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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A NECESSIDADE DE DEUS POR NÓS: Grande mistério de amor




Hoje comecei a meditar sobre a necessidade de nossa alma por Deus.Acima de tudo, estou convencido da necessidade irrevogável e sem fuga, de cada coração humano, por Deus.Não importa como tentamos escapar, ou nos perder em buscas agitadas, não podemos nos separar da nossa origem divina. Não há substituto para Deus em nosso coração. 



No entanto, voltei meu pensamento ao desejo de Deus por nós. Pensei que se Deus nos deseja, há em Deus uma necessidade que o impele a nos amar. Mas que necessidade haverá em Deus, visto ser Ele a plenitude?

 Acaso falta algo em Deus para que este nos deseje tanto assim? Vejo que esta "necessidade" de Deus por nós não é uma necessidade efetiva, ou seja, uma necessidade de algo que lhe faltando o faça incompleto ou infeliz, mas uma necessidade afetiva, provinda do Amor puro e Eterno que Deus nutre por nós.


Há um salmo especial que fala muito a meu coração sobre isso, que é o salmo 8, que diz:

"Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste,que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste:ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!"


De fato Deus é magnífico. E nós? O que somos nós? Somos tão ingratos que muitas vezes esquecemos de como Deus é misericordioso para conosco.
Ao criar a humanidade, Deus gerou em si uma "necessidade". Porque sendo amor, movimenta-se na direção do outro. Quem ama faz o outro importante, dá ao outro o estatuto de legitimador da felicidade plena. Só se é feliz completamente se o objeto de amor, inteiro, integra-se.

O que Deus faz ao criar a pessoa humana como pessoa livre é exatamente movimentar-se amorosamente: faz do outro tão importante (necessário) que faz falta. A criação da humanidade é a invenção Divina de um outro sujeito de afetação. 


O que a pessoa humana faz, o jeito como vive, a maneira como reage diante da vida, mas principalmente, o que faz com a sua liberdade de dar as costas ou voltar-se ao divino, afeta o coração de Deus: ira-se, entristece-se, arrepende-se, compadece-se. As más escolhas humanas o incomodam. Deus aceitou, ao criar-nos, a possibilidade do “mal estar”, na mesma intensidade que o alternativo deleite de ser amado exclusivamente.

 

O amor, aprendemos com Deus na história bíblica, é uma aposta contra si mesmo, porque o amor faz o outro livre – único amor que sacia a alma amante. O outro se torna, no amor criativo, um outro imprevisível.



Insisto, ao criar a humanidade, apenas por amor, Deus criou uma "necessidade". A sua única necessidade. Espantoso: Deus precisa do homem!? Não como fundamento, Deus não se faz menos nem mais Deus a partir de mim, ou seja, para ele ser Deus sou absolutamente dispensável. Para ele agir como Deus, sou completamente desnecessário. Mas para que o seu ato criativo seja feliz, Deus aceitou fazer-me necessário.

Aconteceu na criação humana o mais desgastante gesto divino de amar. Humilhou-se ao risco de criar um ser tão amado e livre que se tornou sua única necessidade. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16)



Como diz Bento XVI em sua encíclica "Deus Caritas est" em Deus há também o amor Eros, amor de desejo pelo ser humano, juntamente com o Amor Ágape, amor gratuito,desinteressado.



Em continuidade com esse dado antropológico do eros que floresce em agape, Deus vem a nós em Jesus, como amigo, dando sua vida por nós, como a maior prova de amor, e fundando uma amizade estável entre todos os humanos. Jesus homem ama-nos humanamente e convida-nos a nos amarmos uns aos outros como ele mesmo nos amou. 



E  foi na Encarnação que Deus mais se humilhou por amor. Não é a Encarnação do Verbo uma prova da necessidade de Deus por nós ao ponto de descer, fazer-se Homem para buscar cada ser humano perdido pelo pecado? Ah gratuidade de Deus! Ah BENDITA necessidade de Deus que nos salvou. 

Sim, Deus nos ama com Amor de necessidade. Respondamos a este amor dando-lhe nosso fraco e pequeno amor, pois como diz São João da Cruz, Amor só se paga com Amor.


Deus o abençoe

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