Membros do Blog Filhos da Misericórdia...participe também!

quinta-feira, 29 de março de 2012

O olhar de Deus


Na vida, muitas vezes nós nos acostumamos com o fracasso, e nos esquecemos do sentido de para que fomos criados. São muitos os olhares que espreitam, observando e esperando a nossa queda.
O nosso próprio olhar se desvia e, uma vez desviado, adentramos numa escuridão pavorosa. O medo de não dar certo nos prende em territórios escuros, sem a menor intenção de revelar as estrelas ou de preparar a aurora. O medo de errar deixa-nos na inércia.
As quedas nos impedem de dar passos quando não entendemos o seu verdadeiro significado. No entanto, em meio a tantos olhares que nos olham depressa demais, sempre aparece aquele olhar que nos devolve a capacidade de conhecer quem somos.
Olhos que nos revelam os olhos de Jesus, olhar que vem dar significado a nós, olhar que nos faz entender um pouco do que é o amor.
Dentre as capacidades que temos uma das mais bonita, é a de recomeçar. Recomeçamos porque não somos criados para o fracasso, para o erro, para a perdição. Prova disso é que constantemente nos pegamos agindo assim, saindo da rota que não nos leva a lugar algum; buscando forças para nos levantar de nossas quedas.
Às vezes, é preciso relembrar que podemos ficar em pé e caminhar outra vez. Tem dias que precisamos de muito mais do que uma resposta pronta, precisamos de um olhar que nos ame. E das outras coisas, o olhar amoroso toma conta naquele instante eterno. Esse olhar amoroso vem de quem está disposto a se doar em amor a nós e, assim, nos reerguer.
O paradoxo do amor é interessantíssimo: quanto mais se doa, mais se enche.
Deus nos conhece, sabe de nossas necessidades, de nossas fragilidades; mas sabe também dos dons e talentos que ele mesmo nos concedeu, sabe de nossas possibilidades.
Em seu infinito amor misericordioso, quando nos vê cambaleantes, quando percebe que já não acreditamos muito em nós mesmos, já não cremos que seremos capazes de seguir o caminho pedregoso que nos fará felizes, Ele lança sobre nós o seu olhar de amor .
Esse olhar chega sem pressa, pois não quer o que está na superfície, não quer enxergar o mesmo que estamos enxergando naquele momento de vazio, sofrimento causado exatamente porque o nosso próprio olhar não vê mais com nitidez o solo santo que somos.
Deus nos olha sem pressa, quer ver e nos mostrar novamente esse solo santo, quer que entendamos o que somos, amplia a nossa autopercepção, devolve-nos a coragem de recomeçar, devolve-nos o ânimo perdido.
Olhares de Deus que vêm falar mais do que as palavras têm capacidade de dizer. Olhos que, ao nos contemplarem, nos enchem de amor; e o amor faz com que recobremos as forças de caminhar.
 Olhos que nos mostram que não somos obrigados a ficar com as migalhas do mundo, mas que somos convidados para o banquete que Ele nos preparou. Não fomos criados para ficar no chão, muito menos para nos acostumarmos com os fracassos da vida.
Um olhar que ilumina escuridão pela qual devemos passar é aquela que nos indica a luz. Não importa o que tem acontecido em nossa vida, Deus não nos criou para ficarmos presos às derrotas.
Prestemos atenção também no olhar de Deus através de tantas pessoas que Ele coloca em nossa vida. Para demonstrar o amor que tem por nós, Deus coloca em nossas vidas alguns anjos. Esses “mensageiros”, do latim “ângelus”, não possuem asas, mas conseguem mostrar-nos e fazer viver a liberdade de um pássaro.
Não possuem auréolas, mas as palavras que nos dizem indicam a presença do Espírito Santo, transmitida em forma de tranquilidade, paciência e cautela. Nem sempre se vestem de branco e, apesar de humanos, buscam a pureza em meio à insanidade que todos os dias bate às nossas portas.
Buscam a aurora na escuridão. A principal tarefa deles é mostrar a nós o que temos de melhor. E isso é também, fazer de nós conhecedores de nós mesmos. É de suma importância reconhecer nossos erros, nossos espinhos, nossas atitudes, mas Deus também vê quando lutamos para dizer “não” ao abismo do pecado. Deus também vê que enquanto participantes do seu caminho, tropeçamos, levantamos e continuamos a segui-lo sem precisar de atalhos.
Eu encontrei um brilho nos olhos de muitos irmãos e irmãs que me olharam, e sem perceber, esse brilho, como um farol, indicou o caminho a um barco, indicou-me o caminho a Jesus. Luzes que me atingiram quando eu não sabia que tinha forças para me levantar, forças para encarar meus fracassos e procurar acertos.
 Olhares que ainda me ensinam que não nasci para ser amado de qualquer jeito, que não nasci para ser prisioneiro da escuridão. Permitamo-nos ser amados do jeito certo, aceitemos os olhar de Deus que nos devolver àquilo que temos de mais precioso: o direito de recomeçar.

Nenhum comentário: