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domingo, 29 de setembro de 2013

A Misericórdia de um Deus que se alegra em perdoar...

Muitas vezes Jesus foi questionado por sua preferencia por aqueles considerados pecadores públicos, pessoas de má fama e marginalizados. Ele justifica sua conduta para com os pecadores dizendo que assim atua o Pai celestial: 



Um Deus que vai atrás da ovelha que se perde, que busca incansável a alma como uma mulher ao seu Dracma perdido e que acolhe os que voltam como o pai misericordioso à seu filho que voltava após ter gastado tudo, até sua própria dignidade. Aos seus caluniadores recorda a palavra de Deus nos profetas: "Quero a Misericórdia, e não sacrifícios" (Mt 9, 13). 

A misericórdia para com a infidelidade do povo é o traço que mais sobressai do Deus da Aliança e enche a Bíblia de um extremo ao outro. Um salmo repete-o em forma de ladainha, explicando com ela todos os eventos da história de Israel: "Porque eterna é sua misericórdia" (Sal 136).


Ser misericordioso apresenta-se assim como um aspecto essencial do ser "à imagem e semelhança de Deus" descrito no Gênese. Jesus aponta para esta configuração do homem ao Criador afirmando aos que o escutam: "Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso" (Lc 6, 36) é uma paráfrase do famoso: "Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo" (Lv 19, 2). Ou seja, ser santo como Deus o é implica a imitação da sua forma de agir: A MISERICÓRDIA.


Mas o mais surpreendente acerca da misericórdia de Deus, é que Ele experimenta alegria em ter misericórdia. Jesus conclui a parábola da ovelha perdida dizendo: "Haverá mais alegria no céu por um só pecador que se converta que por noventa e nove justos que não tenham necessidade de conversão" (Lc 15, 7). A mulher que encontrou a dracma perdida grita às suas amigas: "Alegrai-vos comigo". Na parábola do filho pródigo, também a alegria transborda e se converte em festa, banquete.


Não se trata de um tema isolado, mas profundamente enraizado na Bíblia. Em Ezequiel, Deus diz: "Eu não me alegro na morte do malvado, mas (alegro-me!) em que o malvado se converta da sua conduta e viva" (Ez 33, 11). 


Miquéias diz que Deus "se alegra em ter misericórdia" (Mi 7, 18), isto é, experimenta gozo ao fazê-lo.Mas por quê - surge a questão - uma ovelha deve contar, na balança, como todas as demais juntas, e importar mais, precisamente porque escapou e criou mais problemas?

 Aquela ovelha - como o filho mais novo -, ao extraviar-se, fez o coração de Deus tremer. Deus temeu perdê-la para sempre, ver-se obrigado a condená-la e privar-se dela eternamente. Este medo fez brotar a esperança em Deus, e a esperança, uma vez realizada, provocou a alegria e a festa. Toda a penitência do homem é a coroação e a concretização de uma esperança de Deus: Este meu filho estava morto e tornou a viver!

Nos homens, a condição que torna a esperança possível é o fato de que não conhecemos o futuro, e por isso o esperamos. Em Deus, que conhece o futuro, a condição é que não quer (e, em certo sentido, não pode) realizar o que deseja sem a nossa permissão. A liberdade humana explica a existência da esperança em Deus.


O que dizer então das noventa e nove ovelhas bem comportadas e do filho mais velho? Não existe nenhuma alegria no céu por eles? Vale a pena viver toda a vida como bons cristãos? Recordemos o que responde o Pai ao filho maior: "Filho, tu sempre estás comigo e tudo o que é meu é teu" (Lc 15, 31)
O erro do filho mais velho está em considerar que ter ficado sempre em casa e ter compartilhado tudo com o Pai não é um privilégio imenso, mas um mérito; ele comporta-se como mercenário, e não como filho (isso deveria ser uma alerta para todos nós, que, por estado de vida, nos encontramos na mesma situação que o filho mais velho!).


Sobre este ponto, a realidade foi melhor que a própria parábola. Na verdade, o filho mais velho - o Primogênito do Pai, o Verbo (o Filho de Deus) -, não ficou na casa paterna; Ele partiu para "uma região distante" para buscar o filho mais novo, isto é, a humanidade caída; foi Ele quem a reconduziu a casa, quem lhe procurou vestes e lhe preparou um banquete para participar, em cada Eucaristia.



