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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A fraqueza que nos abre a Ternura









Na época do Nazismo, um homem e sua esposa quiseram que seu filho recém-nascido fosse batizado na prisão. Pediram ao sacerdote que então estava com eles que ministrasse o Sacramento a seu filhinho. Depois da cerimônia clandestina na cela a mãe permaneceu com o bebê em seus braços e os presos estavam sentados ao seu redor.

Um dos presidiários que estava ao seu lado perguntou-lhe se podia pegar o bebê em seus braços; pegou-o com muita ternura, olhou-o nos olhos e sorriu para ele. O bebê respondeu com outro sorriso e o presidiário caiu em prantos. Um bebê é tão pequeno, tão frágil! Seu corpo e todo seu ser provocam ternura.

Ninguém tem medo de um pequeno bebê. A criança tem um poder “mágico”, seu olhar, seu sorriso, seus olhos, sua fragilidade, sua confiança, sua pureza e sua inocência parecem ter o poder de chegar às profundezas do nosso coração adulto.

Atravessa as muralhas que erguemos ao redor de nossos corações para nos defendermos, nos protegermos e demonstrar que somos autônomos, capazes e fortes.

O bebê expõe a criança escondida em nosso interior que muitas vezes mantemos oculta atrás de um muro de dureza, proteção e força, escondido com nosso desejo permanente de ganhar.

Em nossa realidade que é baseada na rivalidade, temos medo de mostrar nossas debilidades já que podem representar um perigo ao suscitar reações de rechaço.

Portanto, necessitamos mostrar nossas capacidades, poder, força, conhecimento, pois do contrário, nós podemos nos machucar, ser rechaçados ou oprimidos.

A fragilidade do bebê (sobretudo quando é recém nascido) atrai olhares, sorrisos, ternura e a comunhão; desperta bondade.

Talvez seja o único período na vida em que a debilidade provoca uma reação positiva e amorosa, na maioria das vezes. É claro que é uma pena que existam crianças maltratadas e, infelizmente não são situções raras.

Sem importar a cultura ou a religião as crianças atraem. Entram em todos os lugares, aos subterfúgios mais profundos do coração humano para despertar o mais gracioso e o mais humano que existe; o desejo de ser aceito e amado com ternura.

Esse bebê na prisão se sentia seguro graças ao amor de sua mãe que o levou por nove meses em seu seio. Só quando um bebê se sente seguro pela relação com seus pais é que pode ser pego nos braços por um estranho.

Este poder é mágico e sim, digo mágico porque parece que nos une a um nível além da vontade ou da razão. É como um dom outorgado, inesperado.

Eu não posso despertar este coração escondido em mim, só com minha intenção... esse coração secreto é despertado de fora para dentro ainda que seja o mais profundo que há em mim que sou “eu”.

Na prisão, através do olhar do pequeno, o prisioneiro descobriu quem era na verdade ... e no mais profundo de seu ser é uma criança que espera por amor e não ousa admiti-lo.

No fundo todos nós somos crianças feridas a espera de amor a espera de ternura. E se Deus fosse como uma mãe que diz: “ Amo você como és, com sua história ,com seu coração ferido, com o que gera vergonha em você, com suas culpas, seus fracassos e também com suas vitórias”;

e se esta mãe nos pega em seus braços e nos acaricia com ternura... E se Deus fosse uma criança; por acaso não é Isaias (9,6) quem diz: “Uma criança nasceu e um filho nos foi dado e recebeu o poder sobre seu ombro,; e se chamará seu nome Admirável, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz”.

Jesus nos diz: “Para entrar no Reino dos céus é preciso ser uma criança, abertos para a ternura, à confiança e à escuta” e assim nos convida a não nos escondermos atrás do adulto que quer ser forte.

Nossas Comunidades devem ser lugares nos quais aprendemos a acolher a nossa criança interior e nos abrir a acolher a dos nossos irmãos também. Todos somos crianças que precisam ser amadas para amar.

Na ternura de um Deus que é Pai-Mãe e também pequena criança na Manjedoura, tenhamos coragem e abramos nosso coração e voltemos a ser como crianças no seu colo, que é o lugar onde somos realmente nós mesmos.

Um bom dia a todos!

Um comentário:

Denise Lanes disse...

Que postagem maravilhosa!
Fiquei realmente tocada com essa reflexção.