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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A TERNURA DE UM BOM PASTOR





A imagem do pastor e das ovelhas é muito frequente na Sagrada Escritura. Jesus não se coíbe de a usar em diversas ocasiões. A ovelha é um símbolo pascal, todavia encerra na sua representação um outro simbolismo mais profundo.

A humanidade revela-se na metáfora do rebanho. A imagem de fragilidade, debilidade e insegurança, que é transmitida pela ovelha, representa-nos a todos nós diante da nossa existência: débeis, limitados, hesitantes. O Pastor é Cristo que nos guarda, defende e conduz.

Jesus Cristo bom pastor se revela para nós como mediador, mediador entre o nosso nada e o amor infinito e eterno do Pai. É Aquele no qual somos convidados a colocar toda a nossa segurança e apoio. Tal como a criança nos braços da mãe se apresenta protegida de todos os males da existência, assim o pastor aparece no centro do rebanho como aquele que cuida, liberta e protege. É uma figura que dá confiança, na qual nos podemos fiar, "pôr fé". Assim nos devemos sentir quando abordamos a verdade da nossa identidade. Quem somos? Como nos situarmos diante do drama da nossa existência? Nascemos e vamos morrer. Por muito que nos exaltemos em certas situações e contextos da nossa vida, mais tarde ou mais cedo nos apercebemos da nossa pequenez, da nossa impotência perante a realidade que nos circunda.

Essa condição de debilidade e fragilidade, que todos nós tendemos a afastar do nosso horizonte, é justamente o que atrai o olhar terno do pastor sobre nós, que o faz estender seus braços sobre nossa fraqueza e nos colocar ao seu colo.

Quando perdemos o controle de nós mesmos, quando a dúvida aparece, quando a nossa força aparente parece ter desaparecido, é importante sentir-mo-nos acompanhados por Alguém que nos oferece respostas e proteção.

O Pastor está lá ao nosso lado, sempre, ainda que O não queiramos aceitar. Oferece as respostas que procuramos. Pede-nos para aceitar a nossa pequenez: "Vinde a Mim todos vos que estais cansados e fatigados sob o peso do fardo"(Mt 11, 28) ou "Quem for pequenino venha a mim"(Pr 9,4). Como dizia Teresa de Ávila, "a humildade é a verdade" e somente quando acolhemos a verdade do nós mesmos podemos confiar na misericórdia desse pastor que nos conduz.

Da mesma forma que Jesus se apresenta como o Pastor de todos os homens e mulheres, todos os cristãos são chamados a este papel de consoladores dos mais fracos e sós. Somos todos chamados a ser pastores uns dos outros, a ser sinónimo de confiança e atenção. Assim como o pastor está atento a cada uma das suas ovelhas, especialmente daquelas que mais precisam do seu olhar e cuidado, assim também todos nós que nos propomos seguir os passos do Pastor que não se contentando em nos esperar rompeu os Céus para vir ao nosso encontro.

Ser pastor implica uma necessária atenção pelas ovelhas que se afastam do redil. Jesus é o Pastor que tudo larga para buscar a ovelha perdida, não importando o tempo ou o lugar. Esta é a imagem do cristão que quer viver perseguindo os passos de Jesus. Não aponta o dedo, mas acolhe; não se revolta, mas abre os braços para receber; esquece tudo o resto para poder recuperar aquele que se perdeu.

É este o apelo profundo que Jesus faz a todos nós que o queremos seguir. Olhemos com verdade para a realidade da humanidade sofrida, atentemos nos gestos habituais de todos nós, e procuremos perceber se a nossa atitude é tal como o acolhimento do Bom Pastor, que olha e cuida pelas suas ovelhas.

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