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sexta-feira, 8 de julho de 2011

COMUNIDADE: LIBERDADE PESSOAL E CONSTRUÇÃO DA FRATERNIDADE



"Carregai os fardos uns dos outros; assim cumprireis a lei de Cristo" (Gl 6, 2). 

Em toda a dinâmica comunitária, Cristo, em seu mistério pascal, permanece o modelo de como se constrói a unidade. O mandamento do amor mútuo tem, de fato, nele a fonte, o modelo e a medida: devemos amar-nos como Ele nos amou. E Ele nos amou até dar a vida. Nossa vida é participação na caridade de Cristo, em seu amor ao Pai e aos irmãos, um amor esquecido de si mesmo.

Mas tudo isso não é conforme à natureza do "homem velho" que deseja, sim, a comunhão e a unidade, mas não pretende nem está disposto a pagar o preço, em termos de esforço e de dedicação pessoal. 



O caminho que vai do homem velho, que tende a fechar-se em si mesmo, ao homem novo, que se doa aos outros, é longo e cansativo. 

Os santos fundadores insistiram realisticamente sobre as dificuldades e sobre as ciladas dessa passagem, conscientes como estavam de que a comunidade não se pode improvisar. Ela não é coisa espontânea nem realização que se consiga em breve tempo.

Para viver como irmãos e irmãs é necessário um verdadeiro caminho de libertação interior. Como Israel, libertado do Egito, tornou-se Povo de Deus depois de ter feito uma longa caminhada no deserto sob a guia de Moisés, assim a comunidade inserida na Igreja, povo de Deus, é construída por pessoas que Cristo libertou e fez capazes de amar de seu jeito, através do dom de seu Amor libertador e da aceitação cordial daqueles que Ele dá como seus guias.


O amor de Cristo, difundido em nossos corações, impele a amar os irmãos e as irmãs até o assumir suas fraquezas, seus problemas, suas dificuldades. Numa palavra: até a doar-nos a nós mesmos.




 Cristo dá à pessoa duas fundamentais certezas: a de ser infinitamente amada e de poder amar sem limites. Nada como a cruz de Cristo pode dar, de modo pleno e definitivo, essas certezas e a liberdade que delas deriva. 

Graças a elas, a pessoa consagrada se liberta progressivamente da necessidade de colocar-se no centro de tudo e de possuir o outro e do medo de doar-se aos irmãos; aprende, ao contrário, a amar como Cristo a amou, com aquele amor que agora é derramado em seu coração e a faz capaz de esquecer-se e de doar-se como fez seu Senhor.

Em virtude desse amor nasce a comunidade como um conjunto de pessoas livres e libertadas pela cruz de Cristo.

Esse caminho de libertação que conduz à plena comunhão e à liberdade dos filhos de Deus exige, porém, a coragem da renuncia a si mesmo na aceitação e no acolhimento do outro, a partir da autoridade.


Notou-se, em mais de um lugar, que isso constituiu um dos pontos mais fracos do período de renovação destes anos. 

Aumentaram os conhecimentos, estudaram-se diversos aspectos da vida comum, mas cuidou-se menos do esforço ascético, necessário e insubstituível para qualquer libertação capaz de fazer de um grupo de pessoas uma fraternidade cristã.

A comunhão é um dom oferecido que exige também uma resposta, um paciente tirocínio e um combate para superar o espontaneismo e a instabilidade dos desejos. O altíssimo ideal comunitário comporta necessariamente a conversão de qualquer atitude que causasse obstáculo à comunhão.


A comunidade sem mística não tem alma, mas sem ascese não tem corpo. Exige-se «sinergia» (cooperação) entre o dom de Deus e o esforço pessoal para construir uma comunhão encarnada, isto é, para dar carne o consistência à graça e ao dom da comunhão fraterna.