A este propósito, Dostoiévski descreve uma cena que tem todo o ambiente de uma imagem real. Uma mulher do povo tem em seus braços a sua criança de poucas semanas, quando esta - pela primeira vez, - lhe sorri. Compungida, ela faz o sinal da cruz e a quem lhe pergunta o por quê desse gesto, ela responde: "Assim como uma mãe é feliz quando nota o primeiro sorriso de seu filho, assim Deus se alegra cada vez que um pecador se ajoelha e lhe dirige uma oração com todo o coração".

Se a misericórdia divina está no início de tudo e é ela a que exige e torna possível a misericórdia de uns para com os outros, então o mais importante para nós é ter uma experiência renovada da misericórdia de Deus.Que linda é a misericórdia do nosso Deus. Alegremos o seu coração e corramos para seus braços porque sua alegria é que experimentamos de sua doce e infinita misericórdia. Vamos lá? #fazerdeusfeliz...

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A porta dos imperfeitos




Este é um texto de uma pessoa que eu conheço. Em sua oração pessoal teve uma grande experiência com o Amor de Deus mesmo com a certeza de que não consegue seguir Jesus pela porta dos santos e perfeitos, mas quer amar Jesus e sua única forma de Tê-lo é pela Misericórdia. Eu lembrei de uma música que pode muito bem acompanhar esta leitura:



"Senhor Jesus, não sei mais o que fazer, me sinto muito indigno, não consigo ser perfeito, não consigo fazer aquilo que eu queria. Tu sabe Jesus que até que eu tento, até que eu me esforço, mas não consigo ficar sem pecar, não consigo ficar sem fazer besteira.



Meu coração é tão pequeno, Jesus, às vezes penso que é melhor eu desistir, pois eu procuro mudar, mas sempre caio nos mesmos erros, nos mesmos pecados. Eu penso que eu nunca vou ter jeito, penso que nunca irei te alcançar. Já me sinto cansado e desanimado, não sei se posso prosseguir, não pela porta dos perfeitos.


Me julgam e me julgo, Senhor, dizem que não posso chegar até onde tu está, dizem que é melhor eu desistir, pois o meu caso está perdido. Outros, Senhor Jesus, me sufocam, me perguntam “Quando é que você vai parar de fazer tudo isso? Já ta na hora”, como se fosse tão fácil agir quanto é falar, isso me desmotiva, pois acredito que é fácil para todos, só pra mim que parece ser impossível. 




Só tu sabe, Pai, o quanto eu desejo mudar, mas só tu sabe também, Meu Deus, o quanto eu sou dependente e frágil às coisas do mundo. Eu queria poder abandonar tudo, ó Pai, mas eu caio tantas vezes.

Zombam de mim, Meu Deus, pois eu digo estar rezando, mas flagro-me fazendo algumas coisas que não vem de ti, e dizem que eu sou um hipócrita, que digo que te busco, mas não mudo. Senhor, tu sabes o quanto já melhorei e o quanto desejo melhorar. EU QUERO MUDAR, JESUS!


O meu acesso é negado, eu não mereço passar pela porta dos perfeitos, só te peço MISERICÓRDIA.

Jesus, que eu possa ser como aquela mulher, que se sentindo indigna, teve fé e coragem de se prostrar diante de ti, e tocar no seu manto para ser curada de suas fraquezas e limitações, e que independente o que diziam, foi além, buscou em ti a força de mudar.(Marcos 5, 21- 34)
Que eu possa também, Senhor, a exemplo de Zaqueu, deixar com que tu entre em minha casa, e faça dela tua morada, independente do que os outros dizem, te receber de coração aberto, ó Pai, para que a tua Graça possa me alcançar.(Lucas 19, 1-9).

Meu Senhor, Misericórdia de mim, eu tenho tantos pecados pai, que tudo o que posso fazer é me prostrar diante de ti e beijar os teus pés, pois não sou digno, Senhor, de está nem na Vossa presença, mas com todo meu ser te peço perdão sobre minhas faltas e limitações, sobre todos os meus pecados, sobre toda a miséria que habita em mim.


E assim como Santa Maria Madalena, possa entregar tudo de valor, toda a minha vida aos teus pés, para que tu possa me perdoar, me erguer. Por teu amor, Senhor, Perdoa a minha culpa. Preciso de Ti Senhor.( Lucas 7, 36-49).

E que por Misericórdia, Senhor Jesus, eu possa te alcançar, Senhor, porque eu não sou digno de entrar pela porta dos perfeitos, mas humildemente, te peço do fundo do meu coração que me deixe entrar pela porta da tua infinita MISERICÓRDIA, Ó PAI!

