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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um estudo sobre o SANTO DOS SANTOS na Sagrada Escritura

 A expressão em hebraico "Santo dos Santos" é uma tradução literal de um superlativo, como acontece em: "Servo dos servos" (Gn 9,25); "Sábado dos sábados" (Ex 31,15), "Céus dos céus" (Dt 10,14), "Deus dos deuses" (Dt 10,17), "Senhor dos senhores" (Dt 10,17), "Vaidade das vaidades" (Ecl 1,2), "Cântico dos cânticos" (Ct 1,1), "Príncipe dos príncipes" (Dn 8,25).
A parte mais interior (ocidental) do tabernáculo sagrado (Êx 26,33s) e, posteriormente, do templo (1Rs 6,16ss; 7,50; 2Cr 3,8ss; 4,22) é chamada de “santo dos santos” na literatura vetero-testamentária. No tempo de Moisés (século XIII a.C.) havia o “santuário do deserto”, a mishkan (“Habitação”), ou “Habitação da Tenda da Reunião”, segundo a tradição sacerdotal. 
Era desmontável, adaptado aos deslocamentos no período nômade. Não há descrições exatas a seu respeito. O texto de Êx 26,31ss nos transmite que havia um “véu de púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino retorcido”, com um “bordado com figuras de querubins”; estava sobre “quatro colunas de acácia recobertas de ouro, munidas de ganchos de ouro, assentadas sobre quatro bases de prata”.

 E determina: “O véu vos servirá de separação entre o Santo e o Santo dos Santos”(v. 33). E ainda: “Porás o propiciatório sobre a arca do Testemunho, no Santo dos Santos”. Do lado de fora ficavam o “candelabro” e a “mesa”A finalidade do véu é proteger o lugar mais sagrado para o povo de Deus. Somente o sumo sacerdote entrava ali, no grande dia da Expiação (Lv 16; cf. Hb 9,6-14; 13,11). Êx 25,17-22 nos demonstra que o “propiciatório” (kappôret, da raiz kapar = “cobrir”/ “fazer a expiação”) era o ponto mais sagrado de todo este espaço, de modo que 1Cr 28,11 chama o Santo dos Santos de “sala do propiciatório”. Ali está o “trono da misericórdia”.
 
A mesma separação se dará alguns séculos depois no Templo de Salomão (séc. X a.C.): “...e fez para o Templo o Debir, ou Santo dos Santos” (1Rs 6,16 – Debir: “diante de mim”). Nele ficava a “Arca da Aliança de Iahweh”. Tinha a forma cúbica (20 x 20 x 20 côvados = 9 x 9 x 9 metros) e era revestido de “ouro fino”. 

O cubo era considerado a forma mais perfeita (cf. Apoc 21,16). Havia perto um “altar de cedro” coberto de ouro e “correntes de ouro”. Dentro do Debir ficavam “dois querubins de oliveira selvagem”, de 4,5 metros de altura cada um, no centro da sala. Havia na entrada batentes de madeira decorados, uma “cortina” com as mesmas características da anterior, duas colunas encimadas por um capitel e decoradas por guirlandas. O Templo de Salomão era composto de 3 partes sucessivas: o Vestíbulo (Ulam), o Santo (Hekal – sala de culto) e o Santo dos Santos (Debir).




No judaísmo atual, o dia de Expiação é celebrado em 10 de Tishrei (setembro-outubro). Tem a duração de 25 horas, tanto na diáspora quanto em Israel. O branco que o rabino e o canto vestem (como as cortinas e as toalhas das sinagogas neste dia) recordam as vestes sacerdotais, de linho branco, usadas para entrar no Santo dos Santos, simbolizando a pureza e a morte.

O Santo dos Santos descrito pelos textos do Antigo Testamento se assemelhava à cella ou ao adyton dos templos babilônicos e egípcios, onde estava a imagem do deus venerado. A diferença é que a revelação judaica transmite a idéia da santidade absoluta do Deus único (Iahweh), que não admite representações de sua figura.
 No Santo dos Santos esteve, até a destruição de Jerusalém em 587 a.C., a Arca da Aliança; além de sua função religiosa, sua presença ali simbolizava “a associação de Iahweh com a residência real da linhagem davídica” (Fohrer: 259). 
O texto de Hebreus 9,3-5 (talvez do ano 67 d.C.) alude a outros objetos sagrados que estariam também lá (o altar de ouro para perfumes, o vaso de ouro com o maná, o bastão de Aarão, as tábuas da aliança). O historiador judeu Flávio Josefo fala também do Templo (cf. Antig. Jud. iii. 6, §§ 4, 5; viii. 3, § 2: “mármore branco”). Recorda que Pompeu (63 a.C.) quis profanar o Templo entrando no Santo dos Santos.
Em sua visão do Templo futuro, Ez 41,3-4 usa também a expressão “Santo dos Santos”. Os capítulos 40-48 de Ezequiel (séc. VI a.C.) apresentam o plano minucioso de reconstrução religiosa e política da nação israelita na Palestina. O profeta se inspira no passado, que ele bem conheceu, mas esforça-se por adaptar a legislação antiga às novas condições e tirar proveito das experiências recentes. 
No Segundo Templo (inaugurado após a volta do exílio, em 515 a.C.), detalhes da construção não foram preservados nos escritos bíblicos. Sabe-se apenas que o Santos dos Santos foi modificado, particularmente após o saque e profanação promovidos por Antíoco em 169 a.C. (cf. 1Mc 1,22; 4,51); parece que havia apenas uma pedra para o incenso (cf. Flávio Josefo, "B. J." v. 55; Yoma v. 2), e era fechado por uma dupla cortina (o véu do Santuário – Lc 23,45). Fora reedificado por Herodes em bases completamente novas, e destruído em 70 d.C. Em nossos dias alguns sonham em construir um Terceiro Templo.

Somente o Sumo Sacerdote, no dia da Expiação (Yom Kipur), podia ingressar no Santo dos Santos (ou também “Kadosh Hakadashim”). Entrava descalço, de cabeça baixa, em silêncio. Ali devia derramar o sangue de um carneiro previamente imolado, ao mesmo tempo que queimava incenso aromático. 

Com o sacrifício de Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, que livremente se deixou crucificar para nos redimir (segundo nosso calendário atual, deu-se no dia 7/04/ano 30 d.C.), todos estes ritos se revelam apenas como uma preparação (typos, figura) do único e eterno sacrifício de Cristo, para sempre presente entre nós (cf. Mt 28,20), particularmente na Eucaristia (cf. Jo 6). Por isso o véu do templo se rasga com a morte de Cristo, pois agora o perdão não se restringe mais a um dia no ano, mas a todos os tempos e épocas.

Um comentário:

Marian disse...

¡Feliz Pascua de resurrección!
¡ALELUYA!
Ha resucitado nuestro Amor nuestra
Esperanza.
Dios le bendiga.