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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Homenagem de um coração miserável...



Queria hoje, meu Deus, demonstrar-Vos, apesar de minha insignificância e pequenez, minha mais sincera e profunda gratidão através de uma oferta que Vos rendesse glória e vos fizesse feliz.

 Pensei em tantas coisas para Vos ofertar, mas vi que cada coisa que eu pensava já Vos pertencia. Quis dar-Vos os méritos de minhas virtudes, mas vi que não os tenho. Quis dar-Vos os dons que tenho, mas vi que todos eles me vieram de Vós, e que, Vós mesmo, sois o doador de todos os dons. Então, meu Deus, como dar-Vos algo que Vos possa glorificar e dar alegria, se sois a plenitude e de nada necessitas? 




Percebi, então, Deus meu, que existe algo que não tens e que não criastes, e no qual eu possa dar-Vos glória e louvor, algo que pertence a mim somente e que, se guardado em meu coração, é meu mais terrível sofrimento, mas que, se lançado para Vós transforma-se em graça e misericórdia. Vi que em mim só existe miséria e fraqueza, e que a única coisa que me pertence, por minha débil condição de criatura, das feridas de minha história de vida e das conseqüências de meus atos é somente minha fraqueza.



Mas acaso poderia dar-Vos realmente glória, dando-Vos minha mais profunda podridão? Acaso não Vos ofenderia elevando para Vós minhas mãos tão sujas da lama de minha alma de pecador, querendo Vos ofertar toda minha vil condição? Acaso ficarias ofendido se o presente que Vos posso dar não são as resplandecentes virtudes que os santos Vos ofertaram, mas somente minhas feridas apodrecidas e abertas? 


Ah! Meu Deus, eu sei que isto não é de modo nenhum um devaneio meu, pois sinto-me irresistivelmente impelido por Vós mesmo a fazer tal coisa.


 Quando vos contemplo na manjedoura, Vossa pequenez e fragilidade assumidas por amor a mim, eu vejo Vosso sorriso entre as palhas do estábulo, e então reconheço nelas as escórias do meu coração tão sujo e frio. 




Quando Vos contemplo nu e coberto de chagas na Cruz, na qual subiste por amor a mim, vejo que os pregos que vos pregaram são as minhas dores e misérias, e que os espinhos de Vossa coroa são meus pensamentos tão vis, doentios e egoístas. 



Quando Vos adoro na Eucaristia, vejo que não aniquilastes a matéria frágil do pão, mas a assumistes para revelar o Vosso amor para nós, vejo que desejas a minha fraqueza para que através dela também possas amar os que de mim se aproximam. 


 Então, meu Senhor, já que tens essa preferência pelo que é débil e sem valor, sinto-me motivado por Vós mesmo a dar-Vos a miséria que sou. Ofereço-Vos, para satisfazer as grandes e infinitas torrentes de Vossa infinita Misericórdia, o profundo abismo do meu nada, a fim de que estas impetuosas águas encontrem um desaguadouro onde podem represar-se e transbordar. 


Ofereço-Vos os negros carvões de meus pecados e lanço-os na ardente fornalha do Vosso Amor, a fim de que sejam transformados por este fogo que não se apaga. Ofereço-Vos, enfim, todos os frágeis odres de minha humanidade, a fim de receberem o Vosso Vinho novo. 




Coloco-me como a frágil e quebradiça hóstia em Vosso altar, pois sei que não é um ato meu consagra-me, mas antes, é ato Vosso transformar-me em Vós mesmo. Como o holocausto de Elias, não quero ser consumido por outro fogo, a não ser pelo ardente braseiro de Vossa infinita Misericórdia, que se atrai por holocaustos fracos e imperfeitos como eu.



 Sim, pois sei que mais estais Vós sedento de consumir-me do que eu de entregar-me a Vós. Por isso, atraí-me, Vos peço, roubai-me, a fim de que eu esteja pobre e despojado até de minha própria pobreza, para que não me reste nada a não ser a Vós mesmo. Quero permanecer para sempre vazio de mim mesmo para estar repleto de Vós, de tal modo que não encontre em mim mesmo nada a não ser a Vós.


Quero ser para sempre um nada em Vossas mãos, e de tal modo quero ser que não reste em mim nenhum desejo a não ser amar-Vos a cada segundo. Esvazia-me, a fim de que se eu sofrer não encontre mais pena, mas a Vós, se eu amar não encontre meus afetos, mas a Vós, se me alegrar ou chorar, se viver ou morrer, se deitar ou levantar eu só possa encontrar a Vós, em tudo e em todos. 

Eis aqui, meu Deus, minha homenagem. Que ela ao menos Vos faça sorrir, pois vem de um coração tão fraco e pequeno, dessa Vossa criança que não tem outro desejo a não ser dar-Vos alegria, apesar de sua fraqueza.


Aceita, Senhor, como uma oferta agradável o sorriso de felicidade que Vós mesmo fizestes brotar em mim...Obrigado por tudo, meu Deus! Deste pequeno nada que não deseja outra coisa a não ser Vos amar.

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