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quinta-feira, 12 de abril de 2012

O CONVITE AO BANQUETE :Estudo sobre o Evangelho de Mateus 22, 1-14





Mateus 22, 1-14.




É instrutivo observar quais são os motivos pelos quais os convidados da parábola se negaram a ir ao banquete. Mateus diz que eles «não se importaram» pelo convite e «foram embora, um ao seu campo, outro ao seu negócio». 


O evangelho de Lucas, neste ponto, é mais detalhado e apresenta assim os motivos da rejeição: «Comprei um terreno e preciso vê-lo... Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las... Casei-me, e por essa razão não posso ir» (Lc 14, 18-20).


O que têm em comum estes diversos personagens? Todos os três tinham algo urgente para fazer, algo que não pode esperar que exija imediatamente sua presença. E o que representa, no entanto, o banquete nupcial? 




Este indica os bens messiânicos, a participação na salvação alcançada por Cristo e, portanto, a possibilidade de viver eternamente. O banquete representa, portanto, o mais importante na vida, e mais ainda, o único importante. Está claro, então, em que consiste o erro cometido pelos convidados: consiste em abandonar o importante por causa do urgente, trocar o essencial pelo contingente! 


Pois bem, este é um risco tão difundido e insidioso, não somente no campo religioso, mas também no puramente humano, que vale a pena refletir um pouco sobre ele.Antes de tudo, precisamente, no campo religioso.


 


Abandonar o importante por causa do urgente, no âmbito espiritual, significa atrasar continuamente o cumprimento dos deveres religiosos, porque cada vez se apresenta algo urgente para ser feito. É domingo e é hora de ir à missa, mas é preciso fazer esta visita, este trabalhinho no jardim, o almoço da família... 


A Missa pode esperar, o almoço não; portanto, a pessoa se atrasa para a Missa e se apressa pra cozinhar.Eu disse que o perigo de abandonar o importante por causa do urgente está presente também no âmbito humano, na vida de todos os dias, e eu gostaria de destacar isso também. 


Para um homem, é certamente importantíssimo dedicar tempo à família, a estar com os filhos, dialogar com eles se forem grandes e brincar com eles se forem pequenos. Mas no último momento se apresentam sempre coisas urgentes a serem terminadas no escritório, horas extras, e se deixa para outra vez, acabando por chegar a casa muito tarde e muito cansado para pensar em outra coisa.


Para um homem ou uma mulher, é importantíssimo ir de vez em quando visitar o pai idoso que mora sozinho em casa ou em algum asilo. Pra qualquer um, é algo importantíssimo visitar um conhecido doente para mostrar-lhe seu apoio e fazer algum serviço prático por ele. Mas não é urgente; se você deixar para mais tarde, aparentemente o mundo não vai acabar, talvez ninguém perceba. 


E assim vamos adiando as coisas.Acontece a mesma coisa com a própria saúde, que também está entre as coisas importantes. O médico, ou simplesmente o personal trainer, adverte que é preciso se cuidar, tirar um período de férias, evitar o estresse... Respondemos «sim», dizemos que faremos isso com certeza, assim que terminarmos o trabalho, arrumarmos a casa, depois de pagar todas as dívidas... Até que a pessoa percebe que é tarde demais. 




Aí está o engano: a pessoa passa a vida inteira perseguindo mil pequenas coisas para arrumar e nunca acha tempo para as coisas que verdadeiramente incidem nas relações humanas e podem dar verdadeira alegria (e, abandonadas, verdadeira tristeza) na vida. Assim, vemos como o Evangelho, indiretamente, é também escola de vida: ensina-nos a estabelecer prioridades, a tender ao essencial. 




Vejamos que o rei manda chamar os pobres, aleijados, e todos os que estavam à beira do caminho, porque este não tinham, por sua condição, muitas preocupações com bens e coisas importantes. Estes abriram-se ao convite e responderam SIM. Por isso Jesus  chama os pobres em espírito de bem-aventurados, pois estes tem a Deus como o único essencial em suas vidas.




Foi exatamente isso que Jesus disse a Marta , quando disse: "Marta, Marta, tu te ocupas com tantas coisas, mas UMA só é essencial "(Lc 10, 38-42). Jesus não repreendeu-a de ocupar-se do jantar, mas quis chamar-lhe a atenção para o que estava diante de seus olhos, mas pelas outras preocupações, não a enxergava.


Enquanto esta se ocupava com o urgente necessário, no caso a refeição a ser feita, Maria ocupava-se do ÚNICO importante, da presença de Cristo no meio delas. Maria reconheceu que acima das coisas urgentes que se lhe apresentavam, o MAIS IMPORTANTE, O ESSENCIAL estava ali: JESUS, aquele que é o "mais Belo entre os filhos dos homens, e que de seus lábios se derrama Graça" (Sl 44,3).


Maria escolheu a melhor parte!




Em resumo, convém a nós ter sempre no coração esta tão sutil, mas importantíssima diferença a não perder o importante por causa do urgente, como aconteceu com os convidados da nossa parábola e com Marta.Peçamos, para isto, o grande dom do discernimento, a fim de nunca trocarmos o essencial pelo importante.

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