Somente pela tua graça Senhor eu posso te alcançar, pois mérito nenhum eu tenho para merecer estar contigo, mas por Seu Amor Infinito vem até mim

Como eu te amo Jesus, e quanto sou infiel a esse Teu amor, quanto sou ingrato contigo, e mesmo assim tu sempre me surpreende mostrando o quanto é mais amoroso e maior do que minha miséria. Sem ti não sou nada, só em ti eu posso ter tudo, e ter tudo significa ter o teu Amor, Jesus.

Jesus, Eu confio em Vós! Pela sua dolorosa paixão, tende Misericórdia de nós e do mundo inteiro! E obrigado Senhor, por me permitir entrar pela porta da Misericórdia, pois só assim, Senhor eu posso te alcançar. Obrigado mesmo, Jesus, por ser sempre maior do que a minha miséria."

Texto de um pecador que foi alcançado pela Misericórdia na cruz.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Homenagem de um coração miserável...



Queria hoje, meu Deus, demonstrar-Vos, apesar de minha insignificância e pequenez, minha mais sincera e profunda gratidão através de uma oferta que Vos rendesse glória e vos fizesse feliz.

 Pensei em tantas coisas para Vos ofertar, mas vi que cada coisa que eu pensava já Vos pertencia. Quis dar-Vos os méritos de minhas virtudes, mas vi que não os tenho. Quis dar-Vos os dons que tenho, mas vi que todos eles me vieram de Vós, e que, Vós mesmo, sois o doador de todos os dons. Então, meu Deus, como dar-Vos algo que Vos possa glorificar e dar alegria, se sois a plenitude e de nada necessitas? 




Percebi, então, Deus meu, que existe algo que não tens e que não criastes, e no qual eu possa dar-Vos glória e louvor, algo que pertence a mim somente e que, se guardado em meu coração, é meu mais terrível sofrimento, mas que, se lançado para Vós transforma-se em graça e misericórdia. Vi que em mim só existe miséria e fraqueza, e que a única coisa que me pertence, por minha débil condição de criatura, das feridas de minha história de vida e das conseqüências de meus atos é somente minha fraqueza.



Mas acaso poderia dar-Vos realmente glória, dando-Vos minha mais profunda podridão? Acaso não Vos ofenderia elevando para Vós minhas mãos tão sujas da lama de minha alma de pecador, querendo Vos ofertar toda minha vil condição? Acaso ficarias ofendido se o presente que Vos posso dar não são as resplandecentes virtudes que os santos Vos ofertaram, mas somente minhas feridas apodrecidas e abertas? 


Ah! Meu Deus, eu sei que isto não é de modo nenhum um devaneio meu, pois sinto-me irresistivelmente impelido por Vós mesmo a fazer tal coisa.


 Quando vos contemplo na manjedoura, Vossa pequenez e fragilidade assumidas por amor a mim, eu vejo Vosso sorriso entre as palhas do estábulo, e então reconheço nelas as escórias do meu coração tão sujo e frio. 




Quando Vos contemplo nu e coberto de chagas na Cruz, na qual subiste por amor a mim, vejo que os pregos que vos pregaram são as minhas dores e misérias, e que os espinhos de Vossa coroa são meus pensamentos tão vis, doentios e egoístas. 



Quando Vos adoro na Eucaristia, vejo que não aniquilastes a matéria frágil do pão, mas a assumistes para revelar o Vosso amor para nós, vejo que desejas a minha fraqueza para que através dela também possas amar os que de mim se aproximam. 


 Então, meu Senhor, já que tens essa preferência pelo que é débil e sem valor, sinto-me motivado por Vós mesmo a dar-Vos a miséria que sou. Ofereço-Vos, para satisfazer as grandes e infinitas torrentes de Vossa infinita Misericórdia, o profundo abismo do meu nada, a fim de que estas impetuosas águas encontrem um desaguadouro onde podem represar-se e transbordar. 


Ofereço-Vos os negros carvões de meus pecados e lanço-os na ardente fornalha do Vosso Amor, a fim de que sejam transformados por este fogo que não se apaga. Ofereço-Vos, enfim, todos os frágeis odres de minha humanidade, a fim de receberem o Vosso Vinho novo. 




Coloco-me como a frágil e quebradiça hóstia em Vosso altar, pois sei que não é um ato meu consagra-me, mas antes, é ato Vosso transformar-me em Vós mesmo. Como o holocausto de Elias, não quero ser consumido por outro fogo, a não ser pelo ardente braseiro de Vossa infinita Misericórdia, que se atrai por holocaustos fracos e imperfeitos como eu.



