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domingo, 21 de junho de 2009

A GRANDEZA DO SANTO SACRIFICIO DA MISSA



1) Na Santa Missa é Jesus Cristo a Vítima


O Concílio de Trento diz da Santa Missa (Ceci. 22): “Devemos reconhecer que nenhum outro ato pode ser praticado pelos fiéis que seja tão santo como a celebração deste tremendo Mistério. O próprio Deus todo ­poderoso não pode fazer que exista uma ação mais sublime e santa do que o Sacrifício da Missa. Este Sacrifício de nossos altares ultrapassa imensamente todos os sacrifícios do Antigo Testamento, pois que já não são bois e cordeiros que são sacrificados, mas é o próprio Filho de Deus que se oferece em Sacrifício. [...] Tem, portanto, razão São Lourenço Justiniano ao dizer que não há sacrifício maior, mais portentoso e mais agradável a Deus do que o Santo Sacrifício da Missa” (Sermo de Euch.).


São João Crisóstomo diz que durante a Santa Missa o altar está circundado de Anjos que aí se reúnem para adorar a Jesus Cristo, que, nesse Sacrifício sublime, é oferecido ao Pai celeste (De sac., 1.6). Que cristão poderá duvidar, escreve São Gregório (Dial. 4, c. 58), que os Céus se abram à voz do Sacerdote, durante esse Santo Sacrifício, e que coros de Anjos assistam a esse sublime Mistério de Jesus Cristo. São Agostinho chega até a dizer que os Anjos se colocam ao lado do Sacerdote para servi-lo como ajudantes.


2) Na Santa Missa é Jesus Cristo o oferente principal


O Concílio de Trento (Ceci. 22, c.2) ensina-nos também que neste Sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo é o próprio Salvador que oferece em primeiro lugar esse Sacrifício, mas que o faz pelas mãos do Sacerdote que ele escolheu para seu ministro e representante. Já antes dissera São Cipriano: “O Sacerdote exerce realmente o oficio de Jesus Cristo” (Ep. 62). Por isso o Sacerdote diz, na elevação: “Isto é o meu Corpo; este é o cálice de meu Sangue”.


Belarmino (De Euch. 1.6, c. 4) escreve que o Santo Sacrifício da Missa é oferecido por Jesus Cristo, pela Igreja e pelo Sacerdote; não, porém, do mesmo modo por todos: Jesus Cristo oferece como o Sacerdote principal, ou como o oferente próprio, mas por intermédio de um homem, que é ao mesmo tempo Sacerdote e ministro de Cristo; a Igreja não oferece como sacerdotisa, por meio de seu ministro, mas como povo, por intermédio do Sacerdote; o Sacerdote, finalmente, oferece como ministro de Jesus Cristo e como medianeiro de todo o povo.


Jesus Cristo, contudo, é sempre o Sacerdote principal na Santa Missa, em que ele se oferece continuamente e sob as Espécies de Pão e de Vinho por intermédio dos Sacerdotes, seus ministros, que representam a pessoa de Jesus Cristo, quando celebram os Santos Mistérios. Por isso diz o Quarto Concílio de Latrão (Cap. Firmatur, de Sum. Trinit.) [diz] que Jesus Cristo é ao mesmo tempo o Sacerdote e o Sacrifício. De fato, convém à dignidade deste Sacrifício que ele não seja oferecido, em primeiro lugar, por homens pecadores, mas por um sumo sacerdote que não esteja sujeito ao pecado, mas que seja santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e mais elevado que os Céus (Heb. 7, 20).


3) A Santa Missa [atualiza o] Sacrifício da Cruz


Segundo São Tomás (Off. Ss. Sac., 1.4), o Salvador nos deixou o Santíssimo Sacramento para conservar viva entre nós a lembrança dos bens que nos adquiriu e do amor que nos testemunhou com sua morte. Por isso o mesmo Doutor chama a Sagrada Eucaristia “um manancial perene da Paixão”.


Ao assistires, pois, à Santa Missa, pondera que a Hóstia que o Sacerdote oferece é o próprio Salvador que por ti sacrificou seu Sangue e sua vida. Entretanto, a Santa Missa não é somente uma representação do Sacrifício da Cruz, “ mas também uma renovação do mesmo Sacrifício, porque em ambos é o mesmo Sacerdote e a mesma Vítima, a saber, o Filho de Deus Humanado. Só no modo de oferecer há uma diferença: o Sacrifício da Cruz foi oferecido com derramamento de Sangue; o Sacrifício da Missa é incruento; na Cruz, Jesus morreu realmente; aqui, morre só misticamente” (Conc. Trid., Sess. 22, c. 2).


Representa-te, durante a Santa Missa, te achares no monte Calvário, para ofereceres a Deus o Sangue e a vida de seu adorável Filho, e, ao receberes a santa Comunhão, representa-­te beberes seu precioso Sangue das chagas do Salvador. Pondera também que em cada Missa se renova a obra da redenção, de maneira que, se Jesus Cristo não tivesse morrido na Cruz, o mundo receberia, com a celebração de uma só Missa, os mesmos benefícios que a morte do Salvador lhe trouxe. Cada Missa que é celebrada encerra em si todos os grandes bens que a morte na Cruz nos trouxe, diz São Tomás (In Jo 6, lect. 6). Pelo Sacrifício do altar nos é aplicado o Sacrifício da Cruz. A Paixão de Jesus Cristo nos habilitou à redenção; a Santa Missa faz-nos entrar na posse dela e comunica-nos os merecimentos de Jesus Cristo.


4) A Santa Missa é o maior presente de Deus


Na Santa Missa Jesus Cristo mesmo dá­-se a nós. É uma verdade de Fé que o Verbo Encarnado se obrigou a obedecer ao Sacerdote, quando ele pronuncia as palavras da consagração, e a vir às suas mãos sob as Espécies de pão e de vinho. [...] Entretanto, muito mais admirável é que Deus mesmo desce ao altar ou a qualquer outro lugar a que o Padre o chama com umas poucas palavras, e isso tantas vezes quantas é chamado pelo Sacerdote, mesmo que este seja seu inimigo. E, tendo vindo, põe-se o Senhor à inteira disposição do Sacerdote; este o leva, à vontade, de um lugar para o outro, coloca-o sobre o altar, fecha-o no tabernáculo, tira-o da igreja, toma-o na santa Comunhão, e o dá em alimento a outros. São Boaventura diz que o Senhor, em cada Missa, faz ao mundo um benefício igual àquele que lhe fez outrora pela encarnação (De inst. Novit., p. 1, c. 1). [...]

Numa palavra, a Santa Missa, conforme a predição do profeta (Zac 9, 17), é a coisa mais preciosa e bela que possui a Igreja [...]. São Bartolorneu (De inst. Nov., 1. c) diz que a Santa Missa nos põe diante dos olhos todo o amor que Deus nos dedicou, e que é, de certo modo, um compêndio de todos os benefícios que ele nos fez. Por isso o Demônio se esforçou sempre para retirar do mundo a Santa Missa por meio dos hereges; estes se mostram assim como precursores do Anticristo, que procurará, antes de tudo, impedir a celebração da Santa Missa, o que ele, de fato, conseguirá, conforme a profecia de Daniel (Dan 8, 12): “E lhe será dado o poder contra o sacrifício perene por causa dos pecados”.

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