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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A Cruz como ela é...




Estou tendo uma forte experiência com a Cruz nesses tempos. Experimento que a Cruz, de perto, não é tão bela quanto a minha imaginação supunha, ao desejá-la de longe. A Cruz é feia, áspera, rude. Ao mesmo tempo a cruz é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens. A cruz dos tempos romanos não sabia o que era fazer acordos; nunca fez concessões. 



Ela vencia todas as suas discussões matando seu oponente e silenciando-o para sempre. Não poupou a Cristo, mas assassinou-o violentamente como o fez aos demais. Ele estava vivo quando o penduraram naquela cruz e completamente morto quando o retiraram dali, seis horas depois. Isso era a cruz na primeira vez em que apareceu na história cristã...


A cruz sempre cumpre sua finalidade destruindo um padrão estabelecido, o da vítima, e criando outro padrão, o seu próprio. Assim, as coisas sempre saem como ela quer. Ela vence ao derrotar seu oponente e impor sua vontade sobre ele. A cruz sempre domina. Nunca entra em acordos, nunca faz trocas nem concessões, nunca cede um ponto a favor da paz. Ela não se importa com a paz; importa-se apenas em terminar mais rapidamente possível a oposição contra ela.

Com perfeito conhecimento de tudo isso, Cristo disse: 'Se alguém quiser vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me'. Então, a cruz não somente trouxe um fim à vida de Cristo, mas também à primeira vida, a vida velha, de cada um dos seus verdadeiros seguidores. A cruz destrói o padrão antigo, o padrão de Adão, na vida do discípulo de Cristo e o traz a um fim. Então, o Deus que ressuscitou Cristo dos mortos, ressuscita aquele que uniu-se a Cristo na Cruz, e uma nova vida começa.


Isso, e nada mais, é o verdadeiro seguimento de Cristo. A cruz nos desnuda em nossos idealismos e nos coloca à frente dos olhos a realidade da vida, que deve ser vista sob o prisma do olhar do amor: um amor que é tudo ou nada. Um amor como disse Kahlil Gibran, um poeta árabe:



"Quando o amor vos chamar, segui-o,Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos; E quando ele vos falar, acreditai nele, Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos. Como o vento devasta o jardim. Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, Assim ele vos crucifica. E da mesma forma que contribui para vosso crescimento, Trabalha para vossa queda. E da mesma forma que alcança vossa altura E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol, Assim também desce até vossas raízes E as sacode no seu apego à terra. Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração. Ele vos debulha para expor vossa nudez. Ele vos peneira para libertar-vos das palhas. Ele vos mói até a extrema brancura. Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis. Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino.Todas essas coisas, o amor operará em vós".



A Cruz nos interpela a fazermos algo em relação a ela. Não nos permite que estejamos indiferentes. E só podemos fazer uma de duas coisas - fugir da cruz, ou morrer nela.

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