 Sim, pois sei que mais estais Vós sedento de consumir-me do que eu de entregar-me a Vós. Por isso, atraí-me, Vos peço, roubai-me, a fim de que eu esteja pobre e despojado até de minha própria pobreza, para que não me reste nada a não ser a Vós mesmo. Quero permanecer para sempre vazio de mim mesmo para estar repleto de Vós, de tal modo que não encontre em mim mesmo nada a não ser a Vós.


Quero ser para sempre um nada em Vossas mãos, e de tal modo quero ser que não reste em mim nenhum desejo a não ser amar-Vos a cada segundo. Esvazia-me, a fim de que se eu sofrer não encontre mais pena, mas a Vós, se eu amar não encontre meus afetos, mas a Vós, se me alegrar ou chorar, se viver ou morrer, se deitar ou levantar eu só possa encontrar a Vós, em tudo e em todos. 

Eis aqui, meu Deus, minha homenagem. Que ela ao menos Vos faça sorrir, pois vem de um coração tão fraco e pequeno, dessa Vossa criança que não tem outro desejo a não ser dar-Vos alegria, apesar de sua fraqueza.


Aceita, Senhor, como uma oferta agradável o sorriso de felicidade que Vós mesmo fizestes brotar em mim...Obrigado por tudo, meu Deus! Deste pequeno nada que não deseja outra coisa a não ser Vos amar.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Cruz: o outro nome do Amor



Uma Cruz, um Homem, dor e sangue. Natureza e humanidade num encontro mortal. Um espetáculo sangrento, com requintes do absurdo, mas curiosamente proporcionando beleza. Uma sinfonia onde a dissonância produziu melodia. 


Do embate amargo entre a truculência romana e a disponibilidade intrigante Daquele humilde e belo judeu, nasceu o baile da esperança. Coisas de um Deus detalhista, amorosamente artístico. Deus abraçou a cruz, mas permaneceu com os braços abertos, formando assim o majestoso canal por onde angústias e ódios podem esvair-se.




A cruz é o ponto exato da convergência dos contrastes. A mais aguda dor, na mais doce ternura. A mais apavorante cena, no enredo mais lindo. O frágil judeu espancado, revelando-se O "maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9,6)


No auge das trevas, a Luz do mundo brilha mais fortemente quando parece que vai apagar-se. No alto da cruz, o Deus solitário grita, mas não é um grito, é meu nome que escapa. Benditos contrastes!



Nos ombros, o peso do mundo. Um caminhar lento, pesaroso, como se milhares de mãos no peito o empurrassem para trás. Ele avança. Sabe que eu preciso.


É como o pai que mesmo humilhado na guerra diária da vida, engole calado as contrariedades de seu trabalho árduo porque sabe que o filho precisa de pão. No grande trabalho da Cruz, este Cordeiro quanto mais sobe o Calvário e quanto mais humilhado fica, mas este enche a minha vida do pão da dignidade. Ele sabe disso, e continua.


Sede. O corpo avista a placa do limite que Ele já passou. Um líquido horrível e amargo lhe é apresentado. Este é o fel que amargura aquele que só nos dá doçura. Ali, pendendo como um fruto de uma árvore, está um corpo em frangalhos.


Fracasso? Não! Triunfo! O mais absoluto triunfo! A chave é virada na fechadura da Graça. A porta está aberta. O véu perdeu a legitimidade. Não há mais fronteiras. O Servo venceu. O Humilhado é digno. Minha alma agora pode adorar. Caiu a cadeia que me sufocava.


Após a ressurreição, ele mantém suas feridas. Um lembrete mudo daquele limite. Ele anda pela vida nos encontros com seus amados. Transmitindo-lhes uma certeza: valeu à pena! Por causa disso, agora estou livre. Posso cruzar fronteiras! Posso olhar para dentro de mim.



Agora, a Ceia do Senhor tem um colorido magistral: "fazei isto em memória de mim": posso olhar para trás livre dos temores do passado. Agora eu posso fechar os olhos e olhar para dentro de mim mesmo, pois sei que os fantasmas dos sonhos mortos já não pode me assustar, pois Ele venceu meus erros do passado, e também  posso aguardar o amanhã confiante, pois sei que lá está esperando-me de braços abertos.

Como diz a letra de uma música: "Leva-me pra Cruz onde eu te encontro", lá, na Cruz de cada dia, encontro o motivo para eu abraçá-la: Jesus crucificado, preso por Amor a minhas cruzes. Contemplando-o tomo coragem.


A extraordinária beleza da cruz transmite certezas ao meu caminhar. Seu legado anda comigo: Perdão, Graça, entrega, Amor. É libertador ter a certeza feliz do Deus forte nos fracos. Ontem eu tive a certeza: Amor é o outro nome da cruz.


Obrigado Jorge Lucas