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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Contrário do Amor é?...







O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio.Mas não é isso! O contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

São João nos diz: "No amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora todo o medo; porque o medo tem consigo a culpa, e o que tem medo não está no Amor."(1 Jo 4,18).

Temos, portanto outros dois pontos opostos: Amor e Medo.

Em Mateus 6,24, Jesus nos diz que não podemos servir a dois senhores. Da mesma forma não podemos viver com dois opostos ao mesmo tempo, pois quando agradarmos a um estaremos desagradando ao outro.

O que é oposto?
É o contrário, ou seja, a ausência do outro.

Qual o contrário do medo?
Muitos devem ter respondido a coragem. Então pergunto: a coragem é a ausência do medo?

Não, quando temos coragem para enfrentar um problema, não pressupõe a ausência do medo, mas uma reação diferente do que imaginamos como medo. Diante de algo que nos amedronta, resumidamente, temos 3 reações básicas: ficar paralisado, fugir ou enfrentar. As duas primeiras, relacionamos facilmente ao medo, na terceira, quando se enfrenta o problema, chamamos de coragem.

A qualidade de nossa vida está relacionada à amplitude de entendimento que temos da vida. O problema humano nesse caso está no fato de restringirmos as possibilidades a somente essas 3 reações básicas.

Não visualizamos outra alternativa para enfrentarmos o problema. Jesus Cristo trouxe um novo paradigma, uma outra alternativa, essa é o amor.

Para vivermos essa alternativa, devemos entender o que é amor? Muitos consideram um tema muito complexo e que não encontraremos consenso. Muitos acham impossível definir o Amor.

Agora vamos nos restringir ao entendimento relacionado ao medo.
Pela lógica simples: o medo também é o oposto do amor, pois quem tem medo não está no Amor como lemos acima, simplesmente porque o medo é a ausência do amor.

Devemos encontrar a característica do amor que melhor define o que é oposto do medo.
Pela eliminação, não é coragem, pois esta é o medo agressivo, quem enfrenta o medo.

Podemos chegar ao oposto do medo encontrando a variável, nas situações, que diminui ou aumenta o medo.
Exemplo simples: quando começamos a namorar alguém, acreditamos nessa pessoa. Acreditar = dar crédito a algo ou alguém. Confiança = quando algo ou alguém em que acreditamos nos paga a dívida. Fruto de outro estudo a posteriori. Um dos nossos erros é entregar nossas vidas a quem acreditamos, não temos paciência para esperar a confiança.

Nesse período confundimos o acreditar com o confiar. Nessa fase, nosso medo de sermos traídos é baixo. Então começam a acontecer algumas situações que minam a nossa confiança naquela pessoa.

Nesse momento nosso medo começa a aumentar.
Quanto mais conhecemos alguém, mais temos segurança para confiar ou não em alguém. O nível do nosso conhecimento, entendimento, de algo ou alguém, nos traz segurança para confiarmos.
Percebemos que quanto menos confiança temos, maior nosso medo. Portanto o contrário do medo, sua ausência, chama-se confiança.

Esta é representada pela certeza e convicção sobre o que conhecemos do outro. Este também é um sinônimo de fé.
"ORA, a fé é a certeza das coisas que não se vêem e a convicção das coisas que se esperam." (Hb 11,1)

Em outra tradução: ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.

Sobre o processo de construção de confiança (fé) estudaremos num outro momento.

A Palavra fala que o justo viverá pela fé. Isso é comprovado pelo fato que sem a confiança, certeza e convicção, da recompensa de sermos justos, ninguém será justo.

No Reino dos Céus há uma inversão nos fatores: paga-se o preço antes, depois recebemos. Em nossa sociedade é o contrário: primeiro o prazer, depois o preço.

Entendemos que há dois pontos opostos: Amor X Medo. A característica do amor que melhor exemplifica o oposto do medo é a confiança, portanto: Confiança X Medo.

O medo traz consigo a culpa. Somente há culpa se existe um acusador. Quem tem medo, está sendo dominado pela culpa, portanto está sob a influência de um acusador. Nesse caso sua vida está condicionada pela culpa.