É necessário admitir que esse assunto causa problema hoje, tanto junto aos jovens como junto aos adultos. Muitas vezes os jovens provêm de uma cultura que aprecia excessivamente a subjetividade e a busca da realização pessoal, enquanto os adultos ou estão ancorados em estruturas do passado ou vivem certo desencanto diante do «assembleismo» dos anos passados, fonte de verbalismo e de incerteza.

Se é verdade que a comunhão não existe sem a oblatividade de cada um, é necessário que se afastem desde o início as ilusões de que tudo deve vir dos outros; é necessário que se ajude a descobrir com gratidão quanto lá se recebeu e se está, de fato, recebendo dos outros. 

É bom preparar os jovens, desde o início, para serem construtores e não somente consumidores da comunidade; para serem responsáveis um pelo crescimento do outro; para estarem abertos e disponíveis a receber um o dom do outro, capazes de ajudar e ser ajudados, de substituir e ser substituídos.


Uma vida comum, fraterna e partilhada, tem um natural fascínio sobre os jovens, mas depois o perseverar nas reais condições de vida pode se tornar um pesado fardo. A formação inicial deve, pois, levar a uma tomada de consciência dos sacrifícios exigidos pelo viver em comunidade, a uma sua aceitação em vista de um relacionamento alegre e verdadeiramente fraterno e a todas as outras atitudes típicas de um homem interiormente livre.

Quando alguém se perde pelos irmãos, se encontra a si mesmo.

É necessário, além disso, lembrar sempre que a realização dos religiosos e religiosas passa através de suas comunidades. 

Quem procura viver uma vida independente, separada da comunidade, certamente não adentrou o caminho seguro da perfeição do próprio estado.


Enquanto a sociedade ocidental aplaude a pessoa independente que sabe realizar-se por si mesma, o individualista seguro de si mesmo, o Evangelho exige pessoas que, como o grão de trigo, sabem morrer a si mesmas para que renasça a vida fraterna.


Assim a comunidade se torna uma «Schola Amori » (escola de amor) para jovens e adultos, uma escola onde se aprende a amar a Deus, a amar os irmãos e as irmãs com quem se vive, a amar a humanidade necessitada da misericórdiasolidariedade fraterna.

O ideal comunitário não deve fazer esquecer que toda a realidade cristã se edifica sobre a fraqueza humana. A "comunidade ideal", perfeita, ainda não existe: a perfeita comunhão dos santos é meta na Jerusalém celeste.
O nosso é o tempo da edificação e da construção contínua: sempre é possível melhorar e caminhar juntos para a comunidade que sabe viver o perdão e o amor. As comunidades, na verdade, não podem evitar todos os conflitos. A unidade que devem construir é uma unidade que se estabelece a preço da reconciliação. A situação de imperfeição da comunidade não deve desencorajar.

As comunidades retomam cotidianamente o caminho, sustentadas pelo ensinamento dos Apóstolos: "amai-vos uns aos outros com afeto fraterno, rivalizando em estimar-vos mutuamente" (Rm 12, 10); "tende os mesmos sentimentos uns para com os outros" (Rm 12, 16); "acolhei-vos, por isso, uns aos outros como Cristo vos acolheu" (Rm 15, 7); "corrigivos um ao outro" (Rm 15, 14); "esperai uns pelos outros" (1 Cor 11, 33); "por meio da caridade estejais a serviço uns dos outros" (Gl 5, 13); "confortai-vos mutamente" (1 Ts 5, 11); "suportando-vos mutuamente com amor" (Ef 4,2); "sede, pelo contrário, benévolos uns para com os outros, misericordiosos, perdoando-vos mutuamente" (Ef 4, 32); "sede submissos uns aos outros no temor de Cristo" (Ef 5, 21); "orai uns pelos outros"(Tg 5, 16); "revesti-vos todos de humildade uns para com os outros" (1 Pd 5, 5); "estejamos em comunhão uns com os outros" ( 1 Jo 1, 7); "não nos cansemos a fazer o bem a todos, sobretudo aos nossos irmãos na fé" (Gl 6, 9-10).


