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domingo, 21 de junho de 2009

SANTA MISSA: O SANTO SACRIFICIO


I – OS SACRIFÍCIOS x O SACRIFÍCIO


INTRODUÇÃO


Todas as grandes religiões giram em torno de sacrifícios. Pelos sacrifícios os diferentes povos procuram se aproximar de Deus.

A palavra sacrifício pode ter vários significados. Pela junção das duas palavras sacri + ficar significa ficar sagrado, pela etimologia da palavra latina sacre+fazere significa fazer o sagrado, ou seja, separar para Deus, segundo Santo Agostinho. O certo é que o sacrifício está presente na historia, inclusive na Historia Sagrada do Povo de Deus, de modo muito abundante.

Na lei de Moisés (cf. Êxodo) havia os seguintes sacrifícios cruentos[1]:

Holocausto – sacrifício de latria, ou seja, adoração a Deus; As vítimas eram oferecidas ao domínio de Deus. Queimava-se a vítima completamente, ninguém a comia, para prestar, por essa consumação, uma homenagem e um reconhecimento pleno, ao soberano domínio de Deus. Prestava-se, assim, o Culto puro de adoração a Deus.

Hóstia pelo pecado - sacrifício propiciatório: O sacrifício propiciatório era oferecido para a expiação dos pecados, de modo a tornar Deus propício. Também chamado "hóstia pelo pecado”. A vítima era dividida em três partes uma parte consumida no fogo sobre altar, outra queimada fora do acampamento e uma terceira comida pelos sacerdotes.

Sacrifício eucarístico – sacrifício das hóstias pacíficas: O sacrifício eucarístico era oferecido para agradecer a Deus, qualquer graça recebida. Eram sacrifícios de ação de graças.

Sacrifício impetratório – sacrifício de impetração: Era feito para pedir a Deus qualquer graça importante. Os sacrifícios eucarísticos e impetratórios, também chamados de "pacíficos", se distinguiam da "hóstia pelo pecado" pelo fato de que o povo e os sacerdotes deviam participar, consumindo uma parte da vítima.


O sacrifício, portanto, é um oferecimento a Deus de uma coisa sensível para ser destruída ou modificada, o que era feito por quatro razões: I - Reconhecer o domínio soberano de Deus; II - Reconhecer a nossa dívida para com a justiça suprema de Deus e obter o Seu perdão; III - Agradecer as graças alcançadas: IV - Pedir a graça necessitada.

Todos estes sacrifícios do AT são prefigurações do Sacrifício de Cruz de Cristo. Diz o texto Sagrado: "No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." (Jo 1,29). Afirmando assim que Jesus era o verdadeiro Cordeiro do Sacrifício agradável a Deus. E Jesus veio para nos libertar da antiga morte: "E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo" (Hb 2,14).


PRÉ-FIGURAÇÕES DO SANTO SACRIFÍCIO


Estes sacrifícios tinham caráter de preparação para o Sacrifício de Cristo que os substituiu e os superou como um Sacrifício, perfeito e eterno; as cerimônias eram figurativas, e as figuras desaparecem diante da realidade.

Quando se aproxima a instituição do Santo Sacrifício Jesus faz o grande discurso do Pão da vida (ver Jo 6,51-58). Aqui Jesus não está contando uma parábola, nem fala usando sinais.

Compreenderam que Jesus anunciava que iria entregar a sua própria carne para ser "realmente comida" em um sacrifício, não tendo feito uso de metáfora ou símbolo ou muito menos de uma parábola. Se Jesus estivesse fazendo uso de metáfora alguns discípulos não o teriam abandonado (Jo 6,66). Os discípulos não o abandonam quando disse ser a "luz" (Jo 8,12), "porta" (Jo 10,7), "a ressurreição e a vida" (Jo 11,25), "o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6), "a verdadeira vide" (Jo 15,1), afastaram-se somente quando disse que seria "carne, comida". O motivo não pode ser outro que o de comunicar-lhes de que seria a vítima de um sacrifício. Foi essa idéia que não suportaram, abandonando-O.

Jesus prossegue dizendo: "Eu sou o PÃO VIVO DESCIDO DO CÉU. Quem comer deste PÃO viverá eternamente. O PÃO que eu DAREI é a minha carne para a VIDA DO MUNDO" (Jo 6,51). Jesus usa o futuro "DAREI a minha carne para a vida do mundo", anunciando a futura doação, seja na Instituição da Eucaristia seja na Cruz.

Pouco a pouco Jesus vai substituindo as antigas coisas pelas novas, vai cumprindo toda a Lei e Profecia. Chega então o momento d’Ele cumprir as relacionadas ao Santo Sacrifício, aos Sacerdotes e à Santa Missa, pois está escrito: “Desde o nascer ao pôr do sol, será oferecido, em todo lugar, em toda parte, um sacrifício puro e sem manchas à majestade do Altíssimo” (Ml 1, 11) e ainda: “Nunca se verá faltar os sacerdotes e os sacrifícios” (Jr 33, 18).

Para realçar o fato da identidade de Jesus como o Cordeiro Pascoal, os Evangelistas que narram a Instituição da Eucaristia, dispõem-na no mesmo dia da Sua Morte, levando-se em conta que o dia para o judeu começava à tarde e terminava na tarde seguinte. É o próprio Jesus que vinculou tudo (Páscoa e Aliança, Eucaristia e Morte na Cruz) de modo inseparável: Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; Lc 22,19-20; 1Cor 11,23-25.

