Deus é Pai. Nessas três palavras está contida toda a grandeza da divina misericórdia. E, para ser mais preciso, devo acrescentar: Deus não é apenas um pai, mas um pai e uma mãe ao mesmo tempo.
Ninguém é pai ou mãe como Deus!
Eis o amor paterno, tal qual a natureza o dá aos verdadeiros corações de pai nesta Terra.
Mas Deus tem sua maneira de ser pai e mãe ao mesmo tempo, que excede infinitamente tudo isso.Em latim se diz: "Nemo tam pater, tam mater nemo": ninguém é pai, ninguém é mãe como Ele. E Ele mesmo nos diz, por meio da mais brilhante voz dos profetas do Antigo Testamento, Isaías: "Pode uma mãe esquecer-se do seu filho e não ter piedade do fruto de suas entranhas? Pois bem, mesmo que isto acontecesse, Eu não te esquecerei" (Is 49, 15).
Nada é mais instrutivo, sob este ponto de vista, que a história do profeta Jonas. Incumbido por Deus de fazer aos ninivitas o anúncio dos castigos divinos, o profeta primeiro se esquiva de sua missão e procura fugir para o ocidente dos mares, quando deveria partir para o oriente. Conduzido à força a Nínive, pela vontade do Alto, ele começa a percorrer as ruas da grande cidade, gritando com força e convicção: "Daqui a quarenta dias Nínive será destruída" (Jn 3,4).
Eis como Deus entendia seu papel de Pai. Mas seu amor de Pai, sua misericórdia, iriam ainda revestir-se de uma forma capaz de lançar nossos espíritos e nossos corações em maravilhamentos sem fim. Deus assombrosamente manifestou seu amor em Seu Verbo.
A Encarnação, a Redenção, esses prodígios de amor do qual - diz-nos o Apóstolo - ninguém nesta terra jamais saberá toda a altura, toda a largura, toda a profundidade desta misericórdia...eis a verdadeira medida da misericórdia de Deus por nós!
Grande, ela o é no tempo. Salvo razões muito especiais, ela deixa aos homens, aos pecadores, o tempo de reconhecer sua culpa, de se converter, de se resgatar: "Eu não me comprazo com a morte do pecador, mas antes com a sua conversão, de modo que tenha a vida" (Ez 33,11).
Enfim, grande é a misericórdia divina na multidão de suas operações, de suas comiserações. Que chuva, que dilúvio de graças naturais e sobrenaturais ela derrama cada dia sobre cada um de nós, a cada instante do nosso dia!
Cada novo instante acrescentado à nossa vida, cada batida de nosso coração é, portanto, um benefício da misericordiosa Providência do Criador. Sua misericórdia está sem cessar em atividade em torno de nós. Quem contará essas maravilhosas atenções e operações da misericórdia em relação a nós?
Ora, esses benefícios naturais, por mais abundantes que sejam, são talvez infinitamente menos numerosos que os socorros sobrenaturais prodigalizados à nossa alma: Graças atuais de luz, de força, de resignação, de compunção...Diante desta meditação só posso exclamar: -Senhor,que sei eu? Quem dirá o que foi preciso de graças para povoar o Céu de todos os santos que lá reinam com Deus, dos quais um grande número é de indignos pecadores?
Ninguém é pai ou mãe como Deus!
O amor paterno de Deus é aquele que se aplica sobre quem não existe ainda, desejando ardentemente dar- -lhe a vida. É o amor que envolve o homem com sua força, depois de tê-lo gerado; o amor que vela a todos os instantes do dia e da noite, previne todos os perigos, apoia todos os pequenos passos desse ser frágil que tenta andar, dirige-o, suporta-o, faz-se pequeno com esse pequeno, à espera da hora de fazer-se heroico e de imolar-se, se for preciso; o amor que às vezes corrige, mas muitas vezes mais perdoa, e não pune senão para fazer merecer o perdão;
O amor que ama até o fim e que, menosprezado, insultado, amaldiçoado, acompanha, apesar de tudo, até o extremo e com um olhar de terno apego, o filho mau e culpado; o amor, enfim - último traço que remata a pintura - que esquece sua honra de pai ultrajado, seus direitos profanados pela mais negra ingratidão, pela mais indigna conduta, para correr, ele, o ofendido, rumo ao ofensor, se vê de longe o filho pródigo voltando para ele arrependido.
Eis o amor paterno, tal qual a natureza o dá aos verdadeiros corações de pai nesta Terra.
Mas Deus tem sua maneira de ser pai e mãe ao mesmo tempo, que excede infinitamente tudo isso.Em latim se diz: "Nemo tam pater, tam mater nemo": ninguém é pai, ninguém é mãe como Ele. E Ele mesmo nos diz, por meio da mais brilhante voz dos profetas do Antigo Testamento, Isaías: "Pode uma mãe esquecer-se do seu filho e não ter piedade do fruto de suas entranhas? Pois bem, mesmo que isto acontecesse, Eu não te esquecerei" (Is 49, 15).
Nada é mais instrutivo, sob este ponto de vista, que a história do profeta Jonas. Incumbido por Deus de fazer aos ninivitas o anúncio dos castigos divinos, o profeta primeiro se esquiva de sua missão e procura fugir para o ocidente dos mares, quando deveria partir para o oriente. Conduzido à força a Nínive, pela vontade do Alto, ele começa a percorrer as ruas da grande cidade, gritando com força e convicção: "Daqui a quarenta dias Nínive será destruída" (Jn 3,4).
Mas o Senhor pretendia destruir essa cidade somente se ela perseverasse em sua malícia.
Ora, os ninivitas fizeram penitência sob o cilício e a cinza. Deus então os perdoou, e isso causou ao profeta grande cólera: "Eu bem o sabia" - exclama ele - "e por isso eu queria fugir para Társis. Eu sabia bem que Vós me faríeis ameaçar em vão e que pouparíeis esse povo. Porque Vós sois um Deus clemente, misericordioso, paciente, de uma compaixão extrema. Agora, Senhor, tirai-me a vida, porque é-me penoso viver depois do que acabo de ver" (Jn 4, 1-3).
"Pensas tu que é justa tua cólera?" (Jn 4,4) - responde-lhe simplesmente o Eterno. E Ele conduz Jonas para fora da cidade, do lado do nascente. Jonas ali se instala sob um espesso arbusto de mamoeira, miraculosamente preparada por Deus para resguardá- lo dos raios abrasadores do Sol.
"Pensas tu que é justa tua cólera?" (Jn 4,4) - responde-lhe simplesmente o Eterno. E Ele conduz Jonas para fora da cidade, do lado do nascente. Jonas ali se instala sob um espesso arbusto de mamoeira, miraculosamente preparada por Deus para resguardá- lo dos raios abrasadores do Sol.
Mas, durante a noite o Senhor faz secar a planta protetora, de maneira que o Sol, tornando a subir ao céu de manhã, dardejasse seus raios sobre a cabeça do profeta. Grande aflição deste, que de novo deseja a morte.
"Ah, bem!" - diz-lhe o Senhor - "tu te afliges e te irritas pela perda de uma planta que não plantaste, nem cultivaste, e Eu faria perecer toda esta multidão de homens de Nínive dos quais sou o Criador e o pai?" (Jn 4,10).
"Ah, bem!" - diz-lhe o Senhor - "tu te afliges e te irritas pela perda de uma planta que não plantaste, nem cultivaste, e Eu faria perecer toda esta multidão de homens de Nínive dos quais sou o Criador e o pai?" (Jn 4,10).
Eis como Deus entendia seu papel de Pai. Mas seu amor de Pai, sua misericórdia, iriam ainda revestir-se de uma forma capaz de lançar nossos espíritos e nossos corações em maravilhamentos sem fim. Deus assombrosamente manifestou seu amor em Seu Verbo.
Ele irá muito longe em seu amor por nós- oh! mistério adorável e três vezes incompreensível! - ao ponto de ir "contra" seu ser de Pai, se podemos dizer assim, e mesmo no imenso Amor que une-O a seu Filho Unigênito, entregá-o a nós como Vítima, para que, em seu sangue, se opere nossa Redenção.
A Encarnação, a Redenção, esses prodígios de amor do qual - diz-nos o Apóstolo - ninguém nesta terra jamais saberá toda a altura, toda a largura, toda a profundidade desta misericórdia...eis a verdadeira medida da misericórdia de Deus por nós!
Será demais, então, repetir com o Salmista que grande é a misericórdia divina, grande a multidão de suas compaixões? Grande e infinita é sua misericórdia no espaço. Ela se estende a todos, não exclui ninguém."Senhor, vossa bondade chega até os céus" (Sl 35,6); "acima dos céus se eleva a vossa misericórdia" (Sl 107,5).
Ora, da mesma forma que a abóbada celeste nos envolve a todos, e de todas as partes, assim é a divina misericórdia.
Ora, da mesma forma que a abóbada celeste nos envolve a todos, e de todas as partes, assim é a divina misericórdia.
Enfim, grande é a misericórdia divina na multidão de suas operações, de suas comiserações. Que chuva, que dilúvio de graças naturais e sobrenaturais ela derrama cada dia sobre cada um de nós, a cada instante do nosso dia!
Cada novo instante acrescentado à nossa vida, cada batida de nosso coração é, portanto, um benefício da misericordiosa Providência do Criador. Sua misericórdia está sem cessar em atividade em torno de nós. Quem contará essas maravilhosas atenções e operações da misericórdia em relação a nós?
Ora, esses benefícios naturais, por mais abundantes que sejam, são talvez infinitamente menos numerosos que os socorros sobrenaturais prodigalizados à nossa alma: Graças atuais de luz, de força, de resignação, de compunção...Diante desta meditação só posso exclamar: -Senhor,que sei eu? Quem dirá o que foi preciso de graças para povoar o Céu de todos os santos que lá reinam com Deus, dos quais um grande número é de indignos pecadores?
Para um só pecador - seja para um Santo Agostinho, uma Santa Madalena, ou até mesmo cada um de nós- quem dirá o oceano de Graças com o qual Deus o inunda para reconduzi-lo a Si?
À vista desta grande, desta grandíssima misericórdia do Senhor, não hesitemos mais! Vamos até Ele com confiança. Quaisquer que sejam nossos pecados, mesmo nossos crimes, por mais arraigados que sejam nossos hábitos culposos, por mais desesperadoras que sejam nossas misérias, vamos, despojemo-nos de todo temor, e lancemo-nos nas mãos da divina misericórdia.
Corramos, pois, a esta infinita Misericórdia!
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