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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Quando a miséria do homem encontra-se com a Misericórdia de Deus..meditação sobre o Evangelho da mulher adúltera

O cenário está todo preparado: Os fariseus, a mulher adúltera e Jesus (Jo 8,1-11)


Os fariseus, homens que trazem pedras nas mãos, mas, sobretudo,as trazem em seus corações, julgam e condenam o pecado da mulher. Não...a solução não é condenar, apedrejar, difamar, humilhar, mas quão longe estavam da verdade aqueles corações duros.





Fico pensando no que se passava na cabeça daqueles homens ao condenar aquela mulher.Talvez se achassem justos, ou até quisessem que ela morresse para que seu pecado não fosse revelado. Questiono-me se eu tantas vezes não faço parecido, ou até pior com meus irmãos. Em mim talvez habite um fariseu sempre pronto a apontar o pecado alheio! Sou fariseu quando me esqueço do meu próprio erro, quando não sou capaz de acolher o outro sendo-lhe um apoio, levantando-o da queda e motivando-o ao recomeço.



Todos culpam a mulher em farrapos no chão, todos a condenam, mas a pior condenação talvez seja a que ela faz de si mesma. Já não tem expectativa, sonhos ou planos... para ela a morte já é certa, ou melhor, já vivia na "morte" há muitos anos. Talvez pensasse que aquelas pedras acabariam com todo aquele sofrimento de anos vendendo-se, humilhando-se, denegrindo-se.As pedras já haviam sido jogadas em seu interior, o rosto já estava desfigurado, retratando o cansaço da vida ingrata que vivera até aquele momento. Já estava apedrejada pelo olhar dos que viam nela somente um objeto, um lixo sem valor... aliás, ela mesma se via assim.



Esta mulher está agora ai, ajoelhada, ferida, humilhada na sua dignidade. Não reclama, não pede clemência, não resiste... será que ela achava justa a sentença de morte para ela? Talvez não tivesse forças para lutar por uma vida que para ela não valia a pena. Quantas palavras de maldição e agressão não terá escutado naquela roda onde sua vida estava em jogo? Palavras que feriam bem mais que as pedras, palavras que julgam, condenam, que humilham. Quantos de nós já não sentiram a dor destas palavras também?



Na sua vida nunca havia escutado uma palavra que a pudesse perdoar, acolher, corrigir, educar. Mas eis que agora está ali, cercada pela morte e sobrecarregada pelos seus erros..Seu silêncio é cortante. Cala, talvez, confessando nela o seu crime."Sim," ela diz em seu coração, "eu mereço a morte, já não sou digna de viver".

Mas diante dela está um Juiz diferente. Para Ele, o réu confesso tem garantia de liberdade...



Ali está Jesus. Aquele que veio ao mundo não para condenar o mundo, mas para resgatar o homem em sua dignidade de filho de Deus. Ele é o Juiz desta mulher. Mas diferente dos seus acusadores, ela encontra Nele gesto e olhar que exalam amor. Como é feliz quem encontra-se com esse olhar capaz de humanizar-nos na totalidade do nosso ser, capaz de olhar em nós a beleza tão desfigurada por nosso pecados. Que bendito olhar esse de Jesus para a pecadora. É o olhar com o qual Ele olha todos os homens em todos os tempos.
Jesus, a mulher e os fariseus... ali, representado naquela mulher, está todo homem pecador, no confronto entre a Lei e o Amor. Fariseus questionam a Jesus, o pressionam: "Vamos, condene! Essa mulher não tem perdão! Está na Lei, ela deve morrer...não há o que discutir, só há uma saída: apedrejar esta imundície em forma de gente!" Jesus cala. Abaixa-se e escreve. O que escreve o Senhor no chão? 



Creio que ele escreveu no chão o Evangelho da misericórdia para todo aquele que cai. Lá, no chão da nossa vergonha, do nosso erro, está escrito que Ele nos ama! E essa leitura nos faz querer levantar. Sim, no chão onde estava aquela mulher ele escreve o seu nome e todos os seus pecados, um a um... mas depois que ele os viu, apagou-os...só deixando o nome daquela mulher.Sim, o que importa para Ele é ela...ele apaga esses pecados em sua misericórdia, pois o Amor de Deus desceu até o chão onde o homem estava caído para soerguê-lo. 



Mas uma vez eles insistem, e da boca do Rei de misericórdia sai a sentença: "Quem não tem pecado que atire a primeira pedra". Esta sentença não condenou a mulher, mas sim aqueles que a acusavam. Ninguém ousou atirar contra a pecadora, foram saindo de mansinho, culpados por sua própria consciência. Esta sentença também foi o preço da vida daquela que não tinha mais esperança. Não é a Lei que salva, mas o Amor... e foi o Amor quem a levantou do chão.

Os fariseus foram embora, e agora só restou Jesus e a mulher. Que encontro! A miséria diante da Misericórdia. Ela recebe Dele um olhar único! Nenhum homem a olhou assim."Quem é este que me olha como pessoa, quem é esse que me vê como algo sagrado, quando sou só sujeira e pecado?" Deve ter pensado. Sente-se tão acolhida como nunca na sua vida. Um olhar profundo, cheio de Misericórdia, que tinha a intenção de resgatar nela a dignidade perdida pelos depredadores de sua alma. 


Quanto falou aquele olhar para ela. Mais que mil palavras! No olhar de Jesus não há malícia, não há condenação, mas, ao contrário, acolhida e compaixão. Sente-se pela primeira vez constrangida e envergonhada diante de um homem. "Quem te condenou, mulher?" Diz, com um sorriso nos lábios. "Ninguém, Senhor", responde timidamente. "Nem Eu te condeno... vai e não tornes a pecar"." Absolvida! Eu, absolvida! Como?" Deve ter exclamado interiormente. Agora sentia-se diferente. Aquelas palavras tiraram o peso de todos os erros da sua vida. Ela sente-se em paz... uma paz que ela nunca experimentara. 


Neste Evangelho, de modo particular, devemos sentir esse carinho misericordioso e acolhedor de Deus por nós.Assim as pedras que trazemos na mão, ora para jogar nos outros, ora para jogar em nós mesmos, desaparecerão. Elas darão lugar à Misericórdia no solo do nosso coração. E quanto as pedras que os outros querem nos jogar? Não se pode evitar o julgamento do outro, existindo ou não o erro. O que pode ser feito é deixar-se olhar, como esta mulher, pelo olhar que redime, que salva, que anima, que perdoa, convence e ama.

Eis o olhar de Jesus: Olhar de Misericórdia...olhar que nos diz: "Levanta! Eu te perdoo...sempre é tempo de recomeçar".



Um comentário:

Daniela Norma disse...

Eis o olhar de Jesus: Olhar de Misericórdia...olhar que nos diz: "Levanta! Eu te perdoo...sempre é tempo de recomeçar".

Obrigada por estas palavras uma boa e santa Pascoa !!