Apesar de cada narrador pretender abordar um ângulo diferente, existem detalhes que lhes são comuns. Destaca-se, para o nosso exame, o Sangue da Aliança, em Mateus e Marcos, e a Nova Aliança em Meu Sangue, em Lucas e Paulo.

O derramar o sangue, a que Cristo em Mateus se refere, é o rito de expiação: "Se a sua oferenda consistir em holocausto de animal grande, oferecerá um macho sem defeito... Porá a mão sobre a cabeça da vítima e esta será aceita para que se faça por ele o rito de expiação. Em seguida imolará o novilho diante de Iahweh, e os filhos de Aarão, os sacerdotes, oferecerão o sangue. Eles o derramarão ao redor sobre o altar..." (Lv 1,3-5.11-12).

Esta expiação se dá na Cruz: "... se alguém pecar, temos como advogado, junto do Pai, Jesus Cristo, o justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados..." (1Jo 2,1-2)."Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou-nos o seu filho como vítima de expiação pelos nossos pecados" (1Jo 4,10)

São Paulo vai mais longe ainda, ao lhe dar a denominação de "propiciatório", no qual a aspersão do sangue traduzia o perdão dos pecados de toda a comunidade (Lv 16,14-22): "Deus o destinou a ser o propiciatório, por seu próprio sangue, mediante a fé" (Rm 3,25).

Jesus ao dizer-se SANGUE e SANGUE DA ALIANÇA durante a cerimônia da Ceia Eucarística, antecipa a expiação do Sacrifício da Cruz. Instituindo este Sacrifício da Nova e Eterna Aliança Jesus faz-nos participantes dos méritos da Cruz, pois Ele mesmo antecipou e perpetuou o Sacrifício da Cruz no Altar. Para que Seus Apóstolos, os Bispos e Padres, atualizassem o Seu Sacrifício e Vitória sobre a morte a cada vez que celebrassem o Sacrifício Eucarístico na Santa Missa.

Santo Irineu (+202) dizia “Os Apóstolos receberam este Sacrifício de Jesus Cristo e a Igreja O recebeu dos Apóstolos e ela O oferece hoje, por toda parte, conforme a profecia de Malaquias” e Santo Agostinho (+430) completa “Este Sacrifício foi estabelecido para substituir todos os sacrifícios do Antigo Testamento!...Oferecemos por toda parte, sob o grande Pontífice Jesus Cristo, aquilo que ofereceu Melquisedec”.


II – O TREMENDO SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA


COMO PROVAR QUE DESDE OS APÓSTOLOS CELEBRAVA-SE A SANTA MISSA?


1) Pelas palavras de S. Paulo: "Nós (os cristãos) temos um altar, do qual os (sacerdotes judeus) que servem ao tabernáculo não têm faculdade de comer". (Heb 13, 10)

2) Pelos testemunhos inegáveis dos Santos Padres, pelas decisões dos Concílios, pelas antigas orações da Missa e por outros monumentos da Igreja oriental e ocidental.

"Quando Cristo disse: Isto é o meu corpo, etc., ensinou Ele o sacrifício do Novo Testamento que a Igreja recebeu dos Apóstolos e agora oferece a Deus, no mundo inteiro". (Sto. Inineu, +202)


GRANDEZA DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA[2]


O Concílio de Trento diz que “devemos reconhecer que nenhum outro ato pode ser praticado pelos fiéis que seja tão santo como a celebração deste tremendo Mistério [da Missa]. O próprio Deus todo ­poderoso não pode fazer que exista uma ação mais sublime e santa do que o Sacrifício da Missa. Este Sacrifício de nossos altares ultrapassa imensamente todos os sacrifícios do Antigo Testamento, pois que já não são bois e cordeiros que são sacrificados, mas é o próprio Filho de Deus que se oferece em Sacrifício”.

São João Crisóstomo diz que durante a Santa Missa o altar está circundado de Anjos que aí se reúnem para adorar a Jesus Cristo. São Agostinho chega até a dizer que os Anjos se colocam ao lado do Sacerdote para servi-lo como ajudantes.

São Cipriano ensina que “o Sacerdote exerce realmente o oficio de Jesus Cristo” (Ep. 62). Por isso o Sacerdote diz, na elevação: “Isto é o meu Corpo; este é o cálice de meu Sangue”.

Belarmino (De Euch. 1.6, c. 4) escreve que o Santo Sacrifício da Missa é oferecido por Jesus Cristo, pela Igreja e pelo Sacerdote; não, porém, do mesmo modo por todos: Jesus Cristo oferece como o Sacerdote principal, ou como o oferente próprio, mas por intermédio de um homem, que é ao mesmo tempo Sacerdote e ministro de Cristo; a Igreja não oferece como sacerdotisa, por meio de seu ministro, mas como povo, por intermédio do Sacerdote; o Sacerdote, finalmente, oferece como ministro de Jesus Cristo e como medianeiro de todo o povo.

A Santa Missa não é somente uma representação do Sacrifício da Cruz, “mas também uma renovação do mesmo Sacrifício, porque em ambos é o mesmo Sacerdote e a mesma Vítima, a saber, o Filho de Deus Humanado. Só no modo de oferecer há uma diferença: o Sacrifício da Cruz foi oferecido com derramamento de Sangue; o Sacrifício da Missa é incruento; na Cruz, Jesus morreu realmente; aqui, morre só misticamente” (Conc. Trid., Sess. 22, c. 2).

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