Para favorecer a comunhão dos espíritos e dos corações daqueles que, são chamados a viver juntos numa comunidade, parece oportuno recordar la necessidade de cultivar as qualidades requeridas em todas as relações humanas: educação, gentileza, sinceridade, controle de si mesmo, delicadeza, senso de humorismo e espírito de partilha.

Os documentos do Magistério destes anos são ricos de sugestões e assinalações úteis para a convivência comunitária, como: a alegre simplicidade, a clareza e a confiança recíprocas, a capacidade de diálogo, a adesão sincera a uma benéfica disciplina comunitária.

Não se pode esquecer, enfim, que a paz e o gosto de estar juntos são um dos sinais do Reino de Deus. A alegria de viver, mesmo em meio às dificuldades do caminho humano e espiritual e aos aborrecimentos cotidianos, já faz parte do Reino. 

Essa alegria é fruto do Espírito e envolve a simplicidade da existência e o tecido monótono do cotidiano. Uma fraternidade sem alegria é uma fraternidade que se apaga. Muito rapidamente os membros serão tentados a procurar em outros lugares o que não podem encontrar em casa. 



Uma fraternidade rica de alegria é um verdadeiro dom do Alto aos irmãos que sabem pedi-lo e que sabem aceitar-se empenhando-se na vida fraterna com confiança na ação do Espírito.

Realizam-se assim as palavras do Salmo: "como é bom, como é agradável os irmãos morarem juntos… Aí o Senhor dá sua benção e a vida para sempre" (Sl 133, 1-3), "porque quando vivem juntos fraternalmente, reúnem-se na assembléia da Igreja, sentem-se concordes na caridade e num só querer". 

Esse testemunho de alegria constitui uma grandíssima atração para a vida religiosa, uma fonte de novas vocações e um sustentáculo para a perseverança. É muito importante cultivar essa alegria na comunidade religiosa: a sobrecarga de trabalho pode apagá-la, o zelo excessivo por algumas causas pode fazê-la cair no esquecimento, o contínuo interrogar-se sobre a própria identidade e sobre o próprio futuro pode ofuscá-la.


Mas o saber fazer festa juntos, o conceder-se momentos de distensão pessoal e comunitária, o tomar distância de quando em quando do próprio trabalho, o alegrar-se nas alegrias do irmão, a atenção solícita às necessidades dos irmãos e irmãs, o empenho confiante no trabalho apostólico, o afrontar com misericórdia as situações, o ir ao encontro do amanhã com a esperança de encontrar sempre, e em qualquer caso, o Senhor: tudo isso alimenta a serenidade, a paz, a alegria. E se torna força na ação apostólica.

A alegria é um esplêndido testemunho do caráter evangélico de uma comunidade religiosa, ponto de chegada de um caminho não isento de tribulação, mas possível, porque sustentado pela oração: "Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração" (Rm 12, 12).

 Dedicado a todos os que vivem em comunidade, especialmente meus irmãos e irmãos,Filhos e filhas da Misericórdia, companheiros meus de caminhada rumo ao céu...a vocês minha gratidão...

sábado, 2 de julho de 2011

A festa do Imaculado Coração de Maria

Na Sagrada Escritura, a palavra "coração" é a base da relação moral-religioso humano com Deus



O coração é o centro de toda a vida espiritual do homem é a fonte da vida, memória, pensamento, portanto, ele representa toda voda interior do homem: o coração é entendido como um lugar de encontro com Deus!



O termo "coração imaculado", aplicado a Maria se tornou de uso comum com a definição do dogma da Imaculada Conceição e alcançou seu auge no ano 1942-1952, por causa dos acontecimentos de Fátima, que levaram à consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, que foi seguido por uma multidão de outras consagrações por instituições e indivíduos.


 
Devoção ao coração de Maria tem o singular privilégio de poder contar com dois textos-chave do Novo Testamento. São eles: "Maria, por sua vez, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração" (Lucas 2,19), "Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração" (Lc 2,51).



 
Nesses dois textos vemos a profundidade da união de Maria com a Vontade de Deus e a associação do seu coração Imaculado ao de seu Filho.  

Tudo o que diz respeito ao Filho tem lugar no coração e na alma da Mãe! Maria como que inclinando-se nas profundezas do seu coração, escuta e aprofunda a Palavra de Deus, o Verbo Eterno que já a habita totalmente!





Aqui nesses textos vemos a atitude contemplativa de Maria relacionada aos mistérios da vida de Jesus: podemos pensar em Maria, que, após o anúncio do anjo, e questionando a vontade de Deus a respeito dele e repete a resposta de aceitação: "Faça-se em mim segundo tua Palavra"(Lc 1,37).

É a oração da plena adesão do Coração de Maria à vontade de Deus!
Assim, somos ensinados que meditar todas as coisas 'dentro' do nosso coração. Devemos guardar como num cofre, as palavras e ações do Senhor em nossa vida, fazendo um compromisso permanente da fé cristã, o nosso "fiat" diário, para todos, a qualquer momento e em qualquer lugar. Isso é configirar-nos ao coração de Maria.


 
A atitude de Maria de meditar e guardar tudo em seu coração nos inspira em nossa fé, quando o golpe das provações e os ventos das tempestades fazem-nos achar que tudo está acabado, devemos nos apoiar na memória do que o Senhor tem feito em nossas vidas.

Ah! Como devia ser profundo o olhar de Maria para dentro de seu próprio Coração, pois lá, estava Jesus, Verbo Encarnado.



Naquele tempo, Jesus vivia em Maria e, em certo sentido, fazia parte dela; o Seu coração estava junto ao de Maria. Naquele tempo, Maria vivia em Jesus porque Ele era o seu tudo; o coração de Maria estava junto do coração de Jesus e dava-lhe vida. Naquele tempo, Jesus e Maria não eram mais do que um só, vivendo na terra. O coração de um vivia e respirava apenas em função do outro.

Estes dois corações, tão próximos e divinos, vivendo juntos com ânimo tão elevado, o que não serão um ao outro, o que não farão eles um com o outro? Só o amor o pode calcular, o amor divino e celeste, o próprio amor de Jesus.Isso nos faz exclamar, olhando para o Coração Imaculado de Maria e lá vendo o Coração de Jesus: "Ó coração de Jesus vivendo em Maria e por Maria! Ó coração de Maria vivendo em Jesus e por Jesus! Ó excelente união dos dois corações!"





 
O coração da Virgem foi o primeiro altar sobre o qual Jesus ofereceu em Hóstia de louvor perpétuo o Seu coração, o Seu corpo e o Seu espírito, sobre o qual Jesus ofereceu o Seu primeiro sacrifício e fez a primeira oblação perpétua de Si próprio.
A festa litúrgica do Coração de Maria passou por muitas vicissitudes. De acordo com a história, houve primeiramente uma devoção privada ininterrupta, que não chegou a formas públicas oficiais.

Efetivamente, a primeira festa litúrgica do Coração de Maria foi celebrada a 8 de Fevereiro de 1648, na diocese de Autun (França). Em 1864, alguns bispos pedem ao Papa a consagração do mundo ao Coração de Maria, aduzindo como justificativa e motivo a realeza de Maria. 
O pedido decisivo partiu de Fátima e do episcopado português.
Inesperadamente, a 31 de Outubro de 1942, Pio XII, na sua mensagem radiofónica em português, consagrava o mundo ao Coração de Maria. 



