imitação de Cristo diz que ‘mais vale deixar cada qual com o seu modo de pensar,do que obstinar-se em contestá-lo.’




 

Às vezes,também,quando não estava no recreio(quero dizer,em hora de tarefas),e tinha contatos de serviço com a irmã,punha-me em fuga como desertor,logo que minhas lutas se tornavam por demais violentas.Como ignorasse,absolutamente,o que eu por ela sentia,nunca suspeitou os motivos de meu proceder,e continuou na convicção de que seu temperamento me era agradável.Um dia,no recreio,com um ar de muita satisfação,disse-me mais ou menos essas palavras:’Podereis dizer-me,minha irmã Tereza do Menino JESUS,o que tanto vos atrai para mim,vejo-vos sorrir todas as vezes que me olhais’.Ah! o que me atraía,era JESUS escondido no fundo de sua alma…JESUS que adoça o que há de mais amargo…”(História de uma Alma, Manuscrito C)



O sorriso suscita sempre muita gratidão: tal como no caso da mãe com o seu bebê,como no caso acima citado, quem sorri colhe muitas vezes o sorriso e o afeto dos outros.




É muito conhecida aquela afirmação de William James, um dos fundadores da psicologia contemporânea: “não choramos por estarmos tristes: estamos tristes porque choramos”.


Parece-me que algo semelhante se pode dizer do sorriso. De fato, quando encontro pessoas que sofrem por causa do seu isolamento, das suas dificuldades de comunicação com os outros, costumo animá-las a que se empenhem em sorrir para os que estão à sua volta; isso porque – assim lhes digo – não sorrimos porque estamos contentes, mas estamos contentes porque sorrimos.




Não importa que, num primeiro momento, o sorriso seja forçado ou pareça artificial, porque depois, com a prática repetida, vai-nos tocando por dentro até que chega a alegrar o coração.


Alguns pensam que o que move a história humana são as guerras, que o motor do progresso social e científico são os conflitos e os confrontos.


Mas Bento XVI recorda-nos com a sua Encíclica que é precisamente o contrário: o motor da História – se é que a História tem um motor – é o amor, é o diálogo e a comunicação entre as pessoas e entre os povos.




O que nos ensina é que mudaremos o mundo à base de carinho. Neste sentido, pôr-se a sorrir é começar a mudar o mundo, porque significa colocar o amor – e não o egoísmo ou o interesse pessoal – no centro da vida humana. Por isso, se quisermos começar a mudar o mundo, vale a pena levarmos a sério o trabalho de sorrir.


Então sorria, Jesus ama você!