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quarta-feira, 2 de maio de 2012

O Amor e a imperfeição: Dois paradoxos?



Certa tarde, como de costume, olhando o céu e tentando descrever as possíveis formas nas nuvens me veio um pensamento que me tirou a atenção: -“Deus, nosso “Abba”, o Pai, nos ama apesar da nossa imperfeição”.

Esse pensamento me encheu de alegria, mas fiquei a pensar em momentos em que minhas imperfeições, e até meus pecados, fizeram pessoas que considerava importantes em minha vida por assim dizer, me "abandonarem", desistirem de mim.




Pensei: Deus me ama apesar da minha imperfeição e sou indigno do amor de seres imperfeitos como eu? Porque nós sempre queremos perfeição dos demais ao nosso redor quando nós mesmos não a possuímos?


Certo dia veio até minha casa um amigo e filho espiritual, parecia um pouco nervoso e atordoado. Perguntei-lhe:- Esta passando bem? Sente-se.

Ainda atordoado, olhou-me e disse já em prantos:- “Ela me disse que não me ama mais! Ela disse que meus defeitos e imperfeições não a deixavam me amar”. Vi em seus olhos dor e um pedido de abraço. Abracei-lhe.

Fiquei horas pensando na última frase dita por esse amigo: “Ela disse que meus defeitos e imperfeições não a deixavam me amar.”.

 


Percebo o quanto nosso amor humano é limitado, condicional, imperfeito. Amamos sempre com um “se”, um “porque” ou um “quando”. Quando não nos abrimos a essa realidade do amor de Deus, como nosso amor humano é mesquinho, pequeno, ou melhor, nem mesmo pode ser chamado de amor, mas sim, egoísmo disfarçado.

Penso que essa resposta dada a meu amigo foi uma simples desculpa, mais vamos pensar que seja verdade. Essa moça poderia não conhecer-se e não aceitar-se, e por isso rejeitou as imperfeições do meu amigo, ou será uma mulher perfeita que tantos homens estão à procura?


Sabemos de nossas imperfeições e que nosso próximo também as possui. No livro de Mateus, um doutor da lei indaga Jesus:


“Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus22,34-37).


O amor é antes de tudo, um dom que desfrutamos da graça de Deus e que deveríamos agradecer por termos a liberdade de amar. Amar o próximo com a mesma intensidade com a qual Deus nos ama em seu Amor gratuito, sem cobrar uma perfeição pré-existente de quem quer que seja.


Quando o amor está presente, falamos de nossas imperfeições de modo que possamos entender o próximo sem julgá-lo. Não é o perfeito, mas o imperfeito, que precisa de amor.





 


E justamente quando se vê a imperfeição que entra o amor. Não existe amor sem abraçar o imperfeito no outro. Enquanto eu não aceito o limite do meu próximo, não sou capaz abraçar o ilimitado amor de Deus por mim.


O amor e as imperfeições não são paradoxos, mas sim realidades que se abraçam quando coexistem. Sem o amor é impossível aceitar a imperfeição do outro, por isso mesmo não perdoamos os que erram conosco, porque não existe amor em nós.


Quando amamos o perdão é algo natural, e especialmente, a decisão, mesmo com os limites e imperfeições.




Precisamos do amor para que possamos viver em paz, em paz conosco mesmo, com o próximo e precisamos mais ainda do amor de Deus.

Feche os seus olhos e pense no seu próximo, pense que ele erra como você e eu. E apenas ame-o

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