Se vivemos condicionados, estamos presos.

O Amor que Jesus Cristo ensina é o amor incondicional. Como posso eu sendo condicionado, viver o amor incondicional? Portanto quem vive com medo, está limitado em seu amor, devemos vencer o medo.

Isso tem uma implicação muito maior.

Não podemos servir a dois senhores, pois agradaremos a um e desagradaremos a outro.

"Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo."(Gl 4,7)Não somos mais servos, e quem afirma isso é o apostolo Paulo, somos filhos.

Eu lhe pergunto, o que mais lhe influencia no seu relacionamento com Deus e com as pessoas? O Amor ou o Medo?

O escravo serve ao seu senhor por medo, o filho por respeito.

O princípio da sabedoria é o temor a Deus. Normalmente confundimos a palavra temor com medo. Temor não é medo, mas profundo respeito. O filho serve ao seu Pai por profundo respeito, essa é a chave da sabedoria, isso é honrar pai e mãe. O profundo respeito tem como fruto a gratidão.

Jesus Cristo veio para libertar os cativos. Libertar é conduzir para a liberdade. Para vivermos o amor incondicional, devemos ser incondicionais, portanto se estamos presos estamos limitados em nosso amor. Devemos encontrar a liberdade para podermos viver o Amor de Deus e assim cumprir os maiores mandamentos:

1- Amar ao Senhor, teu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua força e de todo o seu entendimento;
2- Amar ao próximo, como a si mesmo.

"Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor. 13 Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu Espírito... 16 E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele."(1 Jo 4,12)

Se amarmos uns aos outros, Deus está em nós. Se amarmos incondicionalmente, Deus está em nós. Somente podemos amar incondicionalmente se, e somente se, formos incondicionais, se no amor não tivermos MEDO.

Mas como viver sem medo?

"A certeza que temos no Amor de Deus, nos traz confiança no dia do juízo; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo."(1Jo 4,17).

Aprendemos nessa passagem que é a certeza no Amor de Deus que nos trás confiança.

Lembrando: certeza NO AMOR (confiança)é fé.

Voltando, quando trazemos nosso entendimento de Deus para a mediocridade humana, temos um entendimento distorcido de Deus. Todo conhecimento é relacional. Para nos relacionarmos com Deus, sendo Ele luz, devemos refleti-lo. Quando nosso entendimento de Deus está preso pelo tempo, espaço, aos olhos temporais ou sensíveis, somos um espelho obscuro, como Paulo nos ensina em 1 coríntios 13.

Jesus afirma que somos a luz do mundo, mas que não somos a fonte. A lua é a luz da noite, mas não é fonte de luz, apenas reflete a luz do sol. Assim também devemos ser, o reflexo da luz de Deus no mundo, mas para isso devemos ser um espelho perfeito e não obscuro.

Se somos condicionais, somos limitados no amar, portanto somos espelhos obscuros. Quanto mais incondicionais somos, maior nossa capacidade de amar, portanto maior será a nossa capacidade de refletir o amor de Deus, assim cumprimos nossa missão.

Voltando um pouco mais: a certeza que temos o amor de Deus nos traz confiança no dia do juízo, porque como Ele é, nós somos nesse mundo. Aqui está a chave de encontrarmos a certeza do Amor de Deus: ser como Ele é. Esse é um dos fatores mais importantes para pagarmos o preço para forjar nosso caráter como o de Cristo.(Rm 8,28-30)

Ser como Ele é, essa é a chave. Quanto mais somos amor, mais temos certeza do amor de Deus. Esse paradigma serve para outras análises: quanto mais perdoamos, mais certeza temos no perdão. Lembram da oração do Pai Nosso? Pai, perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos aqueles que nos tem ofendido. Encontramos a relação base da certeza no Amor: Ser como Deus é. Deus é amor, devemos ser e viver o amor incondicional.

Última afirmação: quem tem medo não está no Amor, porque não ama, se não ama, não está amando a Deus. Busquemos, pois amar...lançar fora o medo e CONFIAR...

Bom dia a todos.

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