O Papa Paulo VI, a 21 de Novembro de 1964, ao encerrar a terceira sessão do Concílio Vaticano II, renovava, na presença dos padres conciliares, a consagração ao Coração de Maria feita por Pio XII. 
Mais recentemente, João Paulo II, no fim de sua primeira encíclica, “Redemptor Hominis” (4 de março de 1979), escreveu um significativo texto sobre o Coração de Maria. 
Ao tratar do mistério da redenção diz o Papa: “Este mistério formou-se, podemos dizer, no coração da Virgem de Nazaré, quando pronunciou o seu “fiat”. A partir de tal momento, este coração virginal e ao mesmo tempo materno, sob a ação particular do Espírito Santo, acompanha sempre a obra do seu Filho e dirige-se a todos os que Cristo abraçou e abraça continuamente no seu inesgotável amor. 
E por isso este coração deve ser também maternalmente inesgotável. A característica deste amor materno, que a mãe de Deus incute no mistério da redenção e na vida da Igreja, encontra sua expressão na sua singular proximidade do homem e de todas as suas vicissitudes. Nisso consiste o mistério da mãe”.





A Exortação Apostólica “Marialis cultus” (2/2/1974), do Papa Paulo VI inclui a memória do Coração Imaculado da bem-aventurada Virgem Maria entre as “memórias ou festas que ... expressam orientações surgidas na piedade contemporânea”, colocando-a no dia seguinte à solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus.

Essa aproximação das duas festas (Sacratíssimo Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria) faz-nos voltar à origem histórica da devoção: na verdade, São João Eudes, nos seus escritos, jamais separa os dois corações. Aliás, durante nove meses, a vida do Filho de Deus feito carne pulsou seguindo o mesmo ritmo da vida do coração de Maria. Mas os textos próprios da missa do dia destacam mais a beleza espiritual do coração da primeira discípula de Cristo.

Ela, na verdade, trouxe Jesus mais no coração do que no ventre; gerou-o mais com a fé do que com a carne! De acordo com textos bíblicos, Maria escutava e meditava no seu coração a palavra do Senhor, que era para ela como um pão que nutria o íntimo, como que uma água borbulhante que irriga um terreno fecundo. 

Neste contexto, aparece a fase dinâmica da fé de Maria: recordar para aprofundar, confrontar para encarnar, refletir para atualizar.




Maria nos ensina como hospedar Deus, como nutrir-nos com o seu Verbo, como viver tentando saciar a fome e a sede que temos dele. Maria tornou-se, assim, o protótipo dos que escutam a palavra de Deus e dela fazem o seu tesouro; o modelo perfeito dos que na Igreja devem descobrir, por meio de meditação profunda, o hoje desta mensagem divina.
Imitar Maria nesta sua atitude quer dizer permanecermos sempre atentos aos sinais do tempos, isto é, ao que Deus vai realizando na história por trás das aparências da normalidade; em uma palavra, quer dizer refletir, com o coração de Maria, sobre os acontecimentos da vida quotidiana, destes tirando, como ela o fazia, conclusões de fé.

Ajuda-nos, Mãe, a meditar e guardar todas as coisas de Deus em nosso pobre coração.

Imaculado Coração de Maria, sede toda nossa alegria!

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus



 A devoção ao Sagrado Coração de Jesus consiste primariamente na consideração e aceitação da inexaurível fonte de misericórdia e de amor de Deus por nós através do coração trespassado de Cristo.


 O Sagrado Coração de Jesus simboliza o amor de Deus por nós de maneira humana, concreta, profunda e atrativa.Esta devoção nasceu primeiramente no século XII.






 Enquanto os teólogos, como S. Boaventura, deram o nome a esta devoção, ela foi propagada primariamente através das experiências e dos escritos dos místicos, como Santa Matilde de Madburgo, Santa Juliana da Noruega e Santa Catarina de Sena.


 No século XVII teve um grande incremento e muita popularidade e foi objeto de uma especial devoção.


 Tanto S. Francisco de Sales como S. João Eudes, foram os grandes promotores.


 A religiosa Visitandina Santa Margarida Maria Alacoque teve visões especiais do Sagrado Coração de Jesus em (1673-1675) em Paray-le-Monial e recebeu um conjunto de 12 promessas que viriam a ter uma grande influência na devoção popular católica ao Sagrado Coração de Jesus. 


