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domingo, 21 de junho de 2009

O NOVO RITO ROMANO- De frente pra Deus






VERSUS DEUM


O novo Missal Romano, promulgado a 3 de abril de 1969, portanto praticamente a ano a quarentra anos atraz, contém o Rito Ordenario da Igreja Catolica Romana. Depois destes anos quase que experimentais podemos começar a ver os frutos da nova forma de rezar a Santa Missa.


Antes da reforma do Concílio Vaticano II o Missa era rezada segundo o Missal de São Pio V, promulgado pelo Concílio de Trento. Quando se fala de “Missa Tridentina” ou de “São Pio V” logo se pensa no latim e no padre de costas para o povo. Essa identificação é uma forte característica de uma geração que a quarenta anos não vê os padres rezarem o antigo e rico Rito Romano e da nova geração que é induzida a idéias errôneas por nunca terem conhecido este grande tesouro da Igreja de Deus.


Porém, devemos compreender que o novo Missal não aboliu o antigo e, segundo as palavras de Bento XVI no seu Motu Proprio, o novo deve ser rezado enriquecendo-se com os tesouros do antigo.


Assim podemos perceber discursão em torno da questão da orientação, posição do sacerdote durante o Santo Sacrifício. O que muita gente não sabe e que quase não se fala é que a posição do sacerdote nunca mudou na Santa Missa. Porém, tornou-se costume, por causa da possibilidade dada pela Missale Romanum, rezar toda a Missa de frente para o povo (versus populum), o que a maioria dos padres fazem, contudo, nunca rezam de frente para Deus (versus Deum).


A Constituição Sacrossanto Concílio nada fala sobre a orientação do sacerdote na Santa Missa e a Constituição Missal Romano também nada fala sobre isso. Pelo contrário, o novo Missal Romano diz em certas rubricas que o padre deve “voltar-se para o povo” o que leva a compreender que antes ele estava de costas para o povo. Do contrário, seria uma confusão da Costituição mandar os padre ficarem de frente para o povo se eles já estivessem.


É bom lembrar que a posição de frente para Deus (versus Deum) ou de frente para o altar nunca foi proibida, pelo contrário percebe-se a frenqüência de Missas rezadas pelo Romano Pontífice e por muitos padres de frente para Deus, sem excluir a versus populum.


A Santa Missa é festa, é a Ceia do Senhor, é comunhão de irmãos, mas antes e sobretudo ela é a atualização do Sacrifício de Cristo na Cruz, a Missa é o Sacrifício incruento de nosso Senhor. Por isso, os fiés não devem ser honrados a ponto de se tornarem a referência da orientação pois, “a imolação incruenta, por meio da qual, depois de pronunciadas as palavras da Consagração, Jesus Cristo torna-se presente sobre o altar no estado de Vítima, é levada a cabo somente pelo sacerdote, enquanto representante da Pessoa de Cristo, e não enquanto representante da pessoa dos fiéis.” (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Encíclica Mediator Dei)


As duas posições são válidas na Igreja, mas o que deve ser levado em conta não é só isso. Devemos pensar no bem espiritual dos fiéis e na honra de Nosso Senhor. Com a versus populum a assembléia sente-se valorizada, integrante mas é levada a fixar-se na pessoa do padre e o padre na pessoa dos fiés; simbólica e liturgicamente o padre não é mais visto como o mediador, intercessor, do povo, mas mais um “irmão” ao redor do altar. Na versus Deum todos ficam voltados para o oriente, ou pelo menos para o Santíssimo ou altar, que é a antiga posição dos cristãos rezarem ao Senhor; o padre é posto entre o povo e o altar de Deus como aquele que oferece o “Cordeiro de Deus” para tirar “os pecados do mundo”; o padre é posto de costa para o povo, ou seja, na sua frente, o que representa o seu pastoreio junto do rebanho de Deus.


“Sobre a orientação do altar para o povo, não há sequer uma palavra no texto conciliar. Ela é mencionada em instruções pós-conciliares. A mais importante delas é a Institutio generalis Missalis Romani, a Introdução Geral ao novo Missal Romano, de 1969, onde, no número 262, se lê: “O altar maior deve ser construído separado da parede, de modo a que se possa facilmente andar ao seu redor e celebrar, nele, olhando na direção do povo [versus populum]”. A introdução à nova edição do Missal Romano, de 2002, retomou esse texto à letra, mas, no final, acrescentou o seguinte: “Isso é desejável sempre que possível”. Esse acréscimo foi lido por muitos como um enriquecimento do texto de 1969, no sentido de que agora haveria uma obrigação geral de construir - “sempre que possível” - os altares voltados para o povo. Essa interpretação, porém, já havia sido repelida pela Congregação para o Culto Divino, que tem competência sobre a questão, em 25 de Setembro de 2000, quando explicou que a palavra “expedit” [é desejável] não exprime uma obrigação (...).” (Ratzinger, op. cit.)


“Por último, penso que se o sacerdote rezasse, em algumas ocasiões, a Liturgia Eucarística versus Deum – algo perfeitamente possível segundo as normas atuais –, isso também ajudaria a perceber qual é a orientação espiritual da Liturgia – em direcção a Deus, o que não significa nenhum desprezo do Povo. Aliás, alguém diz para a pessoa do banco da frente: ‘você está de costas para mim’?; ou que os noivos, no sacramento do Matrimónio, estão de ‘costas para o povo’?” (BELLO, Joathas, Algumas reflexões sobre a liturgia, disponível em http://ictys.blogspot.com/2005/10/algumas-reflexes-sobre-liturgia.html)


Em setembro de 2008 o Padre Roberto Littieri, fundador da Toca de Assis, veio em visita à Fraternidade em Teresina e na oportunidade celebrou na Igreja de Fátima o Rito Romano da Santa Missa de frente para Deus. Infelizmente alguns padres não compreenderam, pois nunca tinham ouvido falar nessas coisas. É incrível! Porém, sabemos que é perfeitamente possível este tipo de celebração.

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