            A devoção ao Sagrado Coração de Jesus foi, na verdade, um meio providencial para a renovação da vida cristã.O Protestantismo no século XVI e o Jansenismo no século XVII haviam, com efeito, desfigurado uma das verdades essenciais do Cristianismo, o amor de Deus para com todos os homens. 




            Tornava-se, por isso, necessário que o Espírito de amor, que dirige a Igreja, encontrasse um meio, que permitisse à Esposa de Cristo impedir a infiltração da heresia. 

            E a devoção ao Coração de Cristo foi esse meio providencial, pelo qual o Povo de Deus reagiu contra a concepção excessivamente rigorista das relações entre Deus e o homem - concepção que, levada às suas últimas consequências, seria o renascer da ideia pagã de um Deus vingador e, portanto, a anulação da história da salvação e da incessante misericórdia divina.




            Liturgicamente, a observância da festa do Sagrado Coração de Jesus foi autorizada pela Igreja em 1765 pelo papa Clemente XIII e, a partir daí, difundida pelos papas Pio IX, Leão XIII, e Pio XI.


            Em 1856 Pio IX (1846-1878) estendeu a festa do Sagrado Coração de Jesus a toda a Igreja.

            Em 16 de Junho de 1875, consagrou o mundo católico ao Sagrado Coração de Jesus.

            Em 1928 Pio XI (1922-1939), definiu a festa do Sagrado Coração como a característica do seu tempo.





            Em resposta às visões da irmã Droste-Vishering, e seguindo o exemplo do seu antecessor, Leão XIII, no Ano Jubilar de 1900, consagrou de novo a raça humana ao Sagrado Coração de Jesus.


            Depois da reforma Litúrgica do Concílio Vaticano II a festa do Sagrado Coração de Jesus começou a ser celebrada como Solenidade na Sexta-Feira da segunda semana depois do Pentecostes, na Sexta-Feira depois da festa do Corpo de Deus.


             Em relação com esta devoção andam :

-          Primeiras Sextas-Feiras de 9 meses consecutivos.

-          Apostolado da Oração.

-          Cruzada Eucarística das Crianças.

-          Hora Santa.

-          Promessas do Sagrado Coração de Jesus.

-          Solenidade do Sagrado Coração de Jesus que este ano é no dia 1 de Julho.

           

            Santa Margarida Maria Alacoque.



 

            Nasceu em França em 1647 e, como seu pai faleceu quando ela tinha 8 anos, mandaram-na para uma escola do convento.

            Era muito piedosa e fez a Primeira comunhão com 9 anos, o que não era comum naquele tempo.

            Dois anos depois voltou para casa por motivos de doença e esteve retida no seu leito vários anos.

            Quiseram que ela se casasse mas ela sempre recusou e aos 24 anos entrou na clausura da Visitação do convento de Paray-le-Monial.

            Entre 1673 e 1675 teve uma série de visões de Deus, pedindo a devoção ao Sagrado Coração de Jesus com um conjunto de 12 promessas.

            Quando ela contou as suas visões à Madre Superiora, ela não acreditou, tratando-a com desprezo e humilhação, e também sofreu semelhantes humilhações das irmãs da Comunidade.

            Mas um dia, quando, pela oração humilde obteve a cura de uma enfermidade mortal, a superiora foi levada a acreditar.

            Quando foi nomeada outra Superiora, Margarida foi escolhida para Mestra das Noviças e aproveitou esta posição para divulgar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

            Durante vários anos a Comunidade celebrou a festa do Sagrado Coração de Jesus no dia 21 de Junho e foi construída uma capela em honra do Sagrado Coração de Jesus.

            Esta devoção e esta festa passaram para outros conventos em toda a França até que a Igreja a estendeu a todo o mundo.

            Santa Margarida faleceu em 1690 e foi canonizada em 1920 por Bento XV (1914-1922).



                   

            O Mistério do Coração de Cristo é o caminho para a plena libertação do homem, libertação tantas vezes  procurada através de caminhos que só conduzem à degradação da mesma